Dia aid adi ida dias sadi adis said... sad sad sad

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As datas e as horas são o testemunho salgado da minha existência, por isso eu não as menciono, apesar de que, como prova em um processo jurídico, elas estabeleçam a melhor linha do tempo para o meu desacordo com meus dons. Eu não os quero...

Sad... sad..

Foi meu pai quem me deu um diário pela primeira vez logo após a minha primeira vidência; ele me apresentou o diário com lágrimas nos olhos, dizendo: "Meu pequeno, quando a dor for demasiada, estraçalhe! "

Foram vários os diários destroçados antes de escritos ou queimados até a última ponta de papel; outros tiveram um destino molhado; espalhei a minha cantiga de palavrões em alguns deles; nos demais, principalmente quando sentia a minha natureza diferenciada, a cantilena escrita mais parecia as divagações exasperadas de um louco... ou era quando eu percebia a íntima afinidade ou 'infinidade' com este deus execrável?

Agora está de noite. Há silêncio pelo bairro. Entretanto, a noite está sempre enfiada em energias densas, e, certamente, mesmo em meio a este caos de emoções humanas conturbadas, eu sinto a presença de doze anjos iguais a mim espalhados pela Terra. Um deles, em especial, tem a aura pesada, embora a grande luminosidade de suas asas. Sinto energias de muita pobreza, doenças, dor e guerra ao seu redor.

Esses anjos, neste número de doze... nós conhecemos a mais profunda de todas as tristezas, e elas, as tristezas, não são causadas por um só problema, portanto, a angústia que temos no peito é a mistura de todas as tristezas dos homens... nós a seguramos como se fossem um único coração batendo lentamente, quase em seu último pulso na luta pela vida...

Sad sad sad

Minha esposa precisou me arrastar para dentro de casa. Eu maldizia a deus aos berros no quintal:

- Não faça barulho, Pedro! - Ela murmurou. – Você está incomodando a vizinhança!

- Solta meu braço, Mônica! Eu vou gritar até me internarem!

- Você não vai conseguir nada fazendo essa cena toda, Pedro! – Mônica respondeu, calmamente. 


– Os vizinhos sabem que você fica revoltado com coisas do teu trabalho e que dá chilique para se medicar! Só que você não pode tomar os medicamentos por causa da alergia!

- Você fez isso? – Indaguei, furioso. – Você inventou essa mentira toda?

- Um delegado de polícia pode até dar uns gritos de raiva, mas agir feito um louco sem juízo, Pedro? – Mônica rebateu. ­– Tem cabimento isso? E se você perder o emprego? ­


- Eu não perco o emprego! Sou concursado!

Mônica, me abraçou, sussurrando:

- Mas nem assim vai deixar de ser um anjo, seu bobo!

Eu fui atrás do enorme urso de pelúcia que comprei para arrebentá-lo de porradas.

Sad sad sad

Onde está o maldito psiquiatra? Não quero ver ou sentir ou certificar essas sensações de anjo! Chega, Basta!

E assim continuou a sucessão de dias e noites sem qualquer mudança! Até na DPF as coisas andavam estranhas! Meu estado normal é o da percepção sensorial! Que diabos! Será que não tem uns bandidos bem vivos, bem armados e cheios de carne real para a gente tocar barata voa por aí? Prefiro bandidos vivos à fantasmas desanimadores... até aqueles três seres das trevas, os fantasmas psicopatas, não retornaram!

Eu não gosto de fantasmas! Não tenho qualquer interesse por eles ou pela vida ou morte que levam no além! Fico abismado com essa gente que faz sessão espírita para falar com mortos! Nem com meu pai anjo morto eu gostaria de falar! Será que se as pessoas convivessem com os mortos, como eu convivo, elas teriam coragem de continuar a lidar com eles?

Cotidiano de um AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora