Chama do pecado - Em revisão

Capítulo 1

Cada pessoa é interessante por suas particularidades, até mesmo por seus defeitos. Gilmar sabia perfeitamente disso. Então não se sentia superior nem inferior a ninguém, mas apenas diferente. A vida o fez diferente. Não se deixava intimidar pela beleza ou pela fama, muito menos pelo dinheiro, pois sempre valorizou o que vem de dentro. E o mais importante, nunca se comparou aos outros, mas sempre buscou ser o melhor que poderia ser! Porém nem sempre foi assim...

Cresceu cercado de pessoas que estavam tão preocupadas com o que os outros pensavam, com o que os outros viam. No fim, não importava para ele o que os outros pensavam, isso não era problema seu. O que importava era quem ele via no reflexo do espelho.

O mundo não compreendia que o que importa não está ao alcance dos olhos, mas sim do coração. Levou um tempo para compreender isso também, mas o que importa é que aprendeu. Na sua vida, pela qual muitas pessoas passaram, sentia muito por aqueles que ainda não aprenderam isso.

Passou muito tempo se construindo para deixar alguém fazer alguma crítica referente a si. Porque sofreu muitas críticas enquanto formava sua personalidade e algumas vezes se deixou levar e mudou. Com o tempo se aperfeiçoou, pois reconheceu que poderia haver melhora. Podem falar muito dele, mas de quem ele realmente é, pela boca de outros jamais aceitará.

Bem, quando se fala em crescer, Gilmar cresceu em uma família grande e estruturada, apesar de tudo nunca lhe faltou nada. Teve uma educação um tanto quanto rigorosa, seu pai era visto como o respeitável homem da casa, o cara que comandava os negócios e sempre cuidou muito bem dos negócios da família. Claro, que essa educação só prevaleceu dentro da casa dele, conforme a adolescência chegou, se revoltou, queria liberdade, aproveitar a vida e muita coisa se transformou.

Playboy, filho de papai rico, não era um rebelde, mas no meio da malandragem aprende muita coisa e pode apostar que não foi coisa boa, por causa dessas atitudes colocou muitas coisas importantes em risco.

A vida parecia testar o tempo todo, e ele não era capaz de entender que na verdade, tudo era um aviso. Era como um lixo que atraía moscas, ao invés de uma flor desejada por borboletas e abelhas.

Até conhecer quem salvaria a sua alma. Ou assim pensava. Nunca se deu conta de que estava no meio de um circo onde havia uma plateia e ele era o palhaço.

Homens fracos acreditam na sorte. Homens fortes acreditam em causa e efeito. Foi então que Gilmar decidiu que não seria um homem fraco, mesmo que para ser um homem forte exigisse muito, muito mais do que estava disposto.

Nem sempre tudo foi flores e aromas agradáveis. Aprendeu a sorrir para todos e chorar no seu quarto, afinal não precisava de mais dedos apontados em forma de acusação, ninguém precisava saber de suas dores e sofrimento até porque ninguém seria capaz de entender. Ou de fazer sentir menos. Não resolveria seus problemas. Porque de um lado não queria deixar expostas suas fraquezas, não queria ser visto como uma pessoa fraca e frágil.

Ninguém precisa saber das suas crises, mesmo que elas existissem e levasse toda sua noite, sempre levantou com um sorriso estampado em seu rosto. Não sabemos da realidade do outro, tantos que precisam apenas de um sorriso, então por mais que dentro de seu coração existisse somente dor, ofereceria o seu melhor às pessoas.

Nem sempre somos fortes. Temos que viver nossas fraquezas, para se fortificar. Gilmar não deixou ninguém ver suas fraquezas, ele deixou que vissem superando todo dia um pouco mais.

Essa foi a maneira menos dolorosa para não precisar ficar explicando os motivos e evitar de vivenciar tudo novamente. É a forma mais dolorosa de não ter que ver o interesse alheio em sua vida por mera curiosidade, tinha que ser assim pois o mundo onde no qual vive não há espaço para os fracos.