Vinte e cinco

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NO DIA SEGUINTE, acordei com os terremotos que estavam acontecendo nos meus ouvidos - vulgo roncos do Natsu.
Ainda estávamos abraçados e corei imediatamente ao perceber a falta da minha roupa. Ele inconscientemente apertou-me mais próxima de seu corpo, e sorri por causa de tal gesto. Observei cuidadosamente seu rosto. Os cílios eram grandes, embora quase não os desse para ver normalmente. Os fios rosáceos lisos caiam gentilmente pelo rosto e ele parecia um criança devido ao sorriso incrivelmente feliz e fofo que fazia. Deslizei as mãos pelos músculos firmes de seu braço, aconchegando-me um pouco mais perto de seu peito e ouvindo seu coração bater.
Ali, nos braços de Natsu, era tão quentinho...
Empurrei meu corpo delicadamente com os pés, escorregando até a altura de seu queixo e mexendo em seu cabelo macio. Senti seu cheiro novamente e sorri abertamente.
Cheiro de Natsu...
Tristemente deslizei pelo seus braços, me levantando. A camisa social que ele vestira na noite anterior estava ali. Trajei-a e percorri o quarto com os olhos.
Será que alguém já teria chegado?
Uma olhada para o despertador digital de Natsu me deu a resposta. Ainda eram sete da manhã, ninguém deveria estar acordado...
Postei-me em frente à cômoda que havia visto na noite anterior. De maneira incrível, as flores do colar havaiano continuavam com seu cheiro adocicado bem vivo. Senti um geladinho nas pontas dos dedos ao passá-los pela pedra lisa do colar do outro lado. Peguei a moldura com a imagem da bela garota, indagando para mim mesma quem deveria ser.
- Bom dia, Luce... - Balbuciou Natsu, com a voz meio grogue de sono. Enlaçou suas mãos em volta de minha cintura e depositou um beijo na base de meu pescoço. Senti um calafrio de prazer perpassar-me rapidamente.
- Bom dia... - Murmurei de volta, percebendo-o tentar abrir os olhos, mas os fechando por causa da luminosidade do cômodo. Abriu somente um, observando-me fixamente.
- O que está fazendo? - Indagou.
- N-nada! - Exclamei envergonhada.
- Estava fuxicando nas minhas coisas, certo?
- S-sim... - Admiti, ainda mais vermelha. - Desculpe.
Suspirou.
- Por que está se desculpando? Você é minha namorada, é claro que não vou querer guardar nenhum segredo de você.
Encarei-o, surpresa.
- Sério?
Suas bochechas foram tomadas por um tom rubro e ele acenou positivamente. Sorri.
- Ei... Quem é esta? - Perguntei, mostrando-lhe o quadro que ainda segurava.
- Hum? - Lançou um olhar rápido pela imagem. - Ah! Essa é a minha mãe.
Então era mesmo a mãe dele...
Sentamo-nos na cama, enquanto ele observava a moldura com um olhar amoroso e admirado.
- Como ela se chama? - Brandi, pois o quarto estava muito silencioso.
- Honoka... O nome dela era Honoka.
- Era?
- Já lhe contei, não? - Virou-se para mim surpreso. - Lembra? Na viagem às montanhas Sakura.
- Oh! É mesmo! Sinto muito!

- Então... Você perdeu sua mãe cedo por causa de uma doença... - Puxou assunto Natsu, ao meu lado, na montanha Sakura.
- Sim... Se me lembro bem, você também, certo?
- É.
- Como ela morreu? - eu sei, pergunta cretina. Principalmente no que deveria ser um dia animado.
- É o que se ganha como esposa da máfia. - Comentou ele, com um sorriso estranho. - Ela estava preparada. Nós também.

- Tudo bem. - Afirmou, bagunçando o cabelo e deixando seu corpo cair na cama. Decidi mudar de assunto, indo até a cômoda e colocando o quadro no lugar onde o achei. E então vi o colar com pedra lisa.
- Ei, Natsu. - Chamei, recebendo um grunhido fraco dele como resposta. - E esse colar? Tem algum significado?
- Que colar? - Levantou-se para ver objeto em minhas mãos. Em seguida... Tudo passou muito rápido. A expressão de choque em seu rosto, ele correndo até mim, me jogando no chão e tomando o colar de minhas mãos... Em seguida voltando a si e me ajudando a levantar...
- Natsu? - Murmurei chocada. Que reação foi essa?
- Desculpe, Luce. - Murmurou em um fio de voz. Ele havia se virado para a parede e evitava olhar para mim. - Poderia não me perguntar sobre isso, por favor? - Apertou o colar mais forte em sua mão. - Eu ainda não... sou capaz nem sequer de pensar nisso... Então... Não pergunte.
A atmosfera ficara muito pesada e carregada do nada.
O que esse colar significa para Natsu?
- Tudo bem. - Respondi simplesmente. Ele parecia sofrer pelo que pude notar em sua voz, então não vou pressioná-lo, muito menos dizer "você acabou de dizer que não gostaria de guardar nenhum segredo de mim".
Afinal... Quem sou eu para reclamar dos segredos dos outros? Eu mesma escondi muitas coisas que aconteceram aqui dele...

Meu Estranho MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora