BÔNUS

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❤ O aesthetic acima, feito pela Athena (xxtigressxx), corresponde ao personagem Nicholas Cooper.

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Em comemoração aos "3Ks" decidi escrever esse capítulo bônus.
É uma forma singela de agradecer cada um de vocês que têm acompanhado a história da Kerttu até aqui.

"No momento", Nicholas se destaca como o favorito do povo de Illéa. Por isso, resolvi conceder um espacinho para que ele nos conte sobre um dia muitoo peculiar da sua vida pacata: o dia do sorteio!

(Querem saber mais sobre algum dos outros rapazes?! Podem perguntar à vontade .😉 Inclusive, dependendo das curiosidades que surgirem podemos ter outros bônus, narrados pelos demais garotos. )

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(Nicholas)

Abri a porta e entrei cabisbaixo, não queria conversar com ninguém naquele momento. Estava em maus lençóis e precisava me trancar no quarto até pensar numa solução.

- Nick! - gritou Natalie, com uma empolgação singular. - Você veio assistir o sorteio aqui em casa?

O sorriso no rosto daquele pedacinho de gente quase me fez esquecer o que se passara minutos atrás e a pergunta animada fornecia uma boa desculpa para o fato de eu ter retornado tão cedo.

- Exatamente! - corri as mãos pelo cabelo enquanto dizia a mentira, num tom suficientemente alto para que vovó ouvisse. Assim eu não precisaria repetí-la diante dos seus olhos sagazes. - Fui liberado mais cedo para... - interrompi minha fala ao deparar-me com Newton equilibrando-se num banco com a ponta dos pés, usando um guarda-chuva como extensão das mãos, para alcançar algo em cima do velho armário, instalado do outro lado da sala.

- O que você está fazendo?!

- Papai escondeu meu caderno de desenho lá em cima!

- Desça, vou procurá-lo para você.

Imediatamente, fui ao socorro de Newton, Deixando Nathalie debruçada sobre o tapete, com o rosto apoiado nas mãos e os olhos cravados na tela da televisão.

Meu irmão caçula abaixou o guarda- chuva e virou-se para mim, em sinal de rendição. O tomei nos braços, colocando-o em terra firme e, em seguida, subi no pequeno banco.

Não demorou para que eu encontrasse o caderno de capa alaranjada, decorada por diversas ilustrações dos supe-heróis que ele tanto gosta.

- Achei Tom!

Quando ia descer, com o caderno já em mãos, ouvi algo que, literalmente, me tirou o chão:

"Nicholas Cooper, da Honduragua..."

Na sequência uma foto minha preencheu a tela, por alguns segundos, sendo substituída pela de outro rapaz, cujo nome eu fui incapaz de escutar, pois ao virar-me depressa para mirar a televisão enquanto Gustave Fadaye anunciava meu nome, acabei me desequilibrando e caí, da forma mais cômica possível.

Newton explodiu na gargalhada diante da cena. Lá estava eu: estirado no chão, com o referido caderno aberto sobre o rosto.

- Nicholas vai morar no castelo vovó!

Levantei-me atordoado, encontrando o rosto surpreso de minha avó na porta entre a sala e a cozinha.

Newton, que agora tinha o objeto almejado em mãos, encarava-me assustado:

- Você vai embora?

- É claro que não, garoto! - disse enquanto afagava seus cabelos de modo fraternal.

- Vai sim! - afirmou Natalie, saltidando com os pezinhos descalços no chão frio, pois aproximara-se fe nós, abandonando o tapete. - E vai conhecer de verdade a princesa!

Lancei um olhar, que implorava socorro, na direção de vovó. Nem eu mesmo sabia o que estava acontecendo. Jamais imaginei que houvesse alguma chance do meu nome ser sorteado.

- Ele vai passar apenas alguns dias longe, queridos. - Concluiu com admirável calma.

- Mas e se a princesa o quiser lá para sempre? - Tom questionou com lágrimas nos olhos e Natalie pareceu lembrar-se pela primeira vez dessa possibilidade remota.

- Se isso acontecer, você voltará para nos buscar, não é mesmo?

- É...

- Ainda é muito cedo para pensar nisso. - novamente vovó me salvou.

- E eu prometo voltar pra vocês! - abri os braços e os puxei para mais perto, envolvendo-os num abraço.

Acenei para que vovó se juntasse a nós. Assim, tinha a sensação de que poderia protegê-los de qualquer coisa. Diante disso, a verdadeira razão para que eu estivesse em casa tão cedo retornava a minha mente.

Repassei os fatos: meu pai se metera em mais uma briga, novamente no bar/restaurante em que eu trabalhava. Pela primeira vez me vi obrigado a intervir. Ele estava bêbado demais para se defender e acabaria morrendo se eu não parasse seu adversário. Porém, na semana passada, um episódio semelhante havia se desenrolado e meu pai estava envolvido até o pescoço, seu Herbert jurou que não iria tolerar mais aquele tipo de comportamento no recinto, proibindo os participantes de retornarem ao local. No entanto, meu pai decidiu que não deixaria de frequentar aquele espaço; não satisfeito em passar pela ordem do proprietário, ele bebeu muito mais do que conseguiria pagar e arrumou uma nova confusão, que acabou custando, além da dor nos punhos, o meu emprego.

Não sabia como contar aquilo para minha avó. Já fazia mais de fois anos que meu salário era o que garantia a comida na mesa. Foi nesse instante que passei a encarar a Seleção com novos olhos.

Nunca quis participar de um reality show no qual sentimentos estão em jogo. Entretanto, agradecia mentalmente pela insistência de Natalie e vovó para que eu me inscrevesse. Fiz, sobretudo, para agradá-las. A primeira alegava que eu não poderia conhecer de perto a realeza e que não havia nada que pudesse trazer mais felicidade fo que isso. A segunda, por outro lado, sustentava-se em argumentos mais sólidos, ao declarar que eu estava prestes a desperdiçar a única oportunidade que teria na vida, por nem sequer me inscrever. Minha avó já havia acompanhado não apenas uma, mas duas Seleção e sabia que os participantes não tinham somente quinze minutos de fama. A maioria deles conseguia, de fato, melhorar significativamente suas condições de sobrevivência.

Desse modo, a Seleção passava a representar minha tábua de salvação. Iria participar pelo menor tempo possível, se preciso fosse daria meu jeito de "escapar" do castelo. E quando retornasse para casa seria dezenas de vez mais fácil conseguir um novo emprego.

Um plano simples, sem grandes dificuldades, parecia que, depois de mais uma rasteira do destino, a sorte finalmente estava jogando a meu favor.

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