Capítulo 1

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O aesthetic acima, confeccionado pela Athena (xxtigressxx), corresponde à personagem Kerttu.

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O país realamente viveu seus "anos dourados " desde a época em que minha mãe instituiu a monarquia constitucional em Illéa até cerca de um ano atrás. Hoje porém tudo é puro caos.

O povo está se rebelando mais uma vez. Havíamos tido alguns conflitos durante os últimos anos, mas todos eram rapidamente solucionados.

Dessa vez era diferente.

Eu sentia como o clima lá fora estava tenso.Os jornais me mostravam todos os dias como o preconceito estava afetando das formas mais cruéis aqueles que descendiam de castas consideradas inferiores.

Os rebeldes espalhavam panfletos anônimos pela rua quase todas as madrugadas.As pessoas estavam aderindo cada vez mais as ideias falsas que eles defendiam.

Eles afirmavam que a monarquia era um resquício do sistema de castas e sendo assim a discriminação só acabaria quando o regime fosse alterado. Eles lutavam por uma república democrática .

Parecia uma bela proposta para o povo.Todavia nós do Castelo conhecíamos o que havia por trás dela.ou melhor dizendo, quem:Marid Illéa.

Não sabíamos onde ele se escondia mas tínhamos certeza que as palavras que hipnotizavam nosso povo o pertenciam .

Marid sempre quis governar Illea, anos atrás tentou usar minha mãe para subir ao trono. Quando foi rejeitado revelou enfim quem era de verdade e acabou por perder todo o público que o amava tanto.Essa não é uma história que eu conheço com muitos detalhes, porém não tenho dúvidas: se ele chegar ao poder a democracia, antes mesmo de começar a vigorar, se tornará a pior das ditaduras.

Meus pais estão agora no escritório estudando todas as possibilidades para controlar a catástrofe que está prestes a acontecer. A ameaça eminente de uma guerra civil é o que mais me assusta.

Temo que o povo se divida entre monarquistas e republicanos. Caso isso ocorra as consequências serão drásticas.

Preciso pensar menos em tudo isso. Mesmo que seja só enquanto estou à caminho do meu pequeno paraíso. O abrigo para crianças órfãs que o general Leger e madame Lucy abriram pouco depois que eu nasci.

Como não puderam ter filhos, decidiram criar uma instituição que ajudasse as inúmeras crianças que sofriam com a dor da solidão e do abandono pelas ruas. Foi uma maneira excelente de solucionar uma questão que a tempos preocupava meus avós.

Eu adoro aqueles pequenos. Lá eu passo abençoadas horas nas minhas quintas-feiras ensinando-lhes um pouco de uma das minhas maiores paixões; que, sem dúvidas, eu herdei da minha avó América . Vê-los tocar violino com tanto empenho me faz ver que ainda existem coisas que valem á pena. Agora estou vidrada no meu querido instrumento observando-o balançar conforme o carro se movimenta.

Meus dedos estão ansiosos para sentir as cordas deslizarem por eles, não há forma melhor de desabafar todo o peso da tristeza que insiste em não ir embora da minha alma.

O carro já estava estacionando e eu começava a sentir a energia boa daquele lugar.

Se meu irmão tivesse vindo comigo ja teria saltado do veículo para se juntar ao pequeno grupo de meninos que eu podia ver pela janela em uma envolvente partida de futebol. Isaac estava no auge de seus 12 anos e não tinha uma "coroa" tão pesada quanto a minha, não carregava a culpa e o medo por tudo que se passava em nosso país.

Todavia o brilho sapeca daqueles olhinhos castanhos eram um ótimo remédio para meus nervos atordoados. Assim como a chuva de abraços que se derramou sobre mim quando adentrei as portas do casarão colorido.

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As crianças são os seres mais iluminados do mundo. Seu carinho e sua sinceridade são o melhor presente que a vida poderia me oferecer.

Mesmo na densa camada de preocupação que insiste em residir no Palácio ainda sinto a leveza delas.

Assim que voltei ao Castelo tentei conversar com meus pais. Entretanto eles estavam em reunião com os ministros.

É estranho. Desde que voltamos da França, há 2 dias, não me atualizaram sobre nada. Estão me excluindo, mudam o assunto quando me aproximo. Está acontecendo uma reunião na qual eu não posso entrar em hipótese nenhuma.

O que é tão grave que precisam me esconder?

Nos últimos tempos eu era convocada a participar de todo tipo de discussão. Fazia parte do "treinamento para governar". Tenho que aprender a solucionar os problemas. Jamais me imagino completamente preparada mas cada reunião tediosa é fundamental para construir boas estratégias.

Sei que algo muito errado está se passando!

É enquanto penso nisso que ouço leves batidas na porta. Sei que é Luna, minha melhor amiga desde que Aspen a levou para morar no LAR, há mais de 10 anos atrás. Atualmente ela veio trabalhar como a minha criada pessoal. Contudo em breve será promovida a minha dama de companhia.

_Pode entrar!

_Kerttu! Ainda bem que está aqui!Estão te chamando com urgência no escritório.

_Você tem ideia do motivo?

_ Não. Mas estou louca para descobrir o que vem sendo planejado a semana toda no mais absoluto sigilo!

_Será algum projeto novo então?

_ Talvez...sei apenas que é algo grandioso. Corre logo pra lá antes que eu morra de curiosidade!

_Ok! Faça algo útil da vida enquanto me espera, por exemplo: leia orgulho e preconceito pela décima vez, esse livro sempre tem algo novo pra ensinar. Volto pra cá voando assim que sair do escritório. -disse já caminhando pelo corredor.

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