Capítulo 24.

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Emily ergueu o rosto para o vento, sentindo o sal espirrar nas faces, limpando suas últimas lágrimas.
- Não acredito que estou fazendo isso! - gritou, segurando o balaústre, o colete salva-vidas protegendo a maior parte de sua camiseta, mas a calça molhada até as coxas.
- Fazendo o quê? - gritou Dylan enquanto virava o barco e ia em direção à ilha Waiheke.
- Fugindo! - Ela virou-se para olhá-lo por sobre o ombro, da proa do barco, os cabelos voando para os olhos e batendo em suas faces.
- Faço isso o tempo todo - disse Dylan, o sorriso amplo sob os óculos de sol.
Emily virou-se de volta para o vento, apreciando a sensação física como uma fuga das perturbações emocionais que vinha sofrendo.
Se Dylan não a tivesse encontrado soluçando contra a porta do estúdio, ela provavelmente ainda estaria na casa, respondendo perguntas e chorando. Mas assim que ele chegara e a vira naquele estado deprimente, a tinha levado para seu Porsche, a fim de fazer um passeio terapêutico.
Segundo o rapaz, o ator que estava no apartamento dele tinha alugado um barco e pedira que Dylan o pegasse na marina e fizesse um teste.
- Você pode ser minha navegadora - disse ele.
- Não entendo nada de barcos... - Emily fungou.
- Pode ser vigia então. Vou colocá-la perto do mastro, mas você precisa parar de chorar, porque não quero bater em nenhum iceberg.
Ela riu, grata que ele não estava lhe fazendo perguntas desconfortáveis.
- Você saiu de novo ontem à noite? - perguntou Emily.
- Não. Fiquei em casa como fui aconselhado e refleti bastante. Agi como um tolo no restaurante. Não é de admirar que ela me despreze por ser imaturo.
- Não acho que Carly despreze você.
Mas Dylan não estava escutando, queria apenas desabafar.
- Sei que Ethan não atrapalharia meu romance com ela, a menos que estivesse apaixonado por Carly... o que não está. Carly é muito polida para Ethan, que gosta de mulheres um pouco mais rudes. - Ele quase mordeu a língua quando percebeu o que dissera. - Desculpe, sem ofensas.
- Não estou ofendida.
- Eu quis dizer que Ethan prefere um desafio. Qualquer coisa que seja muito fácil o desestimula...
- Assim como a maioria dos homens - brincou ela.
- Acho que sim. - Dylan então voltou ao seu assunto favorito, e enquanto explicava seu plano para conquistar Carly, Emily relaxou.
- Nada como um passeio de barco para desanuviar a mente - finalizou ele.
- Parece que o vento está aumentando - apontou Emily, olhando para o número crescente de ondas. Ergueu a cabeça para o céu. Ainda havia sol, mas nuvens se formavam no oeste.
- Ficaremos mais protegidos quando dermos a volta na ilha. O ancoradouro de Oneroa deve estar calmo.
- Ancoradouro? Dylan, pensei que só estivéssemos dando uma volta - disse ela, ansiosa.
- Estamos. Vamos até Waiheke e voltamos. Com uma parada para uma cerveja. Tenho a chave da casa de Ethan, e sabemos que está vazia. Podemos assaltar a geladeira dele, e assim você pode conhecer o local.
-Dylan!
- Ora, vamos. - Ele riu. - Não está curiosa para dar uma olhada? Ethan nunca saberá que estivemos lá, prometo.
Emily suspirou.
- Nós não deveríamos. Isso é invasão de privacidade.
- Ele não teria me dado a chave e a senha de segurança se não esperasse que eu aparecesse quando quisesse. Ethan a fez chorar, Emily! Não quer manchar o travesseiro dele com suas lágrimas para persegui-lo?
Dylan aceitou o silêncio dela como uma concordância e se dirigiu para a baía.
- Ele não me fez chorar exatamente - admitiu Emily, e enquanto eles amarravam o barco no cais e subiam a escada de madeira para a casa de concreto e vidro, ela contou-lhe sobre a suspeita devastadora do tio, esperando uma reação furiosa de Dylan.
- Legal - foi tudo o que ele falou, digitando a senha na placa de madeira que era a porta da frente. - Eu sempre quis uma irmã.
- Não sou sua irmã - exclamou ela, recuando com o pensamento de uma relação tão próxima com Ethan.
- Falei irmã metaforicamente - disse ele, gesticulando para que ela deixasse as sandálias de lona sobre o tapete, e conduzindo-a para a enorme sala branca, com piso de madeira polido e janelas com vista para ornar.
Emily o seguiu para a cozinha, pensando em como o relacionamento deles poderia ser rotulado.
- Eu seria... bem, a neta de seu tio por casamento, conseqüentemente, nenhuma relação. De qualquer forma, tenho certeza de que tudo isso é bobagem. O ponto que você pareceu não se dar conta é que seu tio já me colocou no testamento. Não está zangado? Só Deus sabe o que Ethan está pensando agora!
- Então, em vez de ficar para confrontá-lo, você fugiu comigo - murmurou Dylan, entregando-lhe uma garrafa de cerveja gelada.
- Nós mo fugimos. - Emily abriu a garrafa e bebeu um gole.
- Então, você não vai casar comigo e me tornar rico!
- Pensei que você já fosse rico, Dylan.
- Não sou muito bom em lidar com dinheiro - admitiu ele. - Bem, se não for você, terei de me casar com uma outra mulher rica, preferencialmente com alguém que tenha habilidade com finanças e me mantenha na linha. Agora, quem eu conheço que se encaixa nesse perfil? - Ele riu, tomou metade da cerveja em um único gole e abriu a geladeira novamente.
- Ei, Cachinhos Dourados, quer experimentar a cama do Papai Urso, enquanto preparo alguns canapés antes de retornar à viagem?
Aquilo falava da diferença da criação dos dois, pensou Emily divertida enquanto se afastava. Ela teria procurado bolachas e Dylan queria canapés.
O resto da casa era tão grande e lindo quanto a sala e a cozinha, os móveis clássicos e simples, os tetos altos cujas pequenas aberturas permitiam a entrada do ar e da luz. Havia dois banheiros luxuosos e uma suíte, a qual obviamente pertencia ao proprietário, porque, através das aberturas da persiana, ela viu um encantador jardim de rosas em miniatura, com um banco diante de uma fonte.

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