[13B] - Novo Amigo

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- A GarotA -

Meus pés reclamavam implorando para que eu desistisse. Eu sabia que já deveria ter chegado, que deveria ter encontrado Hayden em algum lugar, mas continuava a andar sem querer acreditar que estava perdida. Era possível? Eu tinha me desviado do caminho e chegado a lugar nenhum?

Subi da duna decidida que seria minha última. Cada passo doía mais e mais. Meu corpo não tinha mais energia para continuar e o sol espremia o restante de água que meu corpo armazenava.

Cheguei ao topo olhando aquela miragem de uma areia preta na área de baixo da duna. Era como o sonho que tive, mas provavelmente era só delírio causado pelo sol e muita desidratação.

Comecei a descer e então tropecei no meu próprio pé. Rolei metros e metros ladeira abaixo. Poderia ressaltar o quanto doeu, mas olhei pelo lado de que foi melhor do que andar ladeira abaixo. Minhas pernas agradeceram a queda.

Levantei batendo a areia que tomava meu corpo todo. Uma forma estranha se movia poucos metros de mim fazendo sons que pareciam enfurecidos. Limpei os olhos para enxergar melhor.

Ele era pequeno, mais baixo do que eu. Vestia tons de preto que o misturavam com a areia negra. Sua voz era grossa e pronunciava palavras irritadas num idioma que nunca escutei antes, mas cujas palavras soavam familiares.

– Eu vou acabar com você quando eu entrar! – ele chutou uma porta de metal que dava para dentro da terra.

Pensei em me aproximar, mas tive medo, ele estava enfurecido. Quis recuar, mas seu olhar se encontrou com o meu. Num milissegundo ele pareceu surpreso, quase em dúvida, mas logo abriu um sorriso cruel. No mesmo instante, senti uma força invisível bater contra meu peito me jogando para trás.

Voei alguns metros agradecendo a areia por amortecer minha queda. O ar escapou de meus pulmões e eu sentia que algumas de minhas costelas foram fraturadas.

– Você! – escutei a voz do garoto desconhecido correndo em minha direção.

Seus olhos mergulhados em fúria se aproximavam enquanto uma estranha ventania, momentânea, tentava soprá-lo para longe. Sentei com dificuldade, sem tempo para me recuperar, a faca que surgiu na mão do garoto mostrava o como ele não estava no meu time. Como eu deveria saber em quem confiar?

Minha reação foi correr, mas meus pés estavam grudados ao chão. A areia sob meus pés havia solidificado como se devorassem meus sapatos.

– Eles vão me agradecer por isso – ele girou a faca nas mãos preparando um golpe.

Tive um mísero segundo arrancar meus pés das botas e me jogar para o lado. A dor em minhas costelas piorou, eu mal conseguia rastejar sem sentir me sentir apunhalada por meus próprios ossos.

Senti um puxão em meu cabelo e cai para trás. O garoto fez questão de erguer a faca o mais alto que pode para cravá-la em mim. Consegui girar para o lado, mas não fui rápida o suficiente para evitar o corte em meu braço.

– Por que? – a pergunta escapou minha voz rouca.

Eu levantara e recuava o mais rápido que a dor permitia.

– Porque você, assim como ele, nunca vai ser como nós, vocês se acham tão melhores... mas não passam de sonhadores buscando o inalcançável.

– Quem é você? – perguntei sem saber se ele conseguia me escutar.

– Zol... O moralista que finalmente decidiu desobedecer às ordens – o som da escotilha se abrindo gerou o rangido metálico, Agaris saia de dentro do buker e assim que se posicionou sobre a areia arremessou uma faca na direção de meu inimigo.

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-Agaris-

Obviamente, Zol desviara, era um movimento previsível, mas tudo que eu queira era atrair sua atenção para mim. Assisti a forma como, mesmo sem arma alguma, Ela se jogou nas costas de Zol para derrubá-lo. Ela tinha coragem, uma natureza que tendia a raiva com facilidade. Sua sede de vingança era clara, mas ela não tinha treinamento algum, tudo que tinha era instinto.

Antes que pudesse intervir, Zol colocou as mãos para trás e a puxou pela blusa. Ela voou para o chão com a leveza de uma pena e o impacto de uma pedra. Num giro escapou de outra investida da faca de Zol.

Com um grito Zol deixou a faca cair de sua mão, o objeto estava vermelho de tão quente.

– Está vendo! – Zol gritou olhando para mim – Ela vai ser uma ameaça, vai ser nossa destruição, porque você a defende? Ela nunca é uma de nós!

– É verdade, ela não é como vocês.

ForgottenOnde histórias criam vida. Descubra agora