Sarah Montserrat
Eu não costumo me colocar para baixo, sempre busquei o lado bom das coisas, mesmo que parte de mim esteja mal, meu exterior mostra para o mundo que eu sou forte e nada me derruba. Nem mesmo a doença mais estranha e dolorosa que eu já tive.
A parte boa da situação era que Justin depositou tudo o que eu gastei com ele em relação à faculdade e ao emprego de compositor, então minha conta bancária está estável e eu não me importo com nada nesse momento.
Bom, Pattie já não é mais minha paciente e nós estamos aguardando um segundo diagnóstico e as palavras do novo psiquiatra.
Eu só quero chegar em casa e suspirar de alívio por estar bem de novo.
Três semanas e meia com uma dor incontrolável na vagina me assustou muito, mas o lado bom disso foi eu notar que não posso ficar fazendo sexo com camisinha preocupada só em tomar anticoncepcional. Deus me livre de ter algo assim de novo, os remédios são fortes, tratam-se antibióticos e penicilina, a minha sorte foi que a doença era de nível primário, então eu não tive problemas de vermelhidão ou descamação da pele, Justin pelo contrário…
- Cuidado, Sunshine, cuidado…o papai está com dor.
- Não vai passar? - minha filha sentou no sofá, logo ao lado do pai - dói muitão?
- Dói…- ele resmungou e olhou para mim - não sei como se curou tão rápido.
- A sua ficou um nível acima da minha, não esqueça que a Olívia está há mais de dois meses fazendo tratamento, ela está com sífilis latente, reza para não chegar a esse ponto.
Justin soltou o ar devagar e fez carinho nos fios da Sun.
- Sua mãe é cruel - resmungou ele para a filha, que riu.
- Ela é legal, e sua casa nova também, papai, você mora em um prédio!
Justin riu e continuou a escrever, me olhando em seguida.
- O que rima com vida?
- Co-mi-da! - Sun saiu saltitando e sentou no meu colo, me abraçando - tô com fome, mamãe.
A beijei e fui até a cozinha.
- Será que seu pai tem comida nesse lugar?
- Não, besta, eu vivo de fotossíntese! - Justin gritou da sala.
- Sempre desconfiei que você era uma flor - falei e ele me olhou feio.
- Eu gosto de flores - Sunshine bateu palmas e pegou uma latinha de refrigerante, olhando a geladeira atenta - Papai tem a melhor geladeira do mundo, só tem coisa gostosa.
- Só tem porcaria - contrapus, indo até a sala e olhei Justin - tem certeza que consegue ficar com ela?
- Tem dias que ela está ficando comigo, eu já decorei as regras - ele riu - Sem comer muitas porcarias, banho antes das cinco da tarde, leitura do dever de casa…
- Nós acabamos de pegá-la no primeiro dia de aula, tem que incentivar a menina a estudar - beijei a testa dela - preciso voltar para o trabalho, meu horário de almoço está acabando.
Justin me acompanhou até a porta e segurou meu rosto.
- Até quando você vai fingir que não temos nada?
- Deixei claro esses dias que realmente não temos nada, nosso elo é apenas a Sun.
- O que eu posso fazer para você voltar comigo?
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Do que somos feitos
FanfictionDada a minha sentença, mantive-me por cinco anos sem iluminação alguma, a não ser a mísera fresta que ousa cruzar a fechadura da solitária. Alguns diriam que a iluminação ali é um sinal de esperança. Eu não acreditava nisso até o verdadeiro "pedaço...