Admito que foi mais fácil do que esperei. Estava relaxada e cansada, peguei no sono rapidamente.
ÅgariS estava lá como da outra vez. Ele era meu reflexo e eu do dele. Suas expressões estavam aflitas, impacientes. Começou a falar assim que me viu.
– Hugoh estava criando um corpo que ele diz que vai ser sua obra prima – nossas vozes soavam como um eco - Eu tive a chance de colocar a essência de Narvi no lugar da consciência que se desenvolveria normalmente. Eu só tive um segundo para pensar e acabei fazendo. Me preocupo com Laykai quando for a hora.
– Mas... – minha boca se mechei fazendo com que a dele me imitasse, era uma sensação estranha – Para onde vão mandar ela? –
– Na verdade, eu vou precisar da sua ajuda com isso. Eu vou roubar ela e mandá-la para uma Terra onde eu tenho alguns aliados. Uma Terra onde Hugoh não pode voltar.
Abri a boca para contestar aquela loucura, mas as palavras falharam.
– Você quer roubar do Hugoh? Como isso vai funcionar? É loucura! Ele vai mat- – parei lembrando que ele não podia nos matar – Ele vai nos fazer sofrer muito.
– Mais ou menos. Ele é um cientista, ele vai ficar furioso, mas vai ficar muito mais intrigado em saber como sua obra prima vai reagir ao ambiente, ainda mais um ambiente fora do controle dele – ele diz intrigado com a possibilidade.
– Mas e se ele desco—
Fui puxada de volta para o mundo real outra vez. Acordei me espreguiçando no sofá. ÅgariS fazia o mesmo.
– Por que você não fica em casa? – ele reclamava percebendo a presença de Zol.
Ele tinha sido a razão pela qual eu tinha acordado. Ele fazia barulho na área da cozinha.
Lembrei do que ÅgariS me disse. Sinto-me entrando em pânico por ela. NarvÏ já era um bebezinho e já teria que ser lançada para outra dimensão para que pudesse ficar segura.
Pelo que tinha entendido, para levar um novo de nós para outra dimensão demandava abrir uma fenda interdimensional, o que demandava muitos cálculos e planejamento. Demandava também duas pessoas. Uma para abrir a fenda e manter aberta. Outra levava o pacote e entregava para sua nova família explicando o que fosse necessário e acordado previamente. Eu não sabia abrir uma fenda e não tínhamos mais ninguém do nosso lado, então... eu iria ter que entregar ela para o receptor na Terra.
A ideia me fez sentir um arrepio. Eu voltaria para a Terra? Não seria a minha Terra. Essa estava destruída, mas ainda assim era uma Terra.
– Pensativa? – Zol disse me olhando da cozinha.Percebi que estava deixando meu rosto transparecer meus pensamentos. Sorri forçadamente. Um cheiro bom tinha tomado a casa.
– Vamos comer? – Zol dizia trazendo alguma comida nova para eu provar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Forgotten
Science Fiction"Nada fazia sentido. Um dia todas as ruas estavam cheias de pessoas se esbarrando umas nas outras, no outro eu abri os olhos e não havia sobrado ninguém" #4 em Ficção Cientifica (14/MAR)