Capítulo 3

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Decidi que poderia pular o jantar essa noite. Minha cabeça estava prestes a explodir. A cama, com seus cobertores calorosos, era a coisa mais atraente no mundo inteiro nesse momento . Queria tanto apagar qualquer lembrança desse dia!

Mas não seria o bastante para interromper a Seleção. Estava quase entrando em pânico só por pensar que daqui duas semanas minha casa estará tomada por 35 rapazes deslumbrados e centenas de câmeras .
Sei que não restará um só minuto de privacidade.

Estou girando de um lado para outro na cama, agarrada ao meu travesseiro, porém não encontro nenhuma posição confortável o suficiente. Minha imaginação insiste em não descansar. Penso sobre como vai ser de agora em diante.

Conseguirei atender as expectativas que as pessoas têm sobre mim? Qual será a reação delas quando nenhum dos selecionados for escolhido?

Se sentirão enganadas! Terão um verdadeiro motivo para se revoltar. Mostrarei que sou indecisa , insegura defeitos que guardo bem lá no fundo; não posso permitir que características assim tornem-se conhecidas.

Devo erradiar segurança e força. Mas é tão difícil fazer isso quando se tem um coração partido!

Desde pequena sempre me encantei pelos contos de fada não havia passa tempo melhor que viajar para o mundo mágico visto nos livros. Contudo a minha história favorita nunca deixará de ser a de vovô Maxon e vovó Meri. Claro que eu gostava de ouvir sobre a Seleção da mamãe, mas meus avôs contam tudo de forma tão cativante. Além disso o amor e a cumplicidade que transborda entre eles;e o dom de se comunicar com apenas um olhar que prevaleceram mesmo com o passar de todos esses anos é algo realmente inspirador.

Machuca muito saber que jamais viverei algo assim.

Depois do quase fracasso que ocorreu na época da Seleção da mamãe achei que esse costume seria deixado de lado. Obviamente já imaginei-me diversas vezes tanto no papel de mamãe quanto no de vó América, mas pareciam possibilidades distantes demais.

E tinha Derick: cavalheiro, loiro, olhos de um verde quase castanho. O estereótipo do príncipe perfeito. Perigosamente próximo, crescemos juntos. Nós dois e Jean; nunca tive muita tolerância para com as brincadeiras sem graça de meu primo, vivíamos em pé de guerra ele era uma ponte entre os pólos opostos. E aos poucos as atitudes daquele que antes era apenas um "pólo oposto" foram me conquistando.

Secretamente eu já o via como meu príncipe consorte. Sonhava que com ele viveria um amor quase palpável como o dos familiares que me rodeavam.

Todavia meus castelos com bases frágeis e paredes de brisa ruiram ao vê-lo tratar-me como um objeto de diversão .

Lágrimas banham minhas faces enquanto recordo tudo que ele significou para mim. Enfim concluo que o mais belo entre os sentimentos não é para todos. Alguns , como eu, não possuem esse privilégio.

Ao constatar isso vejo como desejo continuar sendo independente. Não há companheiro melhor que o amor próprio.

Então fica evidente, essa não é uma opção. Ser a futura rainha de um país exige sacrifícios. Terei que escolher um dos 35. Deixarei essa decisão para o povo.

Escolherei conforme a opinião pública obtida em enquetes. Meu coração estará trancado. Proibido de se apegar a qualquer um deles. Queria torná-lo uma pedra de gelo. Mas uma singela e insistente faísca de esperança vem negando a se apagar.

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Não acredito que já é novamente o dia do Jornal Oficial. Como uma semana inteira pode ter passado tão rápido?

É usando um belo vestido azul marinho, acompanhado por um par de luvas longas na mesma cor, e mantendo o cabelo preso em um coque, no formato de uma rosa perfeita, que pretendo realizar o evento tão aguardado por todos.

     A minha frente estão 35 grandes recipientes de vidro transparente cheios até a borda com milhares de envelopes

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A minha frente estão 35 grandes recipientes de vidro transparente cheios até a borda com milhares de envelopes. As câmeras já estão posicionadas para me filmar nos mais diversos ângulos. Querem registar bem minha reação depois de cada carta aberta.

Temo que não possa esconder as mãos e pernas trêmulas por muito tempo. Ainda bem que Gustave se dispôs a abrir os envelopes e ler os nomes. Se tivesse que fazer isso sei que iria gaguejar e não seria nem um pouco interessante um constrangimento desse em rede nacional .

Começaremos agora. Eu me coloco de pé, a caminhar na direção dos recipientes. Retiro um dos muitos formulários vindos de Kent, em seguida repito o processo com Clermont. Quando é a vez de Honduragua tento apanhar um bem lá do fundo, mas sinto-o escorregar entre meus dedos, seja ele quem for perdeu a chance de conhecer o Palácio; rapidamente seguro outro envelope.Em Sunmer, consigo pegar um quase encostado na base de vidro.
Na vez da província de vovó, Carolina, embaralho os formulários e até jogo alguns para o alto, fazendo um pouco de graça, enquanto um deles cai em minhas mãos vejo os outros se depositarem de volta na montanha de papéis.

Ao terminar a primeira fase do processo me sentei junto à meus pais; Gustave, em uma confortável cadeira de frente para nós, já abria o primeiro formulário.

Finalmente chegou a hora de conhecer quem serão os participantes nessa competição. A imagem de cada selecionado aparecerá no telão atrás de Gustave assim que seu nome for divulgado.

_ Illéa está em festa essa noite! Saberemos agora quem são os 35 garotos mais sortudos do país!
Enfim, vou poupa-los de maiores suspenses e reveler o primeiro selecionado, diretamente de Midston, o nome dele é: Philipe Collins!
O próximo virá de Sota: Anthony Johnson! - ele dizia aquilo com entusiasmo admirável e após cada um fazia uma pequena pausa.

Gustave continuou lendo nomes pelo que me pareceu uma eternidade, eu sentia a tensão percorrer meu corpo desde o último fio de cabelo até a ponta do dedo mindinho do pé.
Temia esboçar expressões erradas, que gerassem más interpretações, mantinha-me (ou tentava manter-me) rigida, inabalável.

Uma infinidade de garotos com semblantes reluzentes loiros, morenos e ruivos; com olhos das mais diversas cores ; que sorriam das formas mais cômicas passaram no telão diante de meus olhos.

_....Harry Williams da Carolina!- Gustave prosseguia e, ao contrário de mim, sua empolgação aumentava a cada som emitido por suas cordas vocais - Dylan Adams de Angeles!Nicholas Cooper da Honduragua! -tenho o vislumbre rápido de um garoto de cabelos em um castanho bastante próximo do loiro que possui algo diferente dos demais, antes que eu perceba o que é sua imagem desaparece - Frederich Scoot da Columbia! E a província restante é Zuni cujo selecionado será Allan Parker! Em nome de toda Illéa, juntamente a família real, eu quero parabenizar os nossos 35 cavalheiros. E lembra-los de aproveitar com sabedoria a chance de ouro que estão tendo para conquistar o coração da nossa futura rainha!

Eu sorrio timidamente e procuro manter a postura nos minutos finais. Quando as luzes das câmeras se apagam sinto cada milímetro do meu corpo relaxar. Sei que, assim como na semana anterior, a televisão nacional exibe agora um pequeno documentário explicando processos burocráticos para o bom andamento da próxima etapa da Seleção, no intuito de orientar melhor os garotos.

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