O CABELO NEGRO, os olhos vermelhos e magneticamente adoráveis, a boca atrativa, a pele clara... Tudo. O corte de cabelo exótico, o corpo bem definido — resultado do trabalho pesado na área rural —, o sorriso que parecia afetar as pessoas em volta, deixando-as atordoadas e felizes; e sua incrível e inesquecível presença. Todo.
Ele estava ali. Rogue.
Senti meus cílios inferiores pinicarem e soube instantaneamente que estava a ponto de chorar.
— Rogue. — Murmurei, sentindo um gosto estranhamente doce em minha boca ao proferir aquele nome. - Rogue – repeti. - Rogue. Rogue. Rogue.
Ele desfez a curta distância entre nós e afagou minha cabeça, bagunçando meu cabelo. Abaixou-se um pouco, para que sua cabeça ficasse na altura da minha e brandiu:
— E aí, loirinha? Senti saudades.
Em um ímpeto que pegou todos de surpresa pulei em cima dele, enlaçando seus ombros em um caloroso abraço.
— Eu também!
Como sentia saudades de sua voz! Apertei-o ainda mais contra meu corpo, desejando sentir aquele calor tão familiar em meu corpo.
— Ei. — Chamou-me. — Tente não me sufocar, certo?
— Ah! — Percebi que o apertava mais forte que o necessário. — Me desculpe! — Soltei-o.
— Ora essa... Se for a Lucy, está tudo bem. — Puxou-me pela cintura.
— Hum? — Balbuciei ao ver se rosto se aproximar.
Meu coração saltou e senti meu rosto enrubescer fortemente. Antes que percebesse, ele estava de olhos arregalados — assim como Levy e Gajeel —, e eu estava com minhas duas palmas da mão espalmadas em sua boca, impedindo-o de prosseguir com sua ação.
— Eh? — Murmurei ao perceber o que fiz. — Ah! Desculpe!
O moreno abafou um sorriso triste, mas como o conheço muito bem, pude percebê-lo.
— Tudo bem. Eu que estava errado ao tentar beijá-la. Afinal, você agora tem um — uma expressão de dor perpassou rapidamente por seu rosto — namorado aqui, certo?
Observei seu rosto atentamente antes de afirmar:
— E-está enganado! Ele não é meu namorado ou algo assim. — Gesticulei com as mãos mostrando que era apenas um engano.
— Não? — Indagou.
— De maneira alguma. — Só então minha ficha caiu.
— Adoro quando as coisas começam a ficar interessantes. — Balbuciou Gajeel e reparei Levy dar-lhe uma cotovelada e dizer para ficar quieto.✩✩✩
Por quê?
Por que disse a Rogue que Natsu não era meu namorado?
Não seria errado dizer isso, na verdade. No entanto, confirmei para Erza que éramos namorados oficialmente.
Ma-mas não é como se o rosado tivesse me pedido em namoro ou algo desse gênero...
... Então por quê? Seria meu medo interferindo em minhas ações?
Não é possível... Sinto que realmente gosto de Natsu e, apesar de estar meio temerosa em relação a ele, quero conhecê-lo melhor. Saber por que ele age daquela maneira quando pega em uma arma. Saber como era seu irmão e porque mudou tanto desde que era pequeno. Saber daquele colar que ele não me deixou tocar direito...
Poderia ser que eu... ainda ame o Rogue? É possível, uma vez que nos separamos apenas por causa da distância...
Argh! Agora estou completamente confusa!
O que sinto por Rogue? E por Natsu?
— Se demorar mais para tomá-lo, seu sorvete vai derreter - avisou-me Rogue, atraindo minha atenção para a conversa novamente.
Oh! Certo!
— Está bem distraída - observou. - Algum problema?
— Distraída? De forma alguma. Só estava pensando em uma coisa. Não é nada demais.
— Não? — abocanhou outra colherada de sua taça de sorvete de morango. — Se tiver algo a ver com a mentira de agora, eu realmente não ligo.
Arregalei os olhos surpresa, antes de soltar um suspiro conformado.
— Como esperado, conseguiu distinguir se o que disse era verdade ou não.
Limpou o canto da boca, aonde havia um pouco de sorvete e afirmou:
— Cresci com você, namorei com você e quero passar o resto da minha vida com você, Lucy. Conhecer-lhe é o mínimo que devo fazer.
Senti meu rosto explodir por causa daquela confissão.
— Rogue...
Fomos interrompidos por Levy, que veio perguntar se queríamos mais alguma coisa. Depois de levarmos Rogue até o hotel onde ficaria hospedado, ela perguntou se queríamos ir matar a saudade em algum lugar. Acabamos escolhendo o Fairy Latte, porém quando chegamos Evergreen-san a forçou a voltar ao trabalho.
Ela recolheu rapidamente a taça vazia de Rogue antes de resolver conversar conosco:
— E então? Como estão as coisas lá?
— Uma loucura. — Apoiou o queixo sobre as mãos cruzadas, observando o ambiente lá fora. Já estava começando a escurecer. — Alguns investidores estão interessados na fazenda de seu pai, Lucy. É exatamente por isso que estou aqui.
— Na fazenda? Como assim?
— Aparentemente a fazenda está tendo muitos lucros. Como eu já iria vir para cá em busca de um emprego, ele aproveitou-se da oportunidade e me colocou como gerente e representante principal dele.
— Espera! Ele vai abrir uma filial aqui?!
— Exatamente. E... — Ele soou meio receoso com o que diria a seguir.
— E?
Engoliu em seco.
— E está planejando se casar novamente, Lucy.
Tanto Levy quanto eu arregalamos os olhos. Meu pai iria... se casar de novo?
Deixei-me vagar por algumas memórias antigas de meu pai e minha mãe juntos antes de engolir o nó que havia em minha garganta e proferir:
— É mesmo? Não é uma boa notícia?
Rogue apenas lançou-me um olhar penoso. Ele havia percebido. Claro que havia. Uma das únicas coisas que não havia superado em minha vida fora a morte de minha mãe, embora pudesse conversar a respeito dela sem demonstrar meus sentimentos.
— Lucy...
— A viagem foi muito cansativa? — Interrompeu-o Levy e a agradeci mentalmente por isso.
— Um pouco. — Admitiu. — Porém como poderia descansar agora, quando Lucy está em aqui, em minha frente, depois de meses.
— Descanse. — ordenei sorrindo.
— Sim senhora! — Sorriu de volta. — Somente depois de tomar outro sundae.
— Ei!
— Oh, é verdade. — Exclamou lembrando-se de algo. Puxou uma pequena mala que não largara desde que chegou e escorregou-a sobre a mesa até mim.
— O que é isso? — Indaguei.
— Suas roupas. — Encarei-o fixamente. Seria possível ele... — Levy me pediu para trazê-las.
Voltei meu olhar para a azulada que ainda permanecia ao nosso lado.
— O quê? Só disse que você havia perdido elas na lavanderia da cidade.
... A cidade tem uma lavanderia? Acho que a Lisanna não levou-me lá quando me mostrou a cidade... Ou então apenas não lembro.
— Bem, obrigada. — Agradeci-o. Avaliei seu rosto mais calmamente, a franja estava um pouco maior do que quando parti, cobria até um olho, mas felizmente o outro estava à vista com aquele tom vermelho adorável. E... ele parecia cansado.
— É melhor terminarmos nosso reencontro por aqui. — Falei.
— O quê? Por quê? — Indagou o mesmo, indignado.
— Porque parece que você vai dormir antes que Levy traga o próximo pedido. Você está exausto. — Afirmei, e como resposta recebi apenas um bufo do moreno, o que confirmou que estava certíssima. — Levy pode trazer a conta?
— Claro. Foi um prazer revê-lo, Rogue.
— Você não vem conosco?
— Infelizmente, ainda tenho que trabalhar - apontou para uma mesa onde encontrava-se Gajeel. — Nos vemos qualquer outra hora. — Acenou se despedindo depois que Rogue gentilmente pagou a conta.
Saímos do FL e caminhamos lentamente, conversando sobre tudo o que vivemos e fizemos durante o tempo em que não nos vimos — mas é claro que "ocultei" alguns fatos, como por exemplo, o Natsu ser um mafioso. Aliás, desviei de qualquer pergunta voltada ao rosado.
Quando chegamos no ponto de despedida, Rogue abaixou o rosto rapidamente e tentou me beijar, mas lembrou-se do meu (estúpido) namorado e apenas beijou minha bochecha. Depois de nos separarmos, bufei antes de voltar à mansão.
Natsu idiota!
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Meu Estranho Mafioso
FanfictionNatsu Dragneel. Para você esse parece um simples nome, porém para Lucy Heartifilia foi a razão de todos os problemas que teve que enfrentar desde que chegou a Magnólia. O que mais espantou-lhe foi constatar que havia se apaixonado por esse estranho...