Cinquenta e cinco

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A ENTRADA DA mansão estava completamente vazia, o que me fez estranhar o local. Ali nunca fora um lugar que tivesse cantos vazios — com exceção dos corredores —; Virgo sempre sabia quando havia alguém na entrada e sempre vinha atender, além de já ter visto alguns dos funcionários fantasmas que limpam e preparam a comida durante minha estadia aqui.

— Onde está o pessoal? — Indaguei.

— Na sala de estar, provavelmente. — Respondeu Igneel. — Ou no escritório de Natsu.

Meu coração apertou-se por um segundo. Natsu. Não havíamos nos falado muito quando ele apareceu para me resgatar, e não parecia disposto a mudar isso quando tentei falar sobre... Gray...

— Espero que meus anjos estejam bem. — Iryn pronunciou. Ela também parecia levemente tensa.

O rosado bufou.

— São suas filhas, Iryn. Até mesmo aquela criança, Lisanna, sabe como se defender. — Ele parecia estranhamente irritado agora.

— Você tem razão... — Concordou Iryn. — Espere um pouco! "Aquela criança"? Não me diga que ainda não perdoou Lisanna pelo o que aconteceu?

Só então compreendi. Muito tempo atrás, Lisanna dissera que Igneel não gostava dela, e Natsu confirmara dizendo que era pelo ocorrido com Sting.

... Como Igneel me trataria se soubesse que beijei meu ex-namorado depois que comecei a namorar seu filho?

Yamaguchi coçou a parte de trás do pescoço.

— Veja bem... Perdoar Lisanna depois dela ter traído meu filho é meio...

— Ora essa! — Iryn inflou as bochechas e seu rosto começou a ficar avermelhado.

— Espera! Iryn, mantenha a calma!

— Mantenho a calma coisa nenhuma! Isso é um insulto para mim!

— Bom, também foi um insulto para mim o que sua filha fez! — Igneel rendeu-se à raiva também.

— Vocês dois... — Tentei intervir. — Vamos nos acalmar, certo?

Ambos viraram seus olhares furiosos para mim, o que provocou-me um pouco de medo. Suspiraram, desviando a atenção para outro canto e tentando não olharem um para o outro.

— Isso me lembra os velhos tempos, quando Layla apartava nossas brigas. — Iryn comentou, deixando um riso nostálgico escapar de seus lábios.

— Ela costumava fazer isso um bocado... — Igneel comentou, rindo.

Senti um aquecimento em meu peito. Desde que minha mãe morrera quando era pequena, papai perdeu o costume de contar-me suas façanhas. Ver que amigos dela ainda lembravam-se tão bem dos momentos vividos juntos fazia-me sentir saudade.

— Olha... — Iryn começou, virando-se para Igneel. — Não vejo porque ainda não se permite perdoar Lisanna. Seu próprio filho deu-lhe outra oportunidade. Como pai, não pode fazer isso também? Lisanna é uma ótima pessoa, assim como aquele garoto loiro. Eles só tiveram problemas ao longo do caminho.

O rosado encarou-a. Pela primeira vez, não soube que tipo de resposta Igneel poderia dar.

— Acho que posso tentar.

— Viva! — Iryn comemorou batendo palmas e logo jogou-se em cima do Yamaguchi, aplicando-lhe um belo beijo na bochecha. — Como imaginei, você é o melhor!

— Sabe... — Comecei, atraindo a atenção para mim. — Você não parece igual aos outros membros da máfia de Acnologia, Iryn. Todos com quem me encontrei pareciam extremamente perigosos e ameaçadores. — Com exceção do Cruela, adicionei mentalmente.

Meu Estranho MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora