Alguns dias se passaram após aquilo e as visitas se tornaram mais frequentes, fosse para estudo, para comermos juntos ou simplesmente conversar. Ora eles vinham todos juntos, ora em pequenos grupos ou pares; depois daquele dia na lanchonete, Nathaniel não deixou mais Armin ir passar a noite comigo e, por conta disso, a briga diária de ambos já tinha se tornado rotina. Em uma conversa em particular com a família dos gêmeos, implorei para que eles não comentassem nada sobre o ocorrido com Francis, já que eu tinha um mau pressentimento caso meu irmão descobrisse... E claro, confusão e coisas ruins era o que eu mais queria evitar no momento (ou na minha própria vida...). E, depois de tanto esperar, o meu dia ensolarado finalmente chegou!
-Só realizaremos uns exames básicos finais e, então, você estará de alta!
-Até que enfim! – Ergui os braços, me espreguiçando enquanto jogava as costas para trás ainda sentada na cadeira.
-Parece animada com isso. – O doutor sorria enquanto girava sua cadeira em direção ao balcão, alcançando uma pasta de diagnostico.
-E como estou! Não aguentava mais aquele quarto. Eu já estava bem, meu braço não doía mais e ainda assim me obrigaram a ficar...
-Bom, foi por um bom caso. Afinal, por mais que a mãe seja forte, o pequeno aí dentro ainda é frágil... Todo cuidado é pouco!
-... É, tem isso... – Olhando para baixo, repousei minha mão sobre a barriga e a acariciei com um sorriso meigo. – Bom, pensar nisso faz tudo valer a pena!
-Ah, o amor maternal... Acaba até com as reclamações juvenis. – Ele riu, logo abrindo o documento em mãos o analisando. – É raro ver uma jovem grávida tão envolvida e preocupada com o seu bebê como você... Geralmente as moças que engravidam cedo só pensam na vida que irão perder, ou numa forma de se livrar da gravidez. Eu posso contar nos dedos as jovens que vieram aqui, realmente, dedicadas a nova vida que carregavam.
-... Se livrar da gravidez?...
Sem querer ignorar intencionalmente tudo o que ele disse, me foquei somente naquela parte. Parando para pensar, em momento algum desde que eu descobri que estava grávida eu pretendi abortar, ou coisa do tipo... O que é bem estranho, principalmente pela pessoa horrível que eu sou (ou era?). Comumente, qualquer garota na minha situação optaria por aquela infeliz "solução", ao invés de carregar a responsabilidade. Então, por que eu...?
-Agora que tocou no assunto, isso é bem estranho mesmo... Eu acho que nunca pensei em tirar o bebê da minha vida dessa forma... Na verdade, me recordo de ter me negado a entrega-lo para a adoção futuramente também. Eu nunca tinha reparado, mas em momento algum eu quis acabar com isso desesperadamente...
-... Voc-
-Eu sou muito estranha!! – Colocando as mãos sobre o rosto, fiz uma careta repulsiva.
Foi como se o homem caísse para trás.
-Ei, não trate isso como uma coisa ruim. – Ele suspirou se levantando. – Isso é algo para se admirar em alguém. Pare de se deixar levar pelo o que a maioria faz e continue crescendo como uma boa mãe! Não rejeite seu filho por conta disso...
-... Eu jamais o rejeitaria... – Disse, olhando para baixo.
-Hum? – Ele se virou, como se não esperasse tal resposta após a sua lição.
-Quer dizer, desde que eu descobri que estava carregando um bebê, posso dizer que tudo virou de cabeça pra baixo na minha vida. Me relacionei com pessoas que não conhecia, me aproximei de pessoas a qual pensava que jamais teria perto novamente, conquistei amizades que eu considerava impossíveis. Me afastei de pessoas a qual pensava que iria ficar junta para sempre e causei confusões na qual eu não me sentia bem por não tomar as responsabilidades... Meu jeito de ver as coisas mudou, meu jeito de enxergar as pessoas a minha volta também... – Enquanto fazia uma pausa, comecei novamente a acariciar a região onde minha mão repousara anteriormente e, me deixando levar por meus sentimentos, abri o mais largo e carinhoso sorriso. – Foi por causa dele que eu me tornei alguém melhor. Que eu descobri como era amar as pessoas importantes pra mim de verdade... Tudo isso só aconteceu porque ele apareceu na minha vida. Como eu poderia rejeita-lo?
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Eu, um gamer e um bebê
Fanfiction" "O que estou fazendo aqui?..." De repente, senti que algo puxava o fino pano que no momento cobria apenas do meu quadril para baixo. Um pouco assustada, olhei para o lado e vi um grande volume por debaixo do lençol, enquanto fixei minha visão no...