Emily estava aplicando uma folha de ouro em um prato pintado à mão quando a porta do estúdio se abriu e a sra. Cooper entrou anunciando:
- Telefone para você. O sr. Nash disse que é da África. Sua mãe está na linha.
- Oh! -Abandonando as ferramentas, Emily saiu apressada.
Fazia mais de uma semana que tinha falado com a mãe. Uma vez que Peter a estava pressionando, Emily dissera-lhe que perguntara sobre as circunstâncias de seu nascimento, e que agora era uma questão de esperar pela resposta. Não faria o teste de DNA até que se tornasse o próximo passo lógico. Secretamente, não se importara em esperar para esclarecer sobre sua identidade, pois isso significava que podia esquecer as dúvidas e devotar sua atenção para uma coisa ainda mais incrível que estava acontecendo em sua vida.
Seu relacionamento com Ethan. A semana com ele tinha sido de puro prazer e felicidade. Após a estada na ilha Waiheke, eles haviam passado quase todas as noites juntos, e, apesar da leve culpa que Emily sentia por enganar Peter todas as noites depois que ele se recolhia, ela fugia para fazer amor na grande cama de Ethan, e dormia aninhada nos braços fortes até que os primeiros raios de sol entravam no quarto.
Dylan retornara para seu apartamento quando o ator finalmente tinha voltado para Hollywood. Sem a presença tempestuosa de Dylan, Emily e Ethan ficavam livres para se concentrar um no outro... para se divertirem e conversar, se amarem, e se conhecerem num nível mais profundo.
Ethan até mesmo lhe contara sobre as circunstâncias traumáticas que o levaram a ter medo de voar, mencionando o assunto do noivado rompido com uma ponta de amargura que dissera a Emily que o coração jovem tinha se envolvido, deixando cicatrizes. Era evidente que as duas experiências estavam associadas, dobrando o impacto na mente dele. Por isso era tão cauteloso no que dizia respeito às emoções. Para Ethan, amor, rejeição, dor e perda eram todos parte da mesma emoção, como se não pudessem ser separados.
Agora ele tinha viajado a trabalho por alguns dias, e Emily estava lidando com o próprio senso de perda, e a percepção de que, negando-se a declarar o seu amor, poderia estar apoiando-o em sua hibernação emocional. Ethan vencera o medo de voar, mas ninguém ainda lhe dera incentivo o bastante para vencer o medo de amar.
- Aqui! - Peter chamou do escritório, segurando o telefone sem fio enquanto ela entrava.
- Tem certeza de que é a minha mãe? - perguntou, pegando o aparelho e sabendo que estava adiando o momento da verdade.
- Absoluta. - Ele hesitou, nervoso. - É melhor eu sair e deixá-la sozinha.
- Não... Sim. Não! - Ela segurou-lhe o braço e sentou, os joelhos fracos, o coração acelerado. Não era justo prolongar a agonia de Peter, e de súbito não queria ficar sozinha. - Fique, por favor.
Emily respirou fundo.
- Alô, mamãe?
Peter apoiou-se na mesa enquanto ouvia a conversa. Quando ela finalmente entregou-lhe o aparelho desligado, e pôs as mãos sobre o rosto, havia lágrimas nos olhos dele e um aperto no coração.
- Então, você foi adotada - reconheceu ele, pondo o telefone sobre a mesa.
Ela assentiu, lágrimas agora escorrendo entre os dedos.
- Mas você não é minha neta, afinal, é, Emily? Ela meneou a cabeça, respirando profundamente
antes de tirar as mãos do rosto e olhar para cima, sofrendo por ele e por si mesma.
- Eles nunca ouviram falar de ninguém com a descrição de sua filha, não no grupo ao qual pertencem, pelo menos. Mas houve uma época muito caótica, e muitas idas e vindas nunca foram registradas, e a corrupção e o suborno estavam sempre disponíveis para tais coisas.
Emily endireitou a coluna.
- Minha mãe verdadeira era uma das melhores amigas de meus pais... uma outra espécie de missionária. Ela foi brutalmente violentada e não contou a ninguém, então, ficou apavorada ao descobrir que estava grávida. - Após um pequeno soluço, forçou-se a continuar: - Ela não podia abortar por causa de sua fé, mas não suportava a idéia de ficar com o bebê... comigo... e também não me abandonaria num orfanato, portanto, mamãe e papai fizeram sua boa ação. Ficaram comigo e subornaram alguém para forjar os papéis, de modo que pudessem me incluir em seus próprios passaportes.
Emily tentou um sorriso, secando as lágrimas.
- Por isso nunca me contaram. Temiam que se alguém descobrisse o trabalho deles estaria em risco, e meu direito à cidadania pudesse ser revogado. Acharam que seria mais seguro se todos pensassem que eu era filha biológica, até mesmo os pais deles. E não viam sentido em me contar que minha mãe verdadeira nunca quis me conhecer, e que meu pai era um estuprador anônimo.
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AMANTE ACIDENTAL
RomanceAs coisas que ela teve de fazer para salvar os negócios de sua família! Naquela noite, Emily Quest se arrumou de modo especial. Com um vestido justo ao corpo e saltos altíssimos, partiu para uma festa perigosa num bairro sofisticado de Auckland, de...