Bom dia/ boa tarde/ boa noite, boa leitura a todos.
Sarah Montserrat
Eu podia sentir uma mão atravessando minha garganta e puxando meu esôfago para fora, meus pulmões se comprimiam numa lufada de forte, tão forte que eu esqueci de como se respirar e perdi um pouco da consciência. Doía violentamente.
Eu me sentia arrasada, mas não por sentir quaisquer afeto por Chaz, por ser minha mãe.
“Nosso amor é antigo”. Ele me traía com ela, com certeza.
Por mais que eu tenha ignorado na época, eu me lembro perfeitamente de quando eles conversavam.
- Belo terno, querido. Gucci? Hugo Boss?
- Mãe! - a repreendi, ela tinha costume de reparar demais. Meu pai estava na mesa de jantar conosco, não muito contente com o meu noivado.
- Armani - Chaz se sentou ao lado de Geórgia, enquanto ela passava as mãos pelo tecido do terno freneticamente, admirando a malha bem trabalha e bem cara.
- Mãe! - insisti - dá pra parar de reparar em tudo? E se fosse uma camiseta simples? Você iria continuar assim? - a ambição de Geórgia me deixava estafada.
- Não tem problema, querida - Chaz colocou a mão sobre a minha - e mesmo se fosse uma camiseta simples, não estaria no meu corpo.
Eu queria fugir daquela mesa.
- Olha, eles são uns babacas, certo? Uns babacas! - Madeline ergueu meu rosto e enxugou minhas lágrimas - foda-se eles. Essa semana tem a primeira sessão sobre a custódia da Sun e você não vai estar abalada, me entendeu? Você é a pessoa mais forte e segura que eu conheço. Foda-se eles.
- Mamãe? - Sunshine se sentou de frente para mim - o que foi?
Beijei a testa dela e guardei o envelope, trêmula.
- Nada, Sunshine - Madeline interveio - vamos colocar sua mãe para dormir?
(...)
Encarei Charles Somers entrar na corte. Atrás dele, estava Geórgia. Ela sorria vitoriosa enquanto andava até seu lugar e, quando seu olhar parou em mim, ela sussurrou algo.- Oi, filha - entendi perfeitamente.
Engoli em seco, aflita. Meu advogado não havia chegado. Onde Trevor se meteu?
Eu já havia enviado quinze mensagens, liguei algumas vezes e nada.
Era definitivo, ele não iria.
- Seu advogado, senhorita Montserrat? - O juiz comentou, olhando para a cadeira vazia ao meu lado.
Trevor não é um advogado formado, mas ele atua na corte como tal. Ele é um dos melhores aqui.
- Ele não vem - falei, sem demonstrar sentimento algum.
Siga em frente.
Olhe somente para a frente.
- Mas nós não vamos poder dar início ao…
- Vão sim - o cortei - pode começar.
Geórgia riu. Charles Somers riu ainda mais. Eu queria sumir e chorar, achar Trevor e pedir desculpas por não ter contado nada antes.
- Senhorita, para termos o julgamento a senhora precisa de um advogado.
- Meritíssimo, eu…
- O trânsito estava um horror - Trevor entrou na corte - perdão, senhoria, acabei me atrasando - Ele caminhou até a cadeira vazia ao meu lado e se sentou, colocando alguns papéis em cima da mesa, sem sequer olhar na minha cara.
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Do que somos feitos
Hayran KurguDada a minha sentença, mantive-me por cinco anos sem iluminação alguma, a não ser a mísera fresta que ousa cruzar a fechadura da solitária. Alguns diriam que a iluminação ali é um sinal de esperança. Eu não acreditava nisso até o verdadeiro "pedaço...