29- O fim das paredes brancas

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-Voltei! Falei que não demorava.

Armin entrava novamente no quarto, sorrindo, enquanto trazia consigo algumas coisas, como bolsas e travesseiros. Olhei em sua direção e forcei um pequeno sorriso, antes de baixar a cabeça novamente. Deixando as coisas perto de onde dormiria, ele se aproximou da maca e se apoiou na mesma, me olhando com um sorriso fraco porém meigo.

-Hey, porque está desse jeito? Agora está tudo bem... Não precisa ter mais medo! Meus pais conversaram com os funcionários antes de ir, eles estão mais rígidos com quem entra aqui... E, além de tudo, estou com você!

Ele bateu o punho cerrado sobre o peito, falando de forma tão determinada quanto orgulhosa; suas feições me deixavam confusa do que achar sobre aquilo: algo fofo... Ou cômico. Bom, vindo de alguém como ele, a segunda opção me conveio mais. Pela primeira vez, desde o ocorrido da tarde, eu gargalhei levemente, indo parando aos poucos em seguida. Sorrindo, suavemente corado, ele aproximou-se de mim.

-Finalmente um sorriso seu! Me sinto melhor agora. – Confessou.

-... – Sorri, corando de leve enquanto desviava o olhar. – Isso é um pouco de exagero...

-Mas também é a verdade. – Ele respondeu quase que de imediato. – Não gosto de te ver mal, sabe... – Senti o colchão se mover.

-... Me desculpe por te preocupar... – Murmurei. – Eu fiquei pensando tanto no que aconteceu que... Acho...Eu...

Como se não tivesse forças para terminar, apenas suspirei em negação e fechei os olhos, jogando a cabeça para trás com cautela, abrindo-os de novo enquanto encarava o teto. No momento em que estava prestes a me entregar a pensamentos por mais uma vez, senti dedos deslizarem por minha mão e envolverem os meus próprios, o que fez-me abaixar o rosto para a direção de meu parceiro, que encontrei sorrindo (sem mostrar os dentes) enquanto acariciava e apertava a parte de cima de minha mão.

Ele nada pronunciava, na verdade, acho que não se eram nem necessárias palavras para entender o que ele parecia tentar dizer. Sem aviso algum, com seu palmo unido ao meu, ele segurou meu membro com firmeza e o guiou até seu corpo, colocando minha mão sobre o seu peito, onde com certa facilidade pude sentir seu coração... Acelerado?! Estava a considerar tudo aquilo apenas ações carinhosas vindo de sua parte, mas, assim que senti aquele ritmo agitado através de meu contato com seu tórax, fiz-me surpresa e arregalei levemente os olhos, sem o encarar diretamente. Podia-se dizer que ele estava assim por minha causa, ou até por conta dos seus fortes sentimentos que tinha para comigo ou algo do tipo (como constantemente é meu caso para com ele), mas eu consegui distinguir todas essas coisas do que ele realmente estava sentindo: medo. Seu ritmo acelerado não era de algo bom, causava-me calafrios e trazia-me a sensação de angústia. Ele também estava com medo... Mas mesmo assim...

"Por que continua sorrindo assim, Armin?..."

-Eu...

-...? – Ele levantou a cabeça ao mesmo tempo que eu.

Continuei.

-Eu também estou aqui com você! – Firmei, e não obtive uma reação clara vinda dele. – Sabe, eu também não gosto de te ver mal e, apesar de não poder fazer muita coisa agora... Eu... Eu não vou deixar nada de ruim acontecer. Eu prometo!

-... Am-

-Então! Armin... Não tenha medo... Por favor...

O olhando fixamente, o puxei devagar até que ele estivesse perto o suficiente e deitei minha testa em seu ombro, soltando um suspiro enquanto murmurava mais uma vez.

Eu, um gamer e um bebêOnde histórias criam vida. Descubra agora