past comes on

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                                   Sarah Montserrat

-  Está tudo bem… tudo bem - Trevor analisou meu rosto e secou minhas lágrimas. Eu estava chorando compulsivamente, dói tanto que eu mal consigo raciocinar.

Assim que Justin literalmente me nocauteou, eu travei no chão e comecei a perder a consciência por conta da enorme dor de cabeça, não tenho ideia de como vim parar na enfermaria, mas Nikkei está aqui, o que me tranquiliza um pouco. Se eu estivesse sozinha aqui com o Yale e com os outros funcionários daqui, provavelmente estariam me batendo mais.

- Não quero mais esse caso - solucei alto. Merda, eu não sou de chorar, odeio ficar frágil perto de pessoas que eu conheço há pouco tempo, mas eu estou destruída. Com o corpo e a mente cansados.

- Você tem todo direito de decidir o que quer, certo? - Trevor falou e analisou meu rosto com uma cara péssima.  Eu sei que está feio,  sinto tudo dolorido e sei que a minha têmpora está inchada.

- Não dá mais, eu desisto, não quero ver ele nunca mais.

Posso parecer dramática. Mas qualquer um na minha pele desistiria. Talvez Justin tenha matado o padrasto sem motivos e escreveu por Hobby, ele não quer minha ajuda, não vou ajudar. Me recuso.

É uma humilhação entrar aqui e sentir os olhares famintos e perversos, é humilhante fazer de tudo pra ajudar e sair machucada. É humilhante ser chamada de puta.

Eu não desisto fácil, juro, eu sou persistente e determinada, mas o acontecimento de hoje me deixou sem coragem. Eu estou um caco.

- Vou levar você pra sua casa - Nikkei falou, dando espaço pra eu descer da maca.

Suspirei pesado ao ver Marcus passar com a cabeça enfaixada e com as mãos cheias de esparadrapo, outro policial o seguia como se Montgomery fosse cair há qualquer instante. Logo, um rapaz totalmente magricela  apareceu com faixas nos olhos, guiado pela enfermeira.

- Bieber está me dando trabalho - resmungou a moça para o rapaz, o instruindo.

- Ele vai ficar bem? Digo, os olhos… ele está enxergando? - ousei perguntar, me arrependendo assim que a enfermeira respondeu.

-  Por sorte, ainda consegue ver pelo olho esquerdo.

Saí de lá rapidamente, Trevor andou rápido para me acompanhar e foi comigo até o carro. No caminho, Yale me olhou com um sorriso enorme e então, supus que ele tenha mandado Justin fazer isso comigo, pra eu não voltar mais.

Parabéns, conseguiram!

Entrei no meu carro e Nikkei me deitou no banco do passageiro, me acomodando perfeitamente e entrou em seguida.

- E o seu carro? - perguntei, preocupada.

- Meu irmão vai vir buscar, ele está por aqui, deve ter dormido na casa de alguém.

Não comentei mais nada. Eu só queria minha casa e minha filha… Ah, e distância de presídios.

                                      Justin Bieber  

Enquanto eu esfregava a pia nojenta do refeitório e observava a pilha de pratos que precisava guardar, deixei minha mente viajar até o acontecimento de horas atrás e dei uma risada incrédula. Na verdade, foi uma risada sem nexo algum. Os olhos dela inchados e roxos, é só isso que se passa pela minha cabeça. O jeito que Sarah se contorceu no chão, se não tivessem ouvido os gritos de “socorro” dela, provavelmente ela ainda ia estar jogada no chão, me olhando cheia de medo.

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