32- Proposta

176 10 1
                                    

Não demorou muito para eu subir uma mão até meu rosto e encobrir ambos olhos, juntamente com as lágrimas que, agora, eu impedia de caírem. Minha cabeça se inclinou mais e meus dedos apertaram as alças da bolsa ainda mais forte; a sensação de fracassar era uma coisa com a qual eu nunca me acostumaria... Principalmente naquele momento e naquele estado. Talvez, tal atitude pudesse parecer um exagero em relação a situação, mas a dor que eu sentia não me permitia agir de outra forma. Mesmo com a ajuda e esforço das pessoas que estavam cuidando de mim, mesmo com o apoio de todos, mesmo prometendo sucesso para compensar tudo o que fizeram por mim... Eu, realmente, era péssima em retribuição...

Não mais sabendo se me deixava abalar por ter falhado, ou simplesmente por permanecer chorando como uma pessoa fraca (duas coisas que me perturbavam, de qualquer modo), apenas folguei os dedos da bolsa e deslizei a mão sobre os olhos até que ela estivesse juntamente a outra em meu colo, me inclinando sobre a mesa e encostando minha testa sobre a lisa madeira. Mordendo sem muita força o lábio inferior, fechei os olhos e permaneci com a face trêmula por alguns minutos até, enfim, minha cabeça começar a se esvaziar como se pensamento algum fluísse por ela naquela hora. O que não durou muito e não foi capaz de me trazer tranquilidade alguma. Parece que esquecer meus problemas para minha autossatisfação estava longe de meus alcances agora...

Daquela mesma forma eu deixei o tempo correr, esperando que aquilo extinguisse ao menos um pouco daqueles sentimentos tão baixos.


"Ambre.. Ambre... Ambre!"


-Ambre!

Levantei a cabeça assim que me dei conta de que não era em minha mente que meu nome soava, mas na verdade era alguém que estava a me chamar. E o tom não era baixo, negativo e nem um pouco preocupado, na verdade, era o completo oposto.

-Ambreee! – A voz descontraída e animada gritava, porém, eu não sentia vontade alguma de responder. – Onde você está...

-... – Minha cabeça caiu novamente, com suavidade; meus cabelos encobriram os lados de meu rosto.

-Am-... Ah, encontrei você! – A voz declarou ao invadir o espaço da sala de aula. – Hey, o que está fazendo aqui ainda? A escola está praticamente vazia. Sabe, todo mundo foi embora o mais rápido que podia depois de terminarem a prova.

-Por que...

-Hum?

-Por que você está aqui, então? – Minha posição permanecia a mesma, e meu tom baixo e perdido acompanhava minha indagação.

-Não é claro? Estava esperando você sair! Mas você não apareceu... Então, cá estou eu, te procurando. A missão "Encontre a Ambre" foi realizada! – Pude ouvir uma risada de uma forma que esta estivesse sendo abafada com um provável sorriso.

-... – O silêncio foi minha resposta, e o aperto em meu peito foi o preço que paguei por aquilo.

-... Ambre?... – Agora a voz do garoto ganhara um tom de preocupação. Continuou. – Está tudo bem?

Eu não o encarava, minha cabeça não se levantava, as palavras não saiam de minha boca, então, apenas balancei a cabeça em negação e a curvei mais, fazendo com que meu cabelo se espalhasse mais ainda a minha frente, escondendo meu rosto. Senti uma mão repousar em meu ombro, e o calor de um outro corpo se tornar mais próximo a mim.

-Ei... O que aconteceu?

-... – Exteriormente, eu permanecia parada e em silêncio; por dentro, eu apenas sentia-me culpada por tudo o que aconteceu.

Eu, um gamer e um bebêOnde histórias criam vida. Descubra agora