Três arcanjos e um demônio?

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20 de setembro de 2012

- Ok, Gabriel, o que você quer? – Indaguei, aborrecido com sua intromissão, principalmente porque eu estivera dormindo, dormindo de verdade. Gabriel sentava-se na poltrona junto à cama, bem à vontade, aliás. Era alto, magro e bonito, muito bonito; e eu o adverti: - Vocês deviam pedir permissão para entrar na minha casa, sabe?

Ah sim! Eu estava falando com o arcanjo Gabriel. Aquele dos raios e trovões, das cornetas e trombetas anunciando as glórias, os desmandos e a raiva dos Céus.

- Acho que você reclama muito, Pedro. Nem faz jus ao nome que recebeu. – Disse, a voz baixa, comedida, sem aquele 'cadinho' da malícia alegre de Lúcifer.

A alta estima de Lúcifer era invejável, enquanto que Gabriel já demonstrava a leve e a bem-aventurada personalidade dos anjos bem resolvidos. Ao acomodar-se melhor na poltrona, continuou:

- Também é lamentável o modo como você se desfaz de todos os teus dons, Pedro, pois você já era um anjo bem antes até de nascer humano.

- E por que eu não me lembro disso, hem? - Perguntei, irônico, e sentei na cama. Entretanto – e que desconforto senti: era extraordinária a sensação de que eu e Gabriel estávamos enormes. Até mesmo o quarto se agigantou. Mônica e meu filho tinham o triplo do tamanho normal. Gabriel, enquanto isso, respondia:

- Bem, se você tivesse tido, ou se estivesse tendo, um pouco mais de respeito pelos teus dons, Pedro, com certeza se lembraria de tudo.

- Ou talvez vocês pudessem ter me contado a verdade quando eu fiquei grandinho, tipo: Olha aí, Pedro, você é cria de anjo com gente! Aliás, isso é só uma bobagem para a literatura, pois você já era um anjo antes mesmo dos séculos e séculos, amém! Na hora certa, quando estiver um pouco mais velho, vai aparecer uns dons fora de propósito... dá até para aproveitar alguns, mas, com certeza, vai fazer de você um pirado de marca maior, cheio de culpas e remorsos, vai até brigar com Deus o tempo todo por causa disso...

- Essa é a maior das tuas preocupações, não é mesmo, Pedro? - Gabriel me interrompeu, me brindando com o olhar bondoso: - Você devia parar de se preocupar com isso, sabe? Deus está tão acostumado com as reclamações de seus anjos que nem se espanta mais, e isso desde os primórdios dos tempos de um tempo que o universo e seus planetas habitados mal imaginam.

Gabriel fez aparecer algumas rugas em seu rosto alongado, tinha um nariz bem masculino e fino, a pele muito, muito, muito clara! Dificilmente branca como a cor "branca", aliás, rosada, dos homens, por exemplo.

- É bem pouco o que anjos como você precisam fazer, sabe? – Comentou Gabriel. - Vocês não precisam de alarde, não precisam abrir a boca, não precisam lutar, não precisam matar, nem vigiar, abrir a boca para condenar ou abençoar; basta ser um anjo consagrado à humanidade, pela luz de nosso Senhor, e pronto!

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