Capítulo 45

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Minha vida literalmente anda se resumindo entre ficar na casa com a família de Gilmar e ficar no hotel, no final de semana começa o momento mais esperado, a temporada. Eu lamento não estar totalmente recuperada, eu queria estar bem para ajudar Douglas. E falando nele, matei a saudade que estava com um abraço de urso super apertado, sem me importar com a dor, sem me importar com Gilmar ao meu lado, entre a gente foi amigos. Na verdade Douglas se transformou em um irmão para mim, apesar de ter vários, nenhum deles se compara a Douglas.

- Gilmar porque não me chamou para ajudar a dar uma surra naquela vagabundo.

- Da próxima vez, pode deixar que eu te chamo Douglas. Fico feliz em ver eles se dando bem. Mas espero que nunca tenha uma próxima vez.

- Fica combinado então, patrão. Douglas é pé no chão, por mais que estejam se dando bem, ele não deixa subir a cabeça.

Conversamos sobre tudo que estava acontecendo, os fatos que eu fiquei de fora e rimos muito.

Acho que eu precisava mesmo disso, de um momento feliz. No hotel Gilmar não me deixava andar sozinha, se ele não puder me acompanhar, pede para Cristiano, pois José ficou na casa cuidando da segurança das crianças.

Eu não desejo pra ninguém viver dessa forma, sem conseguir dormir tranquilamente, viver como presa. Claro que está sendo muito bom ser cuidada e mimada por Gilmar, há poucos meses atrás jamais poderia imaginar que tudo isso ia acontecer, nunca esperaria que alguém fizesse por mim o que Gilmar está fazendo, jamais imaginaria que meu chefe seria tão romântico e tão atencioso, imagina só, caso com meu chefe, se me contassem isso eu nunca que acreditaria.

*

Depois de dez dias eu volto para o hospital pois Hoje é dia de tirar os pontos e Mara vai me acompanhando como sempre, como em tudo que Gilmar não pode. Parece que todos eles pararam suas vidas por mim. Gilmar teve que ir para Balneário Camboriú resolver uns assuntos do hotel de lá e vai voltar só depois do almoço.
Os pontos cicatrizaram bem e o médico me recomenda uma pomada para não ficar com as cicatrizes dos pontos no nariz. Sobre as costelas está indo bem mas como é uma área que precisa de tempo, é para continuar cuidando, principalmente com os movimentos bruscos e não forçar.
Depois da breve consulta, vamos para o shopping. Desde que tudo aconteceu eu estava vivendo um carcere, pelo menos agora posso ver pessoas, andar um pouco e me distrair. Almoçamos no tartufo porque eu adoro massas. Sabe, depois que conclui minha formação em gastronomia fiz um curso só para massas, que se tornou minha paixão.
Queria comprar um presentinho para meu amor, uma forma de agradecer porque eu queria agradecer a ele por tudo que estava fazendo por mim, por meu filho e por Joice, sem ter obrigação nenhuma. Numa dessas lojas internacionais encontro um daqueles globos de neve com uma cidade e um casal bem no meio, no apoio do globo está escrito Innsbruck. Achei bonito por ser diferente, e como eu nunca tinha visto nem sentido a neve, foi o que eu escolhi para dar a ele.

Quando estamos saindo do shopping, Gilmar me liga avisando que já chegou e vai ficar resolvendo as papeladas que trouxe, para mim não ficar sem fazer nada no hotel, para ir mais tarde e eu concordo. Até porque perto da casa de Gilbran tem um daqueles parques de bairro, e David me pediu muito para leva-lo lá, hoje com um dia muito bonito de sol vou levar ele. Mara também leva Thai. Enquanto eles brincam, nós conversamos sobre tudo e passaram algumas horas até falarmos de relacionamento. É interessante como cada pessoa tem uma história diferente para contar, nem todas são tristes, como também nem todas são felizes. O que eu sei é que ao ver um rosto, não fazemos a mínima ideia do que o outro já viveu.

Mara me conta que está apaixonada e antes de abrir o hotel, eles estavam de rolo e agora estava desconfiada de estar grávida, nem sabe como falar pro rapaz. Até porque são apenas suspeitas.

- Vamos agora mesmo fazer um teste de farmácia. Eu já fiz e isso é muito agoniante. Sei exatamente o que ela ta sentindo.

- E se for, como vou contar?

- Primeiro passo é fazer para ter certeza. Eu não tive muita sorte, espero que ela tenha mais do que eu. Porque criar um filho sozinha é muito difícil.

Pegamos as crianças e passamos em casa para deixar eles lá, pego o presente que comprei e vamos comprar o teste e assim, assim ela pode me deixar no hotel.
Entramos direto no elevador do estacionamento, e vou para o quarto. Acho que estou mais ansiosa que ela, Mara entra no banheiro e um minuto depois sai, chorando e rindo ao mesmo tempo.

- Eu sempre quis ser mãe e agora vou realizar meu sonho.

- Ai Mara, parabéns. Não tem palavras pra expressar, fico feliz por ela e torço do fundo do meu coração que sua vida se ajeite.

- Vou ter que me preparar para contar pra minha família, só te peço uma coisa por favor não conta nada para Gilmar, deixa que eu falo, ele é super protetor e eu não quero que nada de errado.

Eu concordo com ela que sai toda alegre. Entro no banheiro, vou tomar um banho gostoso e esperar por Gilmar, vou enchendo a banheira. Quando no quarto escuto a porta ser trancada e penso comigo, mas já? Será que ele viu Mara sair? Apressadinho, nem me deixou se arrumar e fazer uma surpresa mas deixa, nem me importo se for ele, ele vai vir aqui. E sou completamente surpreendida ao escutar aquela voz.

- Chefinhooo, ta tomando banho pra mim? Tranquei a porta para ninguém nos interromper. Na verdade joguei a chave pela janela, só vamos sair daqui se alguém abrir a porta para nós. Ou seja vamos ter muito tempo, posso até imaginar. Eu já estou prontinha aqui na sua cama, todinha sua...

O que? Jeanne aqui? Porta trancada e sem chave? Melhor impossível.
Era tudo que eu precisa, agora mesmo que vou dar o que ela ta querendo. E não vai ser do jeito do Gilmar não, do jeito que ela gostaria mas pode apostar que ela nunca vai esquecer porque vai ser do meu jeito mesmo.

Chama do pecado - Em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora