RAIVA. Era isso que estava sentindo.
Muita, muita raiva.
— Pistola! — Berrei para Gray ao meu lado, e assim que o objeto chegou às minhas mãos comecei a dispará-lo contra o alvo a mais de cinco metros de distância, sempre mirando na cabeça, garganta e outros pontos vitais.
— Por que está tão furioso? — O moreno ao meu lado perguntou, sendo prontamente ignorado por mim. — Não adianta fingir que não ouviu, Natsu. Sei muito bem que esses protetores de ouvido somente abafam o som, ao invés de acabar com ele completamente.
— Não é da sua conta. — Sibilei, jogando a arma que utilizava em um cesto ao canto do cubículo que estava usando. — Submetralhadora!
— É sim — entregou-me a arma levemente pesada —, se isso envolver a Lucy.
Terminei de carregar o lançador de projéteis e mirei-o no alvo, já esburacado.
— Por que algo que a envolva seria de sua conta? — Isso só me encheu de desconfiança. Gray e Lucy se davam bem demais. Suspeito que eu possa vir a me tornar uma Juvia dois daqui a um tempo. — Está mesmo interessado nela?
— Como poderia? — Sorriu debochado. — Já tenho aquela desconfiada e pirada Juvia. Não se transforme em uma, Natsu. Não é nada legal.
— Isso é algo a dizer da sua namorada? E você não respondeu minha pergunta.
— Pode não ser legal. — Passou-me outra arma de fogo. Um revólver. Atirei sem vontade com aquele. — Porém a Juvia é a minha chatinha. E sinceramente... considero a Lucy algo como uma irmã mais nova! Tem problemas um irmão mais velho ficar preocupado com sua imouto?
— Problema nenhum. — Bufei. — Mas se preocupar com ela é meu trabalho! Outro. — Pedi outra arma.
Ele apoiou-se na ponta da mesa grudada ao cubículo, encarando me seriamente ao invés de dar-me o que pedi.
— Engraçado você me dizer isso após quase tê-la assassinado.
Senti meu sangue congelar, o que era muito difícil.
— O... quê?
— Isso mesmo, Dragneel. Lá na toca do Erigor. Vai me dizer que não lembra disso?
Tentei forçar minha mente a lembrar-se. Só me lembro de pegar a arma em cima da mesa de centro e correr até a primeira moto que encontrei na garagem. Depois disso só lembro de já estar em casa e dizerem que Lucy estava com Levy.
— Não me atreveria...
— Ah, se atreveu sim. Quase a matou. Com um tiro na cabeça. Ainda bem que Erza e eu lhe seguimos, senão a essa hora Lucy já estaria...
— Não diga! — Urrei.
Quase matei Lucy? Não era possível... tinha ido até lá exatamente para salvá-la! Como me tornei o vilão..?
Lembrei da loira me encarando uma hora antes, com os olhos apavorados e sua pergunta veio até minha mente:
"Está me zoando? Está me dizendo que não lembra do que fez?"
Segurei meu rosto com uma das mãos.
— Então foi isso que fiz?! — Murmurei para mim mesmo. — Isso explica porque ela parecia assustada. E eu pensei que... que... ela havia mudado de ideia ao se envolver comigo... como fui idiota. Quase assassinei alguém que anda se tornando tão especial e está mostrando-se diferente das outras...
— Você o quê? — Indagou meu pai, praticamente teletransportando-se para meu lado. — Eu ouvi direito? Natsu, você quase assassinou a Lu-pyon?! — Sua expressão transformou-se em algo chocado.
— Ele o quê? — Perguntou Meredy, aparecendo atrás dele. - Nii-sama, como você fez isso com a Lu-nee-san?
— Lu-nee-san? — Estranhamos Gray e eu.
— Não era bruxa velha? — Dirigi-me a ela, que formou um bico enorme em relação a minha pergunta.
— Isso não importa agora, Baka-nii-chan!
— B-baka?! — O que aconteceu com a Meredy que era louca por mim?
— Se ousar tentar machucar a Lu-nee-san de novo — continuou —, jamais irei lhe perdoar! E... e... Vou pessoalmente armar para ela ficar com o Rogue-kun!
— Quem? — Indagamos eu e Gray novamente. Rogue? Quem é esse?
— Rogue é o... — Foi interrompida por barulhos altos de tiros e quando olhamos para o lado, lá estava Aries, fazendo uma coisa que não víamos há muito tempo.
Ela estava praticando sua pontaria.
Com mais precisão do que qualquer um de nós. Bom... menos o meu pai, provavelmente. Ele poderia estar sem pegar em uma arma há alguns anos, mas ainda mostrava-se estar em forma para qualquer coisa, por que para armas e tiros não?
— Certo... — Ele tampou a boca de Meredy e a posicionou atrás dele. — Sua irmã está com raiva. É melhor alguém falar com ela.
— Por que não o senhor? — Indagou Loki, também aparecendo do nada. O que havia com aquele povo, interrompendo o treinamento dos outros assim?
— Loki-kun, não seja bobo... Esqueceu que da última vez que tentei quase levei um tiro?
— O grande Igneel, rei das armas de fogo, com medo? — Debochou o alaranjado.
— Aries puxou uma boa parte do temperamento da mãe. Não sou louco de tentar lutar contra isso.
— Eu vou. — Soltei em um suspiro, já caminhando na direção dela.
Aries não pareceu perceber minha presença até que eu estivesse ao lado dela.
— O que está a deixando tão irritada? — Agora percebi que o choque de saber que matei Lucy tirou-me toda a raiva.
Por um segundo pensei que ela iria me ignorar, mas ela continuou atirando quando respondeu-me:
— Faz tempo que não conversamos, Nii-sama.
— É verdade. — Concordei com um sorriso. — E? O que a está deixando com raiva?
— Não estou com raiva.
— Pelo jeito que continua atirando com esse metralhadora, está sim. Senão, o que poderia estar sentindo?
Encarou-me, pensando se deveria ou não responder-me.
— O que estou sentindo é...[DS → Aries Dragneel]
—... Frustração. — Completei.
— E por que está frustrada?
Suspirei pesadamente.
— Por muitos motivos. Entretanto, há um especial.
— E qual é esse motivo? — Até hoje não entendo com o Nii-sama pode ser tão gentil e compreensivo quando conversa comigo sendo ele, na verdade, um verdadeiro tapado. Será que é aquela coisa de "nos pequenos frascos se escondem os melhores perfumes"? Porém o Nii-sama é alto... Será o pavio curto que ele possuí? — Aries?
— Sim? Ah! — Lembrei-me da conversa e voltei a focar-me no alvo ao sentir minha frustração voltar. O cartucho de munição estava vazio, portanto tive que recarregá-lo. — É algo que está impedindo um de meus planos.
— Que plano? O de fazer eu e a Luce ficarmos juntos? Se o for, não precisa se preocupar com isso...
— Preciso sim! Você não sabe a respeito das peças que entraram no jogo, Nii-sama.
Soltou um longo suspiro.
— Você deveria parar de ver tudo como um jogo de xadrez. São pessoas, Aries. Pare de vê-las como seus brinquedos.
— Não é isso que as pessoas com poder fazem? Brincam com as pessoas como se fossem apenas peças de um jogo?
— Isso não significa que tenha que ser igual. — Bronqueou. — Embora eu ache que ele — apontou com a cabeça para Igneel, que observava-nos de longe — seja quem gostaria de estar dando essa bronca. O que acha de fazer as pazes com ele?
— De forma alguma vou perdoá-lo. — Disse convictamente. — Igneel jamais conseguirá me provar o quanto amou à Honoka. E eu jamais vou voltar a acreditar nele.
Bufou.
— Lá vai você de novo! Quanto tempo mais pretende continuar com isso?
— O quanto for necessário. — Afirmei.
— A Hime-sama voltou. — Avisou Virgo às portas da sala de tiro.
— Luce! — Exclamou o rosado, correndo até as portas quase se esquecendo de tirar o equipamento de proteção. Fui atrás dele.
Lucy saía de dentro de um táxi e lá de fora podíamos ter um bom vislumbre da pessoa que saía depois dela.
— Quem é esse? — Rosnou Natsu ao ver o "estranho" enlaçar os ombros de Lucy com os próprios braços.
— Uma peça problemática. — Murmurei inaudivelmente, para que apenas ele ouvisse.
— Na-Natsu, esse é... Rogue Cheney. Meu ex-namorado.
Seu rosto ficou pálido como papel com aquela afirmação.
Isso muda todos os meus planos...
Quem, afinal de contas, o trouxe aqui?[DS OFF]
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Estranho Mafioso
FanfictionNatsu Dragneel. Para você esse parece um simples nome, porém para Lucy Heartifilia foi a razão de todos os problemas que teve que enfrentar desde que chegou a Magnólia. O que mais espantou-lhe foi constatar que havia se apaixonado por esse estranho...