Catorze

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 — SENHOR NATSU DRAGNEEL e sua namorada, Lucy Heartfilia. — Anunciou o mordomo, e sua voz ressoou no salão que ficou em completo silêncio naquele momento.
        Senti os olhares curiosos repousarem sobre mim e remexi-me incomodada. Erza e Mira lançavam-me olhares surpresos e chocados e, só de pensar como seria assim que Meredy chegasse, fui tomada por um grane tremor. De repente senti muito frio.
        Natsu colocou sua mão sobre a minha, fazendo-me acordar.
        —Está tudo bem. — Sussurrou, de certo modo esquentando-me com suas palavras. - Estou aqui. Só precisa confiar em mim.
        Observei seu rosto com atenção. Ele também parecia nervoso, afinal, se nossa farsa não fosse perfeita, seria obrigado a se casar com alguém que mal conhecia.
        Sorri para ele, sentindo minhas bochechas esquentarem.
        — Eu confio em você. Sei que vai dar tudo certo, pois está aqui.
        Suas bochechas foram tomadas por um tom rubro. O salão inteiro vibrou ao ver-nos, ambos, corados. Não demorou muito para as pessoas virem em nossa direção, ansiosas para darem uma olhada em mim.
        Após muitos e muitos nomes e rostos para memorizar, murmurei para Natsu:
        — Hey, estou cansada. — Meus saltos estavam me matando. — Poderíamos nos sentar?
        — Claro. — Sorriu virando-se para o grupo com qual conversava animadamente. — Com licença, senhores.
        Andamos até a mesa em que as tão conhecida ruiva e albina estavam e o rosado puxou uma cadeira para mim.
        — Obrigada. — Murmurei feliz em finalmente descansar um pouco.
        — Então... — Começou Erza com um sorriso malicioso. — Namorada, hein?
        Nós dois coramos.
        — Não era você, Natsu, que estava dizendo que para namorar com Lucy a pessoa deveria ser louca ou ter sérios problemas mentais? — Lembrou Mira.
        — Fi-fique quieta, Mira! Tenho meus motivos para isso ter acontecido.
        — Que grosso! — Exclamou ela, segurando o riso.
        — As coisas parecem estar animadas por aqui, Salamander. — Balbuciou uma voz atrás de Natsu.
        — Gajeel! — Exclamou, assim que o viu. Era um garoto que aparentava ter nossa idade, com grandes e rebeldes cabelos negros. Seus olhos eram de um vermelho vivo e ele tinha, exageradamente, muitos piercings em seu rosto. Em cima da sobrancelha, no nariz, na orelha... E carregava em seu ombro um gato negro. — Não esperava vê-lo aqui! E com Lily ainda por cima!
        — Realmente não planejava vir. — Respondeu, sentando-se na cadeira vazia ao lado de Natsu. — Mas lembrei que você talvez fosse se dar mal, você sabe — ele mordeu um pedaço de maçã que estava na cesta de frutas no centro da mesa — com esse lance de casamento forçado e tal, porém você deu um jeito de se livrar disso. — Riu debochado, olhando em minha direção.        — Valeu loirinha, por sua causa vim aqui para nada.
     — O quê? — Murmurei.
        — Não seja rude, Gajeel! — Bronqueou Erza.
        — Bem, não que me importe. — Ignorou-a. — O importante é a opinião do velho.
        O rosado lançou lhe um olhar sério.
        — Você está torcendo para algo dar errado. — Acusou.
        — Mas é claro! — Concordou com um sorriso.
        — Gajeel! Deixe o pobre Natsu em paz! — Advertiu Mira. — Se continuar o zombando, vou ficar brava.
        Olhei assustada para Mira. O que ela estava dizendo para um mafioso? Tamanha foi minha surpresa quando ele virou o rosto para o lado murmurando um “Tsc”.
        — Er... — Comecei. — Como é seu pai, Natsu?
        Seu rosto tomou um tom azulado, embora suas bochechas tenham tomado um tom rubro.
        — C-como posso descrevê-lo?
        — Estranho? — Opinou Erza.
        — Animado? — Sugeriu Mira.
        — Pirado. — Disse Gajeel desinteressado.
        — Isso tudo. — Concordou. — Ele é meio... Inusitado, talvez?
        — Talvez?
        Neste momento as luzes desligaram e a voz do mordomo voltou a ecoar pelo salão.
        — Meredy Dragneel... — Senti meu sangue gelar. Era agora. — E seu pai, Igneel.
        Um holofote saído sei-lá-raios-de-onde iluminou a entrada, e lá estavam eles.
        Meredy estava uma graça. Seu cabelo curto tivera as pontas cacheadas, e usava uma tiara branca para combinar com seu lindo vestido branco, que parecia brilhar. Ao seu lado, encontrava-se um homem de aparência jovial. Seus cabelos eram rosa, assim como seus olhos. Vestia uma camisa negra com risca de giz e usava uma gravata rosa. Ele era... Bem bonito. Não aparentava nem um pouco ser pai de três filhos.
        — Levante-se Lucy. — Avisou-me Natsu. — É agora!
        Aquele nó no estômago que não sentia desde a primeira vez que vim para a mansão Dragneel havia voltado. Acho que no fim, ele significa ansiedade.
        Caminhamos lentamente até o centro do salão, onde Igneel e Meredy estavam cercados, sendo — tenho quase certeza — bajulados pelos convidados.
        Ao chegarmos lá, Natsu pigarreou e o grupo pareceu evaporar, abrindo passagem para nós.
        — Meredy. — Disse ele. — Está muito fofa.
        — Obrigada Onii-sama! — Ela olhou em minha direção com um olhar de desânimo. — Ah. Então você veio, bruxa velha.
        — O-oi Meredy-san. — Murmurei, ignorando a onda de irritação que me perpassou.
        Ela caminhou até nossa frente e puxou meu braço do de Natsu, entrelaçando o dela no dele e mostrando a língua em minha direção. Natsu riu, envergonhado pela atitude da irmã.
        — Então você é Lucy Heartfilia, a garota dos boatos. — Disse Igneel, fazendo-se presente.
        — Que boatos? — Indaguei.
        — Você não sabe? — Espantou-se.
        — Não...
        Observou-me, analisando-me completamente.
        — Então... Você é a namorada do meu pequeno Natsu... Hum... Belo corpo. — Elogiou.
        — O quê? — Perguntei surpresa.
        — Velho! — Advertiu Natsu.
        — Belo corpo? — Indagou Meredy. — Onde? A única coisa que presta nela são esses pares de peitos, e tenho certeza que são falsos!
        Olhei-a chocada. Ela era só uma criança! Que tipo de palavreado ela estava usando?!
        — Não. — Respondeu Igneel. — Veja bem, Meredy, como poderiam ser falsos?
        — É um daqueles enchimentos práticos, não?
        — Impossível! Existem enchimentos desse tamanho?
        — Ela pode estar usando mais de um, não?
        — Faz sentido...
        Sem perceber, os dois entraram em uma discussão própria deles.
        — Desculpe, Lucy. — Pediu Natsu. — Esqueci de avisar, mas ele pode parecer ser meio pervertido.
        — Você acha? — Perguntei irônica.
        — Só tem um jeito de saber. — Concluiu Igneel, virando-se em minha direção. — Terei que tocá-los.
        — Ha? — Exclamei chocada, protegendo-me com meus próprios braços.
        — Vamos lá, Lucy. É pelo bem da ciência. — Por um segundo, juro tê-lo visto soltar o ar pelo nariz, igual um touro quando excitado.
        Natsu protegeu-me com seu braço, entrando na frente.
        — Pare com isso, velho! Você está a assustando!
        — Ora, Natsu... Aposto que você também quer tocá-los. — Acusou, e Natsu corou.
        — C-claro que não!
        — Não? Espera! Quer dizer que vocês ainda não...
        — Waah! Não diga! — Desesperou-se Natsu.
        Igneel riu maliciosamente, olhando em minha direção.
        — Então Lucy, você dois por acaso já...
        — É claro que não! — Interrompeu Meredy. — O Onii-sama jamais faria isso! A única pessoa com quem ele fará isso algum dia serei eu!
        — Não, Meredy! Papai lhe proíbe permanentemente de fazer isso!
        — Não! Irei me casar com o Onii-sama e seremos muitos felizes com nossos trinta filhos!
        — Mer, já disse que isso não vai acontecer. — Esclareceu Natsu. — Você é minha amada irmãzinha e só.
        Os verdes olhos da rosada encheram-se de lágrimas.
        — O Onii-sama não me quer mais! — Berrou. — E é tudo sua culpa, sua bruxa velha!
        — Minha culpa?! — Exclamei.
        — Mer, com toda certeza a culpa não é dela.
        — É sim, Onii-sama! Ela roubou você de mim! Bruxa velha! Bruxa velha! Ladra! Bruxa! Velha caquética! Bruxa velha!
        — Pare com isso, Meredy! — Rugiu Natsu irritado.
        Meredy começou a chorar ainda mais.
        — Filha, não fique assim! — Pediu Igneel, abraçando-a. Olhou irritado na direção de Natsu. — Não poderia ter sido mais gentil?
        — Ele tentou, mas Meredy realmente precisava disso. — Disse uma mulher de longos cabelos negros. Trajava um vestido negro com detalhes perolados, seus olhos eram castanhos e segurava um leque preto com detalhes brancos em frente à boca.
        — Ultear! — Exclamou Natsu. Se me lembro bem, ele ligara para ela no dia que salvei Meredy.
        Ultear fechou seu leque e bateu fortemente na cabeça de Igneel.
        — Por que fez isso? Doeu!
        — Era a intenção! Por que não me esperou?
        — Queria conhecer logo a namorada do Natsu.
        — E isso é motivo para não me esperar?
        — Você estava demorando demais, Ur!
        — É verdade! — Concordou Meredy, que incrivelmente havia parado de chorar. — Queria ver o Onii-sama logo!
        — Dê um tempo nesse fetiche, Meredy!
        — Não é um fetiche! Onii-sama e eu ainda iremos trocar juras de amor algum dia!
        — Já disse que não! Papai proíbe!
        — Pare de gritar, Igneel! É rude! O que Lucy vai pensar?
        — Acho que agora é tarde para pensarem nisso... — Observou Natsu.
        Todos olharam para mim.
        — É um prazer conhecê-la, Lucy. Meu nome é Ultear Milkovich, sou a governanta dos Dragneel.
        — Ah! O prazer é todo meu!
        — Que festa mais chata. — Murmurou Igneel. — Está sem nenhuma animação. Lyra! — Chamou, e uma garota de cabelo castanho claro apareceu ao seu lado.
        — Pois não, senhor Dragneel?
        — Dê uma animada nessa festa, por favor!
        — Sim, sim! — Exclamou animadamente.
        — Lyra... A famosa cantora Lyra? — Indaguei para Natsu.
        — Então você a conhece. Nada mal.
        Igneel pigarreou ao meu lado.
        — Então, senhorita Heartfilia, me daria a honra dessa dança?
        Olhei para Natsu em busca de uma resposta, porém Meredy o puxou pelo braço e começaram a dançar.
        — Claro. — Respondi sorrindo.
        Segurei a mão que estendia-me e começamos a rodopiar pelo salão, como várias outras pessoas começaram a fazer. A música era bastante animada, e Igneel sabia fazer piadinhas, de modo que ri quase toda a dança.
        — O Natsu deu muito trabalho? — Indagou, perto do final da música.
        — Eh? Um pouco. Ele adora me irritar e não consigo saber o que ele pensa, mas... Existem pessoas mais difíceis de lidar. — Como a Meredy, por exemplo; pensei.
        — Entendo. — Sorriu timidamente. — Não o leve a mal, Lucy. Antigamente ele era bastante animado, entretanto ocorreu um acidente e bem... Só digamos que ele começou a agir assim. Embora ache que não importa dizer isso uma vez que o namora, então já deve saber.
        Sorri envergonhada. Igneel era tão legal! Sentia-me muito mal em enganá-lo dessa forma.
        A música finalmente chegou ao fim, mas Lyra não parou nem para respirar! Logo em seguida começou uma bela música.
        — Senhor Dragneel. — Chamou Natsu. — Poderia pegar minha acompanhante para esta dança?
        Igneel suspirou dramaticamente como se aquilo fosse a última coisa que quisesse, e entregou-me para Natsu sorrindo. Enquanto isso, Lyra entoava:

Meu Estranho MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora