Conseguiu dormir, mas acordou diversas vezes com pesadelos. Velhos pesadelos de infância, de correr atrás de um caminhão que estava partindo com seus pais. Porém, quanto mais rápido corria, mais o caminhão se afastava, até que havia somente um pontinho a distância e ela era deixada para trás.
Finalmente, um pouco antes do amanhecer, Emily se levantou e foi para o estúdio. Ali, pelo menos, havia um mundo de ordem e certezas, onde tudo podia ser consertado com uma boa limpeza e o tipo certo de cola.
Após várias horas de trabalho concentrado, sentiu-se muito melhor, e faminta o suficiente para tomar o café-da-manhã. Já tinha decidido não contar a Peter sobre o telefonema. Não fazia sentido dar-lhe esperanças até que tivesse algo mais concreto.
Uma vez que a sala de jantar estava vazia, ela concluiu que Peter já tinha tomado o café-da-manhã e que provavelmente Ethan e Dylan haviam saído para o trabalho. Indo para a cozida, serviu-se de cereal e suco e foi comer na varanda.
Em seguida, passou no escritório de Peter e, com um sorriso alegre, perguntou se Jeff poderia levá-la até sua casa, para que começar a organizar a limpeza e pudesse fazer uma lista do que precisaria quando recebesse o dinheiro do seguro.
- Oh, não precisa mais se preocupar com isso - murmurou Peter, pegando-lhe o braço e a conduzindo para fora. - Será mais conveniente para nós dois se você mesma puder dirigir.
- Mas, Peter, eu... - Ela parou atônita quando viu um pequeno carro amarelo parado na entrada da casa.
- O que é isso?
Mas temia que soubesse. Peter instigou-a a abrir a porta do motorista, liberando o inconfundível cheiro de "novo em folha", e indicou a chave na ignição.
- Está com o tanque cheio e pronto para ir - disse ele. - Sei que você detesta pedir pequenos favores. Agora, não precisa incomodar Jeff quando quiser ir a algum lugar.
Aquilo não era um "pequeno favor". Ela o olhou com o semblante zangado.
-Peter, já discutimos sobre isso. Você não pode simplesmente me dar um carro...
- Não estou lhe dando - respondeu ele, magoado.
- Comprei um segundo carro para eu dar umas voltas, e estou lhe emprestando pelo tempo que você estiver aqui.
- Dar umas voltas! - exclamou ela. - Aonde está pensando em ir?
Ele sorriu.
- Acho conveniente que Jeff dirija para mim, Emily. Mas esse carro me será útil quando ele não estiver por perto.
Ela o fitou com ceticismo.
- Se eu negar, você vai devolver o carro?
- É claro que não. Já o comprei e paguei por ele. Emily suspirou e Peter deu um sorriso triunfante.
- Não sei o que Ethan vai dizer - murmurou ela, tocando a pintura impecável.
- O que pode dizer? Ele tem dois carros e um helicóptero. Não pode me censurar por querer mais um veículo.
Oh, sim, ele podia. Emily hesitou.
- Espero que isso não seja porque... você espera que eu possa ser sua neta - começou ela, envergonhada.
- É porque sou um homem rico e tenho condições de ceder aos meus próprios desejos.
- Tudo bem, então. -Apesar da relutância, ela não podia negar sua alegria. Nunca tinha dirigido um carro novinho antes, e o transporte próprio significava que poderia fazer muito mais coisas em relação a sua casa. - Mas é só um empréstimo - relembrou-o quando entrou e ligou o motor.
Já era fim da tarde quando Emily voltou para a casa de Peter, e estava satisfeita em ter agendado um serviço de faxina para assim que recebesse o dinheiro. Também havia comprado alguns materiais para seu estúdio e um novo telefone móvel para restabelecer a Quest Restorations.
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AMANTE ACIDENTAL
RomantizmAs coisas que ela teve de fazer para salvar os negócios de sua família! Naquela noite, Emily Quest se arrumou de modo especial. Com um vestido justo ao corpo e saltos altíssimos, partiu para uma festa perigosa num bairro sofisticado de Auckland, de...