Dezessete

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QUE DEMORA! — Reclamou Natsu pela milésima vez naquela semana. — Como pode demorar tanto para se trocar?
        — Ah! Cale a boca! — Bufei, abrindo a porta de seu porsche e jogando-me no banco do carona.
        Faz duas semanas que estou trabalhando no Fairy Latte.
        — Sinceramente Luce, não consigo imaginar porque demora tanto.
        — Me deixe em paz! — Exclamei exasperada. — Esse trabalho é importante para mim, sabia? O local tem um clima agradável e excelente para se trabalhar, fora o fato de o salário ser bom o bastante para pagar o aluguel do meu apartamento. E não me chame de Luce! É Lucy! Lucy!
        — Não é como se Tara estivesse lhe cobrando, certo? Afinal, você nem está morando lá no momento!
        — Acho que você deveria parar de implicar com meu emprego, Natsu! Nem somos namorados de verdade! Não vejo o porque de você ficar cheio de reclamações. Até parece ciúmes!
        — O quê? É claro que não tenho ciúmes de você!
        — Então pare de reclamar! Sinceramente...
        — Mas Luce, você não está me escutando. Estou dizendo isso para seu bem!
        — Não brinque assim comigo, Dragneel. Não é porque aceitei ser sua namorada que deixarei mandar em mim.
        Suspirou fortemente.
        — Viu? Depois reclama quando a chamo de cabeça dura.
        — Eu não sou cabeça dura!
        — Não disse?
        — Somente não entendo essa sua neura em dizer que Sting é um perigo! — Ignorei-o.
        Um clima ligeiramente desagradável pairou sobre o automóvel.
        — Sting? — Murmurou o rosado.
        — O quê? — Indaguei, lançando meu olhar em sua direção.
        — Já está o chamando assim, tão intimamente?
        — Estou. Qual o problema?
        — Nenhum. — Respondeu, focando sua atenção na pista. — Não avisarei novamente, então.
        Lancei lhe um olhar confuso, porém contentei-me com o silêncio, e assim voltamos para casa.

✩✩✩

        — Lucy! — Chamou-me Evergreen no dia seguinte.
        — Sim? — Indaguei ao mesmo tempo em que terminava de montar um parfait para um dos clientes.
        — Entendo que ainda é cedo demais... Porém quero lhe entregar isto. — Estendeu-me um envelope branco.
        — O que é isso? — Perguntei abrindo o objeto.
        — Pagamento. — Especificou.
        — S-sério? — Animei-me. — M-mas... Não é muito cedo? Faz apenas duas semanas que comecei...
        — E já está no topo de empregados populares da cafeteria. Isso é incrível, sabia? — elogiou.
        — Obrigada! — Agradeci orgulhosa. Embora ache que o principal motivo de ser tão popular seja por causa do namoro com o senhor Dragneel... Arregalei meus olhos a ver a quantia ali contida. — Evergreen-san...
        — Pois não?
        — Isso não está errado...? Quero dizer... É muito...
        Ela contou a milhares notas ali contidas.
        — Está certo! Falta alguma quantia. — Fiquei com a boca entreaberta. — Tudo bem descontarmos mês que vem?
        — C-claro... — Balbuciei sem jeito.
        — Bem... De volta ao trabalho!
        — Okay... Hum... Antes poderia fazer uma ligação?
        Ela suspirou, pensando no meu caso.
        — Tudo bem. Sting! Leve esse parfait até a mesa oito!
        Corri até a sala dos empregados e peguei meu celular, que mantinha em um bolso escondido do kimono. Disquei o número dele rapidamente e prontamente fui atendida.
        — Alô?
        — Natsu? Sou eu, Lucy.
        — O que quer? Estou meio ocupado agora... Não pode deixar para quando for lhe buscar? — Indagou pelo outro lado da linha, exasperado.
        — Não, é exatamente sobre isso... Não precisa vir me buscar hoje. — Fez-se silêncio do outro lado da linha. — Natsu? — Chamei.
        — Posso saber o motivo?
        — Não. — Murmurei brincalhona.
        Ouvi-o suspirar fortemente do outro lado da linha.
        — Não vai mesmo me contar?
        — Não.
        — Então irei pensar que está aprontando algo, tudo bem?
        — Que grosseria! Só preciso ir a um lugar e não quero que me acompanhe. Será que isso é estranho?
        —...
        — De qualquer forma, não precisa vir me buscar!
        — Tudo bem. — Sua voz demonstrava cansaço. — Pode pelo menos me dizer como pretende voltar para a mansão?
        — Aries-chan se ofereceu para me buscar. — Menti. No entanto, ela havia dito que sempre que precisasse poderia pedir a ela para me buscar.
        — Entendo... Tem um dedo dela nessa história... Então tudo bem. Não terá minha agradável companhia hoje à tarde.
        — Agradável? — Ri. — Onde?
        — Haha, boa tentativa, Heartfilia, mas não irá me estressar.
        — Tsc! Que chato. — Murmurei.
        — Então okay, tenho que desligar... E Lucy...
        — Sim?
        — Não... Nada. Esqueça.
        — Se vai dizer algo, diga logo! — Estressei-me.
        — Que pavio curto... Já está estressada sem eu nem ao menos ter dito nada.
        — Você sabe o quanto a palavra esquece me irrita?
        — Não faço a mínima ideia.
        — Muito, Natsu. Muito.
        — Será minha nova palavra favorita. — Brincou.
        — Deixe de brincadeiras! Diga logo o que ia falar!
        — Não quero, perdi a vontade.
        — Natsu!
        Um barulho do outro lado indicou-me que alguém havia entrado seja lá onde ele estivesse.
        — Tenho que desligar, Luce. Tenho uma reunião de negócios importantíssima agora.
        — Já disse para não me chamar de Luce! — Bronqueei.
        — Certo, certo... Só... Tome cuidado, okay?
        Não pude deixar de notar um tom preocupado em sua voz.
        — E com o que deveria tomar cuidado? — Indaguei.
        —... Sei lá, talvez chova hoje.
        — O que isso deveria significar? — Perguntei séria.
        —...
        — Está falando do Sting novamente?
        — Realmente tenho que ir. Vejo-te à noite, certo?
        Suspirei novamente.
        — Tudo bem... E vou tomar cuidado, não se preocupe.
        — É quando você diz isso que me preocupo mais ainda.
        — Será que não vai parar de me avacalhar? Pensei que tivesse uma reunião.
        Ele riu.
        —  Tenho mesmo. Então estou indo... Como os namorados falam um com outro? "Já estou com saudade, meu amor"?
        — Corta essa! — Ri. Despedimo-nos normalmente e desligamos.
        — Essa parece ter sido uma conversa bem fofa entre namorados. — Balbuciou Sting, entrando na saleta.
        — C-claro... — Murmurei.
        — Ele não virá lhe buscar hoje? — Perguntou, estranhamente interessado.
        — Não... Tenho planos para essa tarde.
        — O que vai aprontar para ele?
        — Como descobriu?
        — Só poderia ser isso. Digo, ele é o maior mafioso do país e você está morando na mansão dele, desse modo só pode estar aprontando algo que ele não possa saber...
        — Faz sentido...
        — Então, o que é?
        — Não é da sua conta. — Mostrei a língua.
        — Que criança. Vamos lá, não vai mesmo me contar?
        — Hum... — Pensei em seu caso. — Tudo bem. Irei aproveitar que hoje recebi meu pagamento adiantado e irei comprar o presente de aniversário dele.
        —Você está bem atrasada, hein?
        — Eu sei.
        — Vocês dois, voltem ao trabalho! — Bronqueou-nos um dos assistentes da cozinha.
        — Que saco... — Murmurou o loiro.
        Somente ri. Sting era tão preguiçoso...

Meu Estranho MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora