Sarah Montserrat
- O que é isso, mamãe? - Sun se sentou no sofá ao meu lado, deitando no meu colo enquanto eu analisava os papéis nas minhas mãos.
- Isso é uma intimação - coloquei os papéis em uma pasta e beijei a pontinha do seu nariz.
- O que é isso? - sorri para ela e acariciei seus fios cuidadosamente.
- A mamãe está processando um lugar onde as pessoas são tratadas muito mal, então, para eu poder ver todos lá com sorrisão e não biquinho de tristeza eu tenho que fazer uma intimação - ela cruzou o cenho e eu ri, negando com a cabeça - é coisa de gente grande.
Sunshine fez uma carranca e se sentou.
- Eu já sou grande, já sei contar até dez.
- Você é inteligente - mordi sua bochecha e beijei, a abraçando - O que nós podemos fazer hoje? É sábado, quer ir no shopping?
- Não, mãe, eu quero ficar em casa e comer um bolo de chocolate com muita calda - ela falou e enfiou a chupeta na boca, mudando o canal da televisão.
- Então nós vamos até o mercado e comprar os ingredientes - me levantei e prendi seu cabelo - coloca seu sapatinho que a mamãe vai pegar a bolsa no quarto.
Fui pegar a bolsa e dei a mão para minha filha, desliguei a televisão e apaguei as luzes, trancando a casa.
- Nós vamos de carro?
- Não, Maria gasolina, vamos andando até lá, não é longe e nós precisamos caminhar.
Sunshine esticou os braços pra mim e eu neguei com a cabeça.
- Vamos andar, o dia está lindo!
- A gente pode ir de carro? Daí nós vamos no outro mercado grandão, vai mamãe? Por favor, a gente nunca mais saiu juntas pra comprar comida.
Bufei baixinho e encarei a pequena, voltando até a garagem, pegando a chave pra abrir o portão.
- Eba, eba, eba! - Sun ficou pulando com os braços erguidos e quando eu abri o portão ela correu até o carro e abriu a porta, sentou na cadeirinha e passou o cinto.
- O que eu faço com você, Sunshine? - revirei a bolsa e peguei a chave, entrando no carro.
- Eba!
Suspirei e dei partida, rindo.
(...)
- Vamos pegar os legumes primeiro? - coloquei os alimentos no carrinho, olhando para o mesmo, pensando no que pegar.
- Vamos, mas só se você comprar cenoura - Sun falou e correu até as cenouras, pegando muitas - prontinho.
Dei risada.
- Tem que colocar no saquinho - peguei a sacola de papel e coloquei as cenouras, deixando no carrinho.
Coloquei mais algumas coisas e fui até o setor de guloseimas, para fazer o tal bolo.
- Vovó! - dei um pulo de susto e Sunshine correu até a senhora bem vestida de cabelos grisalhos - oi!
Encarei minha mãe, vendo ela não dar atenção nenhuma para a neta.
- Sunshine, venha, vamos pegar as coisas pra fazer seu bolo.
- Eu estou com saudades dela, mãe - Sun a abraçou e minha mãe olhou minha filha com desdém, a afastando.
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Do que somos feitos
FanfictionDada a minha sentença, mantive-me por cinco anos sem iluminação alguma, a não ser a mísera fresta que ousa cruzar a fechadura da solitária. Alguns diriam que a iluminação ali é um sinal de esperança. Eu não acreditava nisso até o verdadeiro "pedaço...