Sarah Montserrat
Quando uma garota passa pela adolescência, ela se fantasia em um mundo só dela. Meninos sexys do time de futebol do ensino médio, os mesmos que se denominam populares. Os que partem os corações das mocinhas, os bad boys, dono dos corredores, donos do pequeno mundo chamando escola. Eu já passei por essa fase, e me casei com um desses bad boys, e, como esperado, ele quebrou meu coração.
Quando se tem uma filha, onde até então, não tem ideia de quem seja o pai, quando se constrói uma vida nova e sua melhor amiga é a outra mulher da casa, desilusões amorosas são fichinhas.
Na noite de natal, após ver Justin Bieber, o assassino cruel de Nicholas Hank, em uma pós foda com a minha arqui inimiga, eu pensei que meu mundo fosse cair na minha cabeça, explodir meu coração. Mas a verdade é que eu sou uma conformista. Doeu tanto na hora, tanto que eu queria espancar os dois, dizer o quanto eu me sacrifiquei para ele simplesmente me trocar.
Mas é possível trocar algo que nunca se teve?
Bieber não me traiu, ele me apunhalou, como se eu fosse um brinquedinho, uma diversão. Doeu bem mais do que a traição de Charles Somers, e de verdade, que bom que doeu, pois descobri que estou mais forte, estou madura, e sou quase inabalável.
Madeline me ouviu chorar aquela noite inteira, enquanto os fogos iluminavam o céu, enquanto as pessoas comemoravam.
Por que ela teve que esquecer a carteira no refeitório? Por que Justin Bieber falou em casamento e decidiu de última hora cancelar meus preparativos emocionais?
Ah, Justin, desculpe a minha grotesca decisão de te restringir em relação a mim e a Sunshine, mas foi o que você mereceu. Um soco, um tapa, solidão. Se depender de mim, solidão irá se resumir nos seus próximos dias.
As festas de fim de ano haviam acabado e Justin foi libertado no dia primeiro de janeiro. Seu rosto apareceu nas manchetes dos jornais mais populares de Toronto e toda Stratford estava com pena dele e ódio da incompetência dos órgãos de defesa. Com essa comoção dos moradores da pequena cidade, eu pensei em voltar no tempo e rasgar o envelope.
Justin estava finalmente livre, morando com os pais, tentando se encaixar no mundo novamente; recebendo olhares de pena e de deboche… Mas eu? Eu fiquei no meu canto, focada no meu trabalho, na minha filha e nos meus planos futuros para um mestrado ou pós graduação.
E na manhã de segunda-feira, após todos estarem calmos com a entrada de um novo ano, com novos planos e novas realizações, um ser humano megero e arrependido cruzou a porta da minha cafeteria favorita, direcionando o olhar para mim.
Trevor Nikkei.
- Que bom que você veio - disse ele, se sentando na minha frente, mas a cara de cão perdido não me comoveu - eu...estou…- com dificuldade para falar, Nikkei soltou o ar dos pulmões - estou atolado com a indenização de Justin, eu havia feito um acordo para não pagá-lo, mas o juiz está exigindo, não sei o que faço, talvez eu deva vender meu carro...no momento eu só preciso de uma boa companhia para me acompanhar nesse capuccino e me perdoar, por tudo.
- Eu não saio com mentirosos - tomei meu café e encarei Trevor - e se tiver me chamado aqui, no meu horário livre, para poder falar ladainha, pode se retirar.
- Quero me desculpar - Nikkei segurou minha mão e eu a puxei - eu errei com você, Montserrat, errei com Bieber e…
- Muita gente errou comigo, se está tentando reaver nossa relação posterior, pode desistir, porque a única coisa que você tem de bom é um corpo gostoso e uma cama macia. Só isso.
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Do que somos feitos
FanfictionDada a minha sentença, mantive-me por cinco anos sem iluminação alguma, a não ser a mísera fresta que ousa cruzar a fechadura da solitária. Alguns diriam que a iluminação ali é um sinal de esperança. Eu não acreditava nisso até o verdadeiro "pedaço...