Peaces

113 15 3
                                    

                                           Justin Bieber

É Incrível ver meu pai depois de anos. É um tipo de reforço pra minha alma não ser totalmente purgada por mim mesmo.

- Quero saber por quê está roxo, filho.

Erin concordou, prestativa como sempre.

Mas eu sei se falar a verdade meu pai vai enlouquecer e querer quebrar o pau em cima desse presídio, e, mais uma vez vai sobrar pra mim.

- Arrumei encrenca com um cara ontem no refeitório, a história de não socializar não é tão verdadeira, eu ainda almoço com esses caras - e, bom, a história da briga é falsa,  eu estar almoçando com eles é mentira. Marcus tem levado (jogado) minha refeição até a cela desde o dia que eu quebrei seu nariz, só tenho conversado com Sarah e Marcus… a conversa mais recente foi entre mim e o cacetete do Coronel.

Meu pai segurou minha mão.

- Não faça isso… só vai piorar sua situação - e se começa a onda de sermões, que eu escutaria por duas semanas seguidas, só pra ver Jeremy e me sentir amado, pelo menos um pouco  - é pro seu bem, filho.

- Pai… - eu ainda estou emocionado, muito - me desculpa por não ser quem você queria que eu fosse… eu poderia estar terminando a faculdade de música, estar te dando netos…

Meu pai olhou Erin, a mesma que manteve o sorriso entre as lágrimas o tempo todo, ele abaixou a cabeça e assentiu.

- É claro que eu desculpo você, Justin, eu te desculpei há anos atrás, você é meu filho e eu nunca vou te odiar.

Engoli em seco, secando os olhos e o nosso chamado de encerramento surgiu nas ondas sonoras, na voz de Jeffrey Harlem.

- Vou vir te ver no próximo dia de vistas - Ele falou, sorrindo.

-  Eu já ia me esquecendo - Erin pegou um pote na bolsa após suas palavras - aqui tem aquele croissant de caramelo que eu fazia… também tem tortas e algumas torradas com cream cheese… e nessa sacola tem sabonetes e esponjas.

Abracei Erin e beijei seu rosto. Meu pai tem sorte de ter essa mulher como esposa, Erin é a pessoa mais doce que eu já conheci.

- Obrigado, Erin, você é demais!

- Você que é - ambos se levantaram - tchau e se comporte, coma com cuidado, eu sei bem sobre sua alta glicemia.

- Pode deixar - a abracei mais uma vez e em seguida, meus braços contornaram o tronco largo do meu pai, em outro abraço - mais uma vez, obrigado, mande lembranças para os meus irmãos.

Não entrei em detalhes sobre os pequenos, porque simplesmente me destrói não vê-los e me deixa transtornado imaginar o que se passa na cabeça deles ao meu respeito.

Meu pai caminhou com lentidão, acenando pra mim e eu segurei as embalagens de plástico, com um sorriso que nunca dei nesses cinco anos.

- Que bonitinho - Zombou Marcus, passando as algemas nos meus pulsos, com tanta brutalidade que as guloseimas quase caíram das minhas mãos. 

O ignorei e segui para a solitária, lembrando da agradável conversa que tive com meu pai. Passei pelos corredores e entrei na minha cela. Marcus jogou na cama umas peças velhas de roupa e eu procurei o interruptor, pois está um breu aqui dentro.

- Sua lâmpada queimou - Montgomery disse e saiu da cela, sem esperar alguma palavra da minha parte.

Sem querer fazer escândalo ou coisa do gênero, me sentei, deixando a sacola no chão. Abri a marmita descartável, pensei em tomar banho antes, mas as tortas de maçã e pedaços de frutas vermelhas nos croissants de caramelo me chamaram mais atenção.

Do que somos feitos Onde histórias criam vida. Descubra agora