Cinquenta e um

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[...]

Minha visão embaçou. Olhei para a minha mão, que antes havia colocado na cabeça. Estava vermelha. Sangue. Senti meu estômago embrulhar.

Perdi a força no braço que usava de apoio e cai de no chão, a última coisa que vi sendo dois pares de botas marrons e algo amarelo se aproximando. Fios de cabelo.

Cabelo loiro.

— Que bela visão. — Murmurou alguém. — Terei certeza de lembrar disso.

E então a inconsciência tomou conta.


ABRI MEUS OLHOS, mal enxergando o teto de tão escuro que o cômodo estava. Levantei, tentando me lembrar do que aconteceu e sentir meus ombros pesarem por algum motivo. Um nó grande se formou em minha garganta.

— Ever... Gajeel... — Murmurei, sentindo meus cílios pinicarem e as lágrimas formarem-se. Tentei limpar meu rosto com as mãos, porém o fluxo era tão grande que apenas desisti daquilo.

Respirei fundo, tateando o chão à minha volta. Onde estava afinal? Lembro-me vagamente de ver sangue em minha mão, e depois...

Engoli em seco. Cabelo loiro.

Sting? Não... A voz não batia...

Minha linha de raciocínio foi interrompida pela iluminação súbita do local. Pisquei meus olhos algumas vezes, tentando acostumar com a claridade do local.

— Ora, veja só... Finalmente acordou. — Anunciou um homem que aparentava estar entrando na casa dos quarenta. O cabelo era castanho e estava amarrado em um rabo de cavalo. No rosto, um longo bigode e olhos castanhos.

— Quem é você? — Indaguei amedrontada, tentando afastar-me o máximo que podia. Senti algo impedir meus movimentos bruscos e finalmente me dei conta do que estava pesando em meus ombros. Um metal grosso e em forma arredondada fora posto em meu pescoço.

Ele botaram uma coleira em mim!

— Não há porque ter medo, Srta. Heartfilia. — Afirmou, aproximando-se. — Não irei lhe fazer nada... no momento. — O sorriso que demonstrou deu-me todas as certezas do mundo que era isso que ele desejava. Ofereceu sua mão para mim, disposto a ajudar-me a sair da cama arredondada aonde me encontrava. — Deixe-me ajudá-la, sim?

— Não, obrigada. — Respondi inconscientemente, afastando meu corpo de suas mãos.

Geralmente tentaria lidar educadamente com o sequestrador — igual fiz com Erigor. No entanto esse cara tinha algo estranho. Meu sistema de segurança estava apitando para tomar cuidado com ele.

— Tsc, tsc. — Balbuciou reprovador. — Se fosse você, tomaria cuidado com essa atitude. Poder ter consequências nada agradáveis para você — Voltou a sorrir, demostrando que a ideia lhe agradava.

Engoli em seco, tentando pensar no que deveria saber.

Estava em um lugar totalmente desconhecido, em um quarto que parecia uma réplica exata do de Aries — com exceção dos ursos de pelúcia —, sem janelas, com uma coleira no pescoço e com um cara que parecia querer fazer algo ruim comigo.

— Ficou tão silenciosa... — Riu, e senti calafrios percorrerem minha espinha. — Escute aqui, garotinha... — Puxou meu queixo brutalmente, fazendo-me encará-lo. — Não pense que apenas por ser namorada daquele babaca isso lhe faz alguém importante.

— Me faz alguém importante o bastante para ser sequestrada por alguém como você. — Não pude evitar meu tom de nojo ao citá-lo, o que rendeu sua ira e um belo soco em meu rosto. Senti meu rosto arder fortemente no local atingido.

Meu Estranho MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora