27- Assuntos inacabados- parte 1

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-Então, se esse é o caso... Deveríamos subir esse número... Pra cá?

-Er, bem... Fazemos isso depois, antes temos que ver a diferença desses aqui para encontrar o valor de 'x' e-

-Ahhhh!

-Ambre? O que foi? Está sentindo algo?

-Não! Só que... Isso é muito chato! – Me lancei pra trás, soltando um suspiro enquanto deitava as costas contra o encosto da maca.-

-Ambre, nós sabemos que você não gosta de estudar. Na verdade, não acho que alguém goste.

-Só você, Nath!

-Quieta, Rosalya! – Ele mostrou a língua pra ela, que riu em retribuição. – Até mesmo eu não gosto... Mas não podemos permitir que você vá mal logo no fim do ano... Principalmente na atual situação.

-Bom, isso é verdade... Temos um grande peso para se preocupar agora, além da vida escolar. E com você desse jeito, precisando ficar o máximo possível de repouso...

-Entenda, não é só para o nosso, mas principalmente para seu próprio bem...

Meus olhos percorriam a sala devagar, em quanto eu admirava por breves segundos casa uma da pessoas presentes. Eu odiava estudar! Mas eles estavam certos... Eu não poderia mais me dar o luxo de repetir de ano... Suspirei e, em silêncio, peguei o caderno começando a resolver a equação conforme me foi explicado anteriormente. Assim que terminei, apenas entreguei o caderno para meu irmão que, após analisar, sorriu fazendo algum rabisco e me entregou o objeto de novo.

-Está quase certo... Esforce-se um pouco mais! Sei que consegue! – Ele sorriu, assim como o restante do pessoal.

-Okay, okay... – Resmunguei, e voltei a escrever assim que consegui ter o caderno em mãos novamente.

Depois daquilo, ficamos por volta de umas duas horas, lendo, escrevendo, fazendo atividades e discutindo respostas... Vez ou outra eu me distraia e tudo passava direto por minhas orelhas, o que obrigava Nathaniel a repetir a matéria até que eu entendesse pelo menos um pouco. Foi um duro e insuportável período de estudos pela manhã, ao meu ver.

Quando o horário se tornou próximo ao meio dia, funcionárias do hospital adentraram o quarto, trazendo consigo o almoço, logo se retirando. Meus amigos e familiares presentes, um tanto surpresos por tal coisa e perdidos na hora, se entreolharam e sorriram meio sem-graça, começando a guardar tudo.

-Bom, acho que essa é nossa deixa para ir...

-O que? Mas já? Por que não ficam comigo para comer?

-Me desculpe, Ambre... Mas realmente precisamos ir. Precisamos ir à escola...

-Escola? Mas nós não estudamos integral? Vocês perderam praticamente quase todo o dia escolar...

-... – Eles se olharam novamente e sorriram em suspiro. – Bom, a verdade... É que conversamos com a diretora e, em respeito a você, digamos assim, ela deixou todos nós nos ausentarmos por hoje de manhã... Bom, desde que ficássemos até mais tarde por lá, ajudando ou estudando....

-A-ahm? – Arregalei os olhos, surpresa. - Q-quer dizer que...

Minha mão boa subiu e repousou em meu peito e eu, com a cabeça baixa, não consegui deixar uma expressão nítida na face.

-Que precisamos voltar... – Rosalya disse fraco, e meu irmão continuou, parecendo triste.

-Q-que vocês...

Os interrompi, e eles me encararam um tanto confusos, ao mesmo tempo em que ergui a cabeça, sentindo tanto meu coração quanto meus olhos transbordarem.

Eu, um gamer e um bebêOnde histórias criam vida. Descubra agora