31- Folhas em Branco

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Fiquei por algum tempo encarando minhas mãos, apenas pensando, até alguém esbarrar em mim me fazendo dar um passo à frente.

-Hey, não fique parada no meio do caminho!

-Ah, desculp-

Antes mesmo que eu começasse a falar, parei: a pessoa e sua acompanhante já estavam distantes. Fiquei as olhando por simples distração e, logo, suspirei quando finalmente abri os olhos pra realidade e me lembrei de quem eu era naquela escola... Decidi deixar aquilo de lado e ir em busca da sala onde aconteceria as provas, afinal, eu estava me sentindo cansada, por mais que estivesse parada. Ajeitando a barra de minha larga blusa por mania, me dirigi até o quadro de informações da entrada e comecei a procurar por lá algumas instruções de localização. Porém, assim que fiquei de frente para o mesmo e ergui minha cabeça, percebi um movimento se formar atrás de mim. Com certeza eram outros alunos que estavam chegando naquele momento, e estaria tudo bem se fosse apenas isso... Mas, a situação mudou quando comecei ouvir meu nome saindo das bocas que ali entravam. Boatos sem sentido, conversas de confusões passadas, insinuações cruéis... Mais um dia de aula normal para a Ambre! Mas, por que...

"... Agora, isso parece doer tanto?"

Tendo terminado de ler o quadro, e sem conseguir mais se concentrar naquilo, eu simplesmente me virei para o corredor e tomei meu caminho para a sala de aula correta. Eu poderia até estar me incomodando por dentro, mas eu, com certeza, jamais demonstraria isso por fora. Em menos de vinte passos, estava em frente a porta do lugar onde realizaria os testes, e isso foi um alívio para mim já que tive que andar bem menos do que esperava. Porém, antes de abrir a porta, respirei o mais fundo que conseguia e fechei os olhos por breves segundos. Era como se eu me prepara-se, de alguma forma. Então, ao abri-los novamente, agarrei a maçaneta e a girei, adentrando de uma vez na sala de aula, seguindo para uma das primeiras carteiras, sem olhar quem por ali poderia estar. Naquele momento, eu preferia apenas ignorar a todos e relaxar... Seria ruim se me estressasse tanto antes da prova, não é?

Fechando meus olhos, respirei fundo e comecei a repensar em todas as coisas que me lembrava dos estudos, em cada palavra-chave, em cada ponto importante. Ou ao menos estava tentando lembrar. Junto aos pensamentos, eu também lançava baixíssimos múrmuros ao ar, firmando meus conhecimentos a mim mesma.

-Seria tão fácil se eu pudesse anotar tudo isso em algum lugar... – Suspirei sem esperanças, antes de me dar conta de que eu, realmente, poderia fazer isso. – Espere! Acho que devo ter alguma coisa na minha bolsa... (eu sempre trazia em casos de emergência com minhas colas...).

Terminei a fala em baixo tom, temendo que alguém presente pudesse me ouvir e, ao mesmo tempo, coloquei a bolsa meu colo, começando a vasculha-la e puxando um bloco de pequenos papeis o qual coloquei sobre a mesa, logo, começando a buscar pelo fino estojo que sempre carregava comigo (já que o objeto que segurava era, praticamente, minha própria mochila também). Porém, por mais que eu revirasse todo o seu interior, não tive êxito em encontrar mais nada.

"Eu... Esqueci meu estojo em casa?"

Pensei para mim mesma um tanto desesperada, conforme remexia mais uma vez a bolsa torcendo para que aquilo fosse mentira, afinal, eu até poderia desistir da ideia de fazer anotações mas, sem lápis ou canetas, como poderia realizar a prova?

-Que ótimo...

Respirei fundo de forma irritada e olhei em volta, percebendo várias pessoas virando o rosto no exato momento em que direcionei o olhar a elas. Sendo assim, eu acho que pedir os materiais emprestados não deve ser uma boa ideia... Dando de ombros, apenas fechei a bolsa e a coloquei sobre minha carteira, levantando e me retirando da sala, tomando caminho até a biblioteca, afinal, era para lá que os alunos recorriam sempre que precisavam de algum material básico escolar (por mais que a maioria do estoque fosse compostos por canetas gastas, lápis pequenos e borrachas suas). Ao menos, isso seria melhor do que nada.

Eu, um gamer e um bebêOnde histórias criam vida. Descubra agora