Cinquenta

230 20 14
                                    

NATSU VIROU-SE PARA mim, segurando meus ombros gentilmente.

— É melhor você ficar aqui. — Soltou.

— De maneira alguma. — Contradisse. — Se eu vim até aqui — apontei para o corredor do hospital, tão silencioso que nossas vozes quase ecoavam —, não há motivo para ficar plantada nesse corredor. Quero saber o que houve também!

— Vocês dois, parem de enrolar! — Bronqueou Igneel, pela primeira vez sério. — Algo sério aconteceu lá em cima!

O elevador abriu sua porta e nós três entramos, acompanhados de Loki, no cubículo cinza e espelhado.

— O que acham que aconteceu? — Perguntei, temendo a resposta.

— Algo muito ruim. — Afirmou Loki.

— O que foi, afinal? — Indagou Natsu. — Você apenas disse que havia uma emergência e não citou mais nada...

O ruivo adotou um olhar tristonho.

— Vai saber quando chegarmos lá. — Soltou junto a um suspiro.

Não demorou até o elevador voltar a abrir as portas e sairmos em um longo corredor que estava com um certo nível de barulho. Hesitei antes de dar um passo para dentro dele. Conhecia aquele lugar, conhecia aquele corredor, e não estava gostando nem um pouco daquilo.

— Lucy? — Chamou Natsu, estranhando minha hesitação.

— É o corredor do quarto do Mystogun. — Afirmei, convicta. Um arrepio percorreu meu corpo.

— Mesmo? — Observou-me surpreso. — Como sabe isso?

— É o momento certo para falar disso? — Indaguei.

— O que estão fazendo? — Chamou Loki. — Venham logo!

Calamo-nos e o seguimos. A cada passo mais alto as vozes iam ficando, mais desesperadas e mais familiares. Senti um enorme nó se formar em minha garganta. Uma delas gritava.

— Natsu... — Murmurei, segurando sua mão mais fortemente.

— Tudo bem. — Apertou a minha de volta, tentando me reconfortar.

Não estava nada bem!, meu pensamento gritou. De uma hora para outra tudo estava muito turbulento! Muito!

Chegamos na porta e meu corpo travou com a visão. Meu coração falhou uma batida.

Jellal estava agarrado ao corpo do irmão com lágrimas torrenciais escorrendo pelo rosto e Erza estava agarrada ao braço deste, tentando desesperadamente afastá-lo.

— Mystogun! — Gritava o azulado com a voz mais desesperada que já ouvira em toda a minha vida. — Não! Mystogun!

— Jellal, se afaste por favor! — Implorava a ruiva, contendo as próprias lágrimas. — O médico precisa descobrir a causa!

— A causa? — Replicou irritado, o ódio transparecendo no olhar e sendo direcionado para Erza. — Não está óbvio? — Apontou para os aparelhos, todos desligados.

— Mas apenas desligaram porque ele...

— Saia.

— O quê?

— Saia, Erza! Saiam todos! Isso aqui não é um show para entreter a todos! — Sibilou. — Saiam!

Ninguém parecia ter força ou vontade de contradizê-lo, então silenciosamente todos saíram. Igneel parecia ter algo bem sério para conversar com o médico, pois tanto ele quanto Loki seguiram silenciosamente o doutor.

Meu Estranho MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora