ÅgariS me escutou atento. Leu e releu as informações que eu tinha acesso com um brilho nos olhos. Não sabia que aquela anotações eram, na verdade, transcrições de voz. ÅgariS fez com que pudéssemos escutá-las. Foi estranho escutar minha voz dizendo aquelas coisas. Mais estranho ainda era escutar Narvi, ela não soava como eu esperava.
– Leykaī, NarvÏ, KiH. Wow. Esses nomes sempre estiverem na ponta da língua mas não conseguia lembrar.
ÅgariS deitou no sofá se deixando processar toda aquela informação.
– Talvez devêssemos colocar Narvī em algum projeto antes da hora – ele dizia olhando para o teto pensativo – Vamos colocar Leykaī no Quarto Continente em alguns anos quando for o momento certo, mas temos que adiantar a chegada de NarvÏ. Vocês duas podem ter acesso a muita coisa.
– Adoro quando vocês ficam confabulando seus planos secretos – Zol encostava no batente da porta com os braços cruzados.
– Amo quando você chega na espreita – ÅgariS sorriu sentando.
– Você mudou de ideia? Sobre me ajudar? – eu disse mudando o assunto.
– Eu não vou te ajudar. Eu já tenho que vigiar vocês. Vai pedir pra Diza te ajudar.
ÅgariS e Zol se entreolharam e caindo na gargalhada.
– Diza não ajudaria a mãe dela se ela estivesse em chamas e Diza tivesse uma mangueira nas mãos – ÅgariS me explicava – Mas devo admitir que você não tem nada a perder.
Dei de ombros. Eles mudaram de assunto e então me vi como uma vela entre dois grande amigos que se odiavam. Era estranho, naquele lugar onde todos eram super poderosos eles eram capazes de deixar rancores de lado e viver em plena paz, como Zol disse ninguém ganharia a briga. E por mais que brigassem, voltavam no fim do dia para sentar à mesa juntos.
Dia após dia entendia um pouco mais daquele mundo. ÅgariS me ajudava a planejar a casa que eu queria e às vezes me ajudava com o controle de meus poderes, mas nunca conseguia fazer nada. Hugoh aparecia de tempos em tempos e conversávamos. Idealizávamos o que seria um mundo ideal dos humanos, debatíamos sobre paz e democracia, tentávamos entender o porquê nenhuma delas funcionava. Zol me evitava, mas sempre que conseguia o enchia de perguntas. Tentei encontrar a tal Diza algumas vezes, mas não tive sucesso.
Durante o dia eu tentava me concentrar em aprender sobre meus poderes sem ajuda ou avanços. Eu era capaz de controlar matéria (matéria que não estivesse sobre controle, ou seja, nada que fizesse parte de um ser vivo). Eu deveria ser capaz de materializar qualquer coisa que me viesse a mente, mas eu não era muito boa. Na verdade, era péssima em ser natural. Eu tinha a necessidade constante de entender o que eu tinha que fazer, mas Nate, simplesmente, dizia "Sinta, você não precisa entender. Isso é o que eu faço, não você". Eu sabia que não era sua intenção me ofender, mas eu sentia como se ele estivesse me chamando de estupida, como se eu fosse uma pessoa incapaz de aprender que deveria simplesmente focar em meu emocional. Eu odiava isso.
"Você está pensando muito" Zol costumava dizer do outro cômodo somente sentindo o que eu estava fazendo de olhos fechados deitado no sofá jogando com ÅgariS (eles jugavam muito vídeo games de olhos fechados).
Levitar era o básico para um K, a coisa mais simples que qualquer um deveria saber fazer e eu estava falhando no básico.
"Diza" a voz ecoou em minha mente.
Levantei da cama um pouco assustada. Eu achei que nunca mais escutaria algo em minha mente depois que Hayden escapou dela.
Esperei mais alguma coisa acontecer, mas tudo que recebi em resposta foi o silêncio. Talvez, eu estivesse confusa e não soubesse mais diferenciar uma voz, da minha própria consciência. Levantei e fui até a área comum, como eles chamavam a sala. ÅgariS estava escrevendo sobre a mesa.
– Nos temos que dormir – ele falou tocando o chão como se buscasse a presença de Zol que sempre estava à espreita – Você tem que fazer aquela coisa onde podemos conversar em segurança. Tenho que te contar uma coisa que vai mudar tudo.
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Forgotten
Bilim Kurgu"Nada fazia sentido. Um dia todas as ruas estavam cheias de pessoas se esbarrando umas nas outras, no outro eu abri os olhos e não havia sobrado ninguém" #4 em Ficção Cientifica (14/MAR)