24- O som do desespero

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Permaneci ali, sentada e cabisbaixa até que o sinal tocasse, anunciando que era hora de voltar para a classe. Me encolhi mais, abraçando forte os meus joelhos e respirei fundo, sentindo meu corpo pesar, dando indícios que eu não sairia dali tão cedo. Por que as coisas tinham que ter acabado assim? Droga... Minha pouca vontade de assistir as aulas desapareceu, e a possibilidade de dar de cara com Armin de novo era tão grande que eu comecei a sentir medo. Então, fiquei no depósito até o período escolar acabar e eu finalmente me sentir segura o suficiente para ir pra casa. Me levantei, ajeitando minhas roupas e cabelo e suspirei, logo segurando a maçaneta de forma trêmula, fechando os olhos enquanto a girava e abria a porta, dando meus primeiros passos para fora do local. O corredor se encontrava em silêncio! Pelo jeito, todos já haviam ido embora e somente eu e os funcionários permanecemos. Me senti mais tranquila e comecei a andar rumo a saída, avoada, me lembrando do que me levou à aquela situação.

"Será que essa foi mesmo a melhor decisão?..."

-Ambre!

-AH!- Senti alguém segurar meu pulso e gritei no susto, me virando.

-Calma, sou eu! – Nathaniel olhou em meus olhos e esperou eu me acalmar.

-N-não me assuste assim do nada... – Eu ofegava levemente, o olhando.

-Desculpe... Eu estava te esperando, até você passar reto por mim. Foi impulso! – Ele fez uma pausa, e logo continuou.- Aconteceu alguma coisa?

-...Por que a pergunta?...

-Você está estranha... Além do mais, olhe a hora em que está indo embora! Se eu não tivesse ligado para o Félix para perguntar, acabaria indo pra casa sem você... Estava preocupado! Onde estava?

-... – Desviei o olhar para o chão, ajeitando minha blusa.- No depósito de materiais de limpeza...

-Mas... Por quê?

-... E-eu estava dormindo... Não aguentei ficar escutando os professores falando...

Menti.

-Ah, Ambre... Não é bom pra você ficar fazendo isso... Pode repetir por faltas também sabia? E não adianta nada ficar estudando só em casa, tem que usar o que aprendeu aqui também... Além de que isso vai te ajudar mais e...

Abaixei a cabeça, ouvindo suas palavras que, por mais preocupadas que demonstravam ser, também eram ditas de forma firme. Ou seja, uma 'bronca'. Ele provavelmente achou que estava exagerando (mesmo que eu merecesse), por isso, parou de falar e se aproximou, me abraçando.

-Bom, isso não importa mais agora... De qualquer forma, saiba que estarei aqui caso precise...

-Nath... – Me encolhi em seus braços.

-Mas não 'suma' assim sem avisar, okay?

Assenti, quieta, e fechei os olhos deitando minha testa em seu peito, aproveitando aquele ato de carinho que agora ele compartilhava comigo. Ficamos alguns poucos minutos assim antes de nos separarmos e seguirmos caminho para nosso apartamento. Eu não consegui lhe falar nada...

Eu estava tão confusa, tão angustiada, tão pensativa... Já não sabia mais se aquilo que fiz foi mesmo o certo, e também não sabia como me explicar para o gamer sem lhe causar problemas. Por que o destino insiste em me colocar em situações assim? Ou mais exato... Por que eu me envolvo com coisas assim? Serão essas as minha punições por todos aqueles dias que agi feito uma idiota? Uma arrogante? É nisso que venho acreditando... Talvez... Eu mereça?

-Am-

-Desculpe... – Apressei os passos, fugindo de qualquer conversa ou pergunta que pudesse ser criada.

Eu, um gamer e um bebêOnde histórias criam vida. Descubra agora