[18B] - Cochilo

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Admito que foi mais fácil do que esperei. Estava relaxada e cansada, peguei no sono rapidamente.

ÅgariS estava lá como da outra vez. Ele era meu reflexo e eu do dele. Suas expressões estavam aflitas, impacientes. Começou a falar assim que me viu.

– Hugoh estava criando um corpo que ele diz que vai ser sua obra prima – nossas vozes soavam como  um eco - Eu tive a chance de colocar a essência de Narvi no lugar da consciência que se desenvolveria normalmente. Eu só tive um segundo para pensar e acabei fazendo. Me preocupo com Laykai quando for a hora.

– Mas... – minha boca se mechei fazendo com que a dele me imitasse, era uma sensação estranha – Para onde vão mandar ela? –

– Na verdade, eu vou precisar da sua ajuda com isso. Eu vou roubar ela e mandá-la para uma Terra onde eu tenho alguns aliados. Uma Terra onde Hugoh não pode voltar.

Abri a boca para contestar aquela loucura, mas as palavras falharam.

– Você quer roubar do Hugoh? Como isso vai funcionar? É loucura! Ele vai mat- – parei lembrando que ele não podia nos matar – Ele vai nos fazer sofrer muito.

– Mais ou menos. Ele é um cientista, ele vai ficar furioso, mas vai ficar muito mais intrigado em saber como sua obra prima vai reagir ao ambiente, ainda mais um ambiente fora do controle dele – ele diz intrigado com a possibilidade.

– Mas e se ele desco—

Fui puxada de volta para o mundo real outra vez. Acordei me espreguiçando no sofá. ÅgariS fazia o mesmo.

– Por que você não fica em casa? – ele reclamava percebendo a presença de Zol.

Ele tinha sido a razão pela qual eu tinha acordado. Ele fazia barulho na área da cozinha.

Lembrei do que ÅgariS me disse. Sinto-me entrando em pânico por ela. NarvÏ já era um bebezinho e já teria que ser lançada para outra dimensão para que pudesse ficar segura.

Pelo que tinha entendido, para levar um novo de nós para outra dimensão demandava abrir uma fenda interdimensional, o que demandava muitos cálculos e planejamento. Demandava também duas pessoas. Uma para abrir a fenda e manter aberta. Outra levava o pacote e entregava para sua nova família explicando o que fosse necessário e acordado previamente. Eu não sabia abrir uma fenda e não tínhamos mais ninguém do nosso lado, então... eu iria ter que entregar ela para o receptor na Terra.

A ideia me fez sentir um arrepio. Eu voltaria para a Terra? Não seria a minha Terra. Essa estava destruída, mas ainda assim era uma Terra.

– Pensativa? – Zol disse me olhando da cozinha.

Percebi que estava deixando meu rosto transparecer meus pensamentos. Sorri forçadamente. Um cheiro bom tinha tomado a casa.

– Vamos comer? – Zol dizia trazendo alguma comida nova para eu provar.

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