Chama do pecado - Em revisão

Capítulo 71 - Gilmar

Aos poucos fui me lembrando dos detalhes do casamento e de Eliza, minha maior preocupação no momento foi por Angel.
Mara foi me contando tudo que aconteceu nesses seis meses, sei que deve ter sido muito difícil para Angel, dar conta dos hotéis, de casa com as crianças, ela administrou muito bem o MARYAST, até conseguiu dobrar a renda do hotel com sua ideia. Mara até tentou me envenenar contra Angel, e por mais que eu ame minha irmã, Angel é minha mulher, mãe dos meus filhos e minha família. Saber que negaram apoia para ela no momento mais difícil de sua vida foi crucial, minha família sempre foi meu maior exemplo de generosidade e agora me decepcionam com uma atitude dessas. Me trocaram de quarto pois onde estava era ala de observação. Ordenei que Mara me deixasse sozinho e que leve os seguranças juntos, fiquei puto e não queria ver ninguém da família, não queria mais saber de seguranças aqui, até parece que minha mulher ia fazer algo contra mim. Sei que todas as vezes que escutei sua voz enquanto estava em coma, era ela que estava cuidando de mim.
Hector ficou comigo, ele foi mais receptivo ao me contar sobre o que aconteceu, acho que nunca poderei sem grato pelo que fez para minha família, e sobre a gravidez dela, ele disse que ela descobriu a pouco tempo mas que era impossível ter me traído, que a vida dela estava voltada entre os hotéis e o hospital, ela mal tinha tempo para ficar em casa. Eu não podia acreditar que aquele único dia foi capaz de deixar ela grávida mas eu sabia que era arriscado e mesmo assim eu fiz. Porém seria muito azar e essa história tá muito mal contada, fiquei quase doido com meus pensamentos. Estava morrendo de vontade de ver ela, queria saber também como estão meus meninos.
Hector me levou até ela, ainda estava meio duro para me movimentar mas a primeira coisa que fiz foi abraçar, o seu choro estava me partindo o coração, parei minhas mãos em sua barriga e senti aqueles chutes embaixo das minhas palmas, nesse momento meu coração se encheu de carinho, eu sentia como se fosse minha. Angel me abraçou com tanta vontade, como se no meu abraço estivesse toda sua força e isso dependesse de mim.
Ficamos muito tempo conversando, ela estava bem mas sua expressão era cansada, não consigo nem imaginar toda tristeza que ela passou nesses meses. Ela começou a chorar e visível seu nervosismo, pedi para se acalmar que eu não estava de acordo com o que minha família fez mas eu ia cuidar mesmo que não fosse minha filha. Só depois percebi a merda que fiz falando aquilo, eu não queria magoar ela e nem desconfiar, queria acreditar nela mas não tive tempo de me redimir, ela passou mau e o médico me pediu para sair, eu sou o marido dela, ninguém pode me tirar daqui, a não ser que ela não queira.
E ela não me quis, vi que já era tarde, ela ficou chateada e para não deixar mais nervosa eu sai. Pedi para Hector ficar com ela já que não me permitiu permanecer ao seu lado.
No outro dia Hector disse que Angel estava tendo um começo de pré-eclâmpsia e teve que fazer o parto da bebê pra não arriscar nem a vida dela e da Medhelyn.

- Medhelyn, esse é o nome da minha filha?

- Ser este. Ele deveria continuar no inglês, esse português enrolado é horrível.

*

Fiquei mais uma semana no hospital e aproveitei que Angel recebeu alta antes do que eu, para ir quando dava, visitar a menina.
Todos os bebês nascem com cara de joelho mas Medhelyn, pode ser por prematura é diferente, não se parece com os gêmeos e não lembra nenhum detalhe meu. Isso só me deixou mais com o pé atrás, eu até me arrisquei a pegar ela no colo, tão pequenina que da até medo, parece aquelas bonequinhas, todas as vezes que eu ia visitar as enfermeiras diziam que ela melhorava só pelo fato de estar ali com ela, como se tivéssemos ligados um no outro.
Depois que eu sai do hospital, fiquei no hotel, nem fui atrás de Angel e das minhas coisas que ficaram na casa. Eu não queria ser mais um problema para ela, ia precisar fazer fisioterapia ia precisar de alguns cuidados que agora ela ia ter com Medhelyn e com os meninos, não tinha esse direito de dar mais trabalho. Tinha que resolver essa situação toda com minha família pois eu não vou me separar de Angel e como eles ficaram contra nosso relacionamento, nesse vai e vem, eu resolvi ficar com o hotel de Balneário para mim e deixar o resto para minha família. Tive que ir para lá, procurar uma casa grande para gente, agora também Thai irá morar comigo. Definitivamente iria me afastar de toda minha família para ficar com Angel e meus filhos.
Jonathan foi administrar em Florianópolis, eu vim para Balneário. O hotel fica na praia do estaleiro e a casa é bem próximo, consegui uma casa grande, verde clara, duas suítes e mais dois quartos, dois banheiros, sala de estar, sala de jantar, cozinha. Fora tem a área de lazer, churrasqueira de frente para piscina, ao lado um gramado bem verde com jardim, e um pequeno parquinho para as crianças.
Mandei decorar toda a casa, os quartos dos meninos de carrinhos e as meninas de borboletas, foi difícil convencer Beth a vir morar com nós mas ela se apegou a nossa família e a trouxe para cá. Demorou um pouco mas enfim estava pronto, a fisioterapia também tinha se encerrado. Dois meses se passaram e está na hora de ter a conversa que faltou com Angel. Voltei para Florianópolis e a primeira coisa que eu fiz foi ir no hospital, fui com ideia de fazer um teste de DNA para tirar qualquer dúvida, cheguei lá e estavam preparando ela para o banho, me deixaram fazer isso, Medhelyn deu uma boa engordadinha, seus poucos cabelos eram num tom de castanho claro, olhos verdes, de pele bem branquinha, como todos comentaram ela tinha muito mais a ver com Hector. Angel não pode ter feito isso, eu pedi tanto para ela se afastar de Hector mas o pior seria Hector, que está num relacionamento com minha irmã, teria toda essa cara de pau de pegar minha mulher e ficar se fazendo de amigo, talvez faça sentindo ele ter ajudado tanto ela. Definitivamente Medhelyn não podia ser minha filha com essas características mas me encantei com seus pequenos pés. Algo ali me fez chorar e me arrepender do que falei para Angel aquele dia, por essa burrice por qual acabei me afastando, me arrependi por à poucos minutos ter pensando todas aquelas besteiras. Ela tem uma marquinha de nascença em formato de coração na sola do pé, igual a minha e no mesmo pé. Depois dessa prova não tinha mais nenhuma dúvida, nem meus filhos que eu tenho certeza absoluta que são meus, não nasceram com essa marca, somente Medhelyn, não preciso de teste de DNA para ter certeza que ela é minha filha por isso ela mexeu quando toquei na barriga de Angel, por isso ela melhorava todas as vezes que a visitava. Terminei o banho e entreguei a enfermeira que me conto.

- Hoje sua menina recebe alta.

Então teria pouco tempo para fazer alguma coisa, eu não queria mais ficar nenhum instante longe da mulher da minha vida e dos meus filhos.