Capítulo 22.

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Conseguiu dormir, mas acordou diversas vezes com pesadelos. Velhos pesadelos de infância, de correr atrás de um caminhão que estava partindo com seus pais. Porém, quanto mais rápido corria, mais o caminhão se afastava, até que havia somente um pontinho a distância e ela era deixada para trás.
Finalmente, um pouco antes do amanhecer, Emily se levantou e foi para o estúdio. Ali, pelo menos, havia um mundo de ordem e certezas, onde tudo podia ser consertado com uma boa limpeza e o tipo certo de cola.
Após várias horas de trabalho concentrado, sentiu-se muito melhor, e faminta o suficiente para tomar o café-da-manhã. Já tinha decidido não contar a Peter sobre o telefonema. Não fazia sentido dar-lhe esperanças até que tivesse algo mais concreto.
Uma vez que a sala de jantar estava vazia, ela concluiu que Peter já tinha tomado o café-da-manhã e que provavelmente Ethan e Dylan haviam saído para o trabalho. Indo para a cozida, serviu-se de cereal e suco e foi comer na varanda.
Em seguida, passou no escritório de Peter e, com um sorriso alegre, perguntou se Jeff poderia levá-la até sua casa, para que começar a organizar a limpeza e pudesse fazer uma lista do que precisaria quando recebesse o dinheiro do seguro.
- Oh, não precisa mais se preocupar com isso - murmurou Peter, pegando-lhe o braço e a conduzindo para fora. - Será mais conveniente para nós dois se você mesma puder dirigir.
- Mas, Peter, eu... - Ela parou atônita quando viu um pequeno carro amarelo parado na entrada da casa.
- O que é isso?
Mas temia que soubesse. Peter instigou-a a abrir a porta do motorista, liberando o inconfundível cheiro de "novo em folha", e indicou a chave na ignição.
- Está com o tanque cheio e pronto para ir - disse ele. - Sei que você detesta pedir pequenos favores. Agora, não precisa incomodar Jeff quando quiser ir a algum lugar.
Aquilo não era um "pequeno favor". Ela o olhou com o semblante zangado.
-Peter, já discutimos sobre isso. Você não pode simplesmente me dar um carro...
- Não estou lhe dando - respondeu ele, magoado.
- Comprei um segundo carro para eu dar umas voltas, e estou lhe emprestando pelo tempo que você estiver aqui.
- Dar umas voltas! - exclamou ela. - Aonde está pensando em ir?
Ele sorriu.
- Acho conveniente que Jeff dirija para mim, Emily. Mas esse carro me será útil quando ele não estiver por perto.
Ela o fitou com ceticismo.
- Se eu negar, você vai devolver o carro?
- É claro que não. Já o comprei e paguei por ele. Emily suspirou e Peter deu um sorriso triunfante.
- Não sei o que Ethan vai dizer - murmurou ela, tocando a pintura impecável.
- O que pode dizer? Ele tem dois carros e um helicóptero. Não pode me censurar por querer mais um veículo.
Oh, sim, ele podia. Emily hesitou.
- Espero que isso não seja porque... você espera que eu possa ser sua neta - começou ela, envergonhada.
- É porque sou um homem rico e tenho condições de ceder aos meus próprios desejos.
- Tudo bem, então. -Apesar da relutância, ela não podia negar sua alegria. Nunca tinha dirigido um carro novinho antes, e o transporte próprio significava que poderia fazer muito mais coisas em relação a sua casa. - Mas é só um empréstimo - relembrou-o quando entrou e ligou o motor.
Já era fim da tarde quando Emily voltou para a casa de Peter, e estava satisfeita em ter agendado um serviço de faxina para assim que recebesse o dinheiro. Também havia comprado alguns materiais para seu estúdio e um novo telefone móvel para restabelecer a Quest Restorations.

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