I hate you

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Sarah Montserrat

A pior parte de gostar de alguém e precisar dela é vê-la beirando a morte. Sabe aquele pingo de esperança? Desceu pelo ralo.

Madeline me ligou, pois eu estava demorando demais e disse que a Sun estava se sentindo sozinha e triste, pedi para que ela a trouxesse até o hospital. Trouxemos Justin para o melhor hospital da cidade.

Estamos todos aqui :  Jeremy, Erin, Bruce e Diane. Todos nós aflitos, assustados e até agora só temos uma informação : Bieber injetou Diltiazem na veia. É um medicamento para pessoas com os batimentos acelerados (como um tipo de arritmia), serve para diminuir a frequência cardíaca. Não seria prejudicial se Justin não tivesse arritmia irregular. Ou seja, se o coração dele bate devagar, com a medicação ele praticamente parou. O médico informou para Jeremy que o nosso coração bate sessenta vezes por minuto e o coração do Justin estava batendo apenas a metade disso por minuto. Estamos desesperados, eu estou inquieta, por isso pedi para a Mad trazer a Sun. Ela é meu ponto de paz.

Jeremy e Erin não conseguiam entender o motivo pelo qual Justin quis se suicidar, decidi que mesmo sem a aprovação dele eu teria que contar a verdade. Eles são os pais de Justin, amam ele imensamente, como eu posso omitir isso?

Melhorando a pergunta retórica. Como Diane e Bruce não abriram o jogo com Jeremy e Erin ainda? Por que eles não estão surtando ou informando a polícia sobre o que acontecia com o neto?

Sem rodeios, saí da cadeira em que eu estava com a Sun no colo e me direcionei até a família de Justin.

- Como vocês conseguem?! - olhei para Bruce e Diane, sem conseguir controlar minhas palavras.

O casal arregalou os olhos, intercalando o olhar entre mim e Jeremy.

- Não sabemos do que você está falando - Bruce falou, entredentes.

- Ah, não sabem? - apertei a Sun contra o meu peito - vocês não contaram ao Jeremy?

- Contaram o quê? - Jeremy se pôs em pé, pálido - o que houve? - ele perguntou de maneira firme para Bruce, que estremeceu - o que aconteceu com o meu filho?!

- Ele foi estuprado - a voz de Diane preencheu a sala, atraindo a atenção de todos, até mesmo dos funcionários que estavam passando por ali.

Pedi para Jeremy e Erin me seguirem para explicar a história, deixando minha filha com a babá mais uma vez.

Eu sei que não é da vontade de Justin que os pais saibam sobre os abusos, mas precisamos de justiça.

(...)

Eu podia enxergar nos olhos do pai de Justin a pura tristeza, amargura, algo vago. Contei tudo para eles, Jeremy sequer disse uma palavra. Ele entrou em modo avião… quero dizer, ele entrou em modo avião até ver o médico responsável pelo filho. 

- Doutor? - Jeremy sussurrou e o médico soltou um suspiro extremamente lento, coçando as têmporas.

- Precisamos de usar o desfibrilador - ele foi curto e objetivo - o medicamento fez com que as frequências cardíacas despencassem, tentamos aplicar  soro para limpar o sangue e nada, nenhum sinal vital estável. Precisamos impedir que o Diltiazem chegue no cérebro, senão… - ele suspirou - é um caso complicado, estamos fazendo o possível, ele está perto de uma parada cardiorrespiratória,  mas peço que vocês vão para casa e aguardem, Justin  não vai acordar agora.

- Vou ficar - disse Jeremy, após uma lufada de ar exasperada.

O médico assentiu, o aconselhando a ficar no quarto com o filho em uma poltrona ou na sala de esperas que possui uma televisão e algumas revistas. Como isso fosse ajudar… patético.

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