Rubby Crow

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*Riin*

Aquilo me irritou feito um louco. Joguei o papel no lixo e coloquei a roupa dela no banco que ficava a frente do chuveiro junto a uma toalha e voltei para os armários.

Em poucos minutos ela apareceu. Seu semblante era triste e seu cabelo estava uma loucura, mas inesperadamente ela começou a rir como uma completa psicopata.

-Pirralha? -perguntei assustado.

-Irônico, não é? -ela parou de rir e tomou ar segurando às lágrimas - Eu... sou a droga de uma Death Fairy que era para ser poderosa mas na verdade sou fraca que tenta sobreviver camuflada a ideia de que sou inteligente, sou uma Death Fairy estúpida que teme a morte, que sente medo de TUDO, sou um ser que não consegue revidar a um humano porque enfiaram na minha cabeça que não posso e quando finalmente acreditei na possibilidade de que finalmente descobri quem eu realmente sou... Descubro que na verdade não passo de um recipiente para alma e personalidade de uma pessoa que eu sequer conheço. Eu não sei quem eu sou -ela falava entre soluços, pausas, batidas com o pé no chão e suas mãos estavam segurando sua cabeça em negação -Pode ser que eu realmente seja apenas uma "vadia inútil".

-Rubby... - falei tentando me aproximar mas ela recuou.

-Não me chame assim! - ela gritou -Eu não sei quem eu sou, não me chame por um nome assim, um nome qual deveria pertencer a alguém que não sou eu! -as lágrimas que ela insistia segurar, finalmente escorreram -Olha! Até a mesmo as dolorosas lágrimas que haviam me abandonado voltaram.

Fui andando em sua direção, mas ela recuava até que ela finalmente encostou suas costas  na parede. Passei meus dedos em suas bochechas para secar as lágrimas o que foi bem inútil. Eu já estava irritado com a minha completa impotência sobre a situação e inconscientemente acabei a puxando pelos ombros e a abracei, ela tentou me empurrar mas não conseguiu, então logo correspondeu o abraço e encostou a cabeça em meu peito escondendo seu rosto.

-Você é você. Você é a pirralha insolente, boca suja e arrogante. A garota que desafia a morte e o próprio destino. Foda-se Richard, Foda-se Elien, Foda-se quem fez isso com você, Foda-se suas amigas, Foda-se para mim mim, Foda-se para os meus irmãos, Foda-se tudo. FODA-SE! FODA-SE! FODA-SE! FODA-SE -gritei e gritei mesmo. Eu estava completamente irritado com tudo e todos, eu queria vê-la sorrir novamente e resplandecer como o rubi imponente que era. Ela apertou mais o abraço e ficamos assim por um tempo.

Esperei até ela se acalmar o que durou algo por volta de uns cinco minutos. Ela me olhou e sorriu forçadamente.

-O que eu devo fazer? O que eu devo ser? Riin? -ela me perguntou.

-Seja quem você quiser ser -limpei a lágrima que escorria em seu rosto.

Ela me olhou brevemente e depois olhou para baixo, segundos depois, levantou a cabeça e me olhou com AQUELES olhos. Os olhos imponentes que brilhavam como jóias caras e maravilhosas. Rubby Crow esta de volta.

-Vamos botar para lascar, baby -isso mesmo pirralha.

-Mais é claro! -falei no meu tom mais malicioso o possível.

Fomos andando até o pátio afinal o intervalo já tinha começado. Ela usou uma pequena magia de ilusão que fez sumir a vermelhidão em seus olhos de tanto chorar.

Paramos de frente a mesa onde as amigas dela estavam sentadas e de frente a deusa da morte que a olhava confusa, puxou uma faca de mesa pequena e cortou sua própria mão fazendo aquele maravilhoso sangue escorrer e depois cravou a faca na frente da mesma. Lógico que eu sabia o que aquilo significava.

-Estou saindo da sociedade mágica. Avisem isso ao chefinho de vocês -ela falou rápido e saiu rápido.

Puxei sua mão ferida (que já havia regenerado) e coloquei sobre meus lábios, para as outras pessoas àquilo pareceu um simples beijo na mão, mas na verdade foi um raro e maravilhoso momento onde posso usufruir do estonteante sangue daquela pequena garota. Claro que curiosos estavam nos olhando, mas eu não liguei e quando já estávamos saindo do pátio escutei um voz muito doce chamar a pirralha quando nos viramos, saquei de quem era a voz:

-Samarah -disse a pirralha com um sorriso estranho no rosto.

-Rubby querida, podemos conversar ? -perguntou Samarah.

-Mas é claro -respondeu desanimada.

Seguimos andando até um local mais afastado e a Samarah se pronunciou:

-Primeiro eu gostaria de saber se vocês dois estão namorando?

-Isso não interessa a você -respondi.

-Realmente né? Me desculpe Riin, mas poderia nos deixar as sós? -perguntou a Samarah e a minha resposta foi apenas sair do local.

Se bem que eu estava curioso então apenas me escondi e fiquei observando e escutando tudo.

-O que você quer?  -perguntou a pirralha.

-É assim que se fala comigo agora sua vadia imunda -disse a Samarah dando um tapa realmente forte para uma humana no rosto da pirralha o que quase me fez sair de onde eu estava e quase não acreditei que logo a Samarah fizesse aquilo.

A pirralha lhe olhou de volta enfurecida e com o punho bem cerrado deu-lhe um belo e grande soco no rosto de Samarah que a fez cair no chão incrédula com o que havia acabado de acontecer.

-Você não é grande coisa, sua vadia miserável -disse Rubby cuspindo para o lado e vindo em  minha direção.

***

*Rubby*

Quando cheguei em casa comi alguma coisa, tomei um longo banho quente na maravilhosa banheira, ao sair coloquei o imenso roupão e fui para o quarto porque a lesada aqui esqueceu de levar a roupa para o banheiro.

*Narrador*

Rubby verificou se havia alguém no quarto e após confirmar a ausência de vida se posicionou em frente ao espelho e retirou seu roupão ficando apenas com suas roupas íntimas e ao olhar para seu reflexo viu suas pernas, suas vergonhosas e horríveis pernas. Elas eram repletas de queimaduras e cicatrizes quais seu fator de regeneração excessivo não conseguia curar sozinho. Eram repletas de dor e memórias agonizantes de seu passado da quais elas implorava para esquecer, mas aquele reflexo mostrava que isso era impossível. A jovem se virou e colocou sua grossa meia-calça preta e a grande blusa pertencente à Riin.

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