Sarah Montserrat
Sunshine reclamou tanto por eu ter chegado tarde na terça-feira que eu tive que prometer levá-la até o shopping no sábado, com direito à compras e cinema, com o filme de sua escolha.
Aqui estamos, assistindo uma porção de minions gritando “banana”.
Minha garota está rindo tão alto que eu tenho que mandar ela se calar umas cinco vezes.
- É divertido, mamãe, eu amo os minions - quem riu agora foi eu, pelo jeito que ela proferiu as palavras. As bochechas cheias de pipoca doce com calda de caramelo e suco de caixinha fizeram suas palavras parecerem resmungos de bebês zangados.
- Você ama o que? - brinquei, achando sua voz mais fofa que o normal.
- Minions - repetiu.
Prendi o riso ao extremo, negando com a cabeça.
- Certo, princesa, agora assista - murmurei, sentindo o celular vibrar na bolsa. Retirei da mesma, abaixando o brilho.
Ri descrente, mas ao mesmo tempo, um pingo de interesse surgiu em mim.
Será que devo considerar as palavras de Madeline? Do tipo… “Já passou a hora de superar”.
Abri a mensagem, reticente.
“ Boa noite” - Li a mensagem de Nikkei, pensando em não responder agora.
Assim fiz, guardei o celular e beijei a cabeça da minha menina, estou aqui com ela, sem distrações agora.
Quero dizer, sem distrações externas, pois meu pensamento se voltou no acontecimento do início da semana : o beijo mais gostoso que já provei nesses últimos anos.
Meu paciente fez um trabalho ótimo com a língua, pra falar a verdade, parece ser ótimo com o corpo todo.
Eu me aliviei aquela noite, me senti uma idiota por estar imaginando Justin Bieber me pegando de jeito mais uma vez, mas foi meio impossível não me sentir tentada.
Porém, eu sei meus limites e sou adulta. Sei que se isso ocorrer de novo posso perder o meu emprego e a fortuna que eu estou para receber de Jeremy Bieber vai pro rio abaixo - não estou fazendo tudo isso pelo dinheiro, mas como a quantia que estou recebendo por mês é ótima,posso manter minha casa, minha filha e a mim. Está tudo nos conformes, não vai ser um beijo que vai mudar isso.
Mandei uma mensagem para Madeline após sairmos da sessão. Sun está no meu colo, reclamando de sono sono e muita fome.
- Você acabou de comer pipoca - olhei para ela, vendo seus olhos encherem de lágrimas - pode ir parando, Sunshine, já fizemos tudo que você queria. Cinema, compras, doces e refrigerante.
- Mas faltou só uma coisa, mãe - ela bufou baixo, ficando séria e com os braços cruzados abaixo do peito.
- Não faltou nada, Sun, nada.
E, então, Sunshine começou a chorar.
- Céus, o que foi? - a coloquei no chão e me inclinei para baixo, olhando em seus olhos.
- Você não fica comigo, mãe - cruzei o cenho, sem entender uma só palavra, indo para o canto da parede. Não dá pra dar bronca numa criança no caminho até a escada rolante.
- Não estou entendendo, Sunshine - falei, com a voz rude.
Ela repetiu um pouco mais nítido.
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Do que somos feitos
FanfictionDada a minha sentença, mantive-me por cinco anos sem iluminação alguma, a não ser a mísera fresta que ousa cruzar a fechadura da solitária. Alguns diriam que a iluminação ali é um sinal de esperança. Eu não acreditava nisso até o verdadeiro "pedaço...