Sarah Montserrat
- Vou estar aqui para o que você precisar - na manhã de sábado, Trevor me assegurou com a voz firme, olhando no fundo dos meus olhos - Nem Geórgia ou Charles Somers vão conseguir tirar sua filha de você, eu prometo.
Olhei em volta, pedindo outro café no Deneeve, torcendo a boca.
- Eles não têm motivos para querer ela… sabe? - mantive minhas palavras fortes, pois eu estava a ponto de desmoronar - Eles só… só querem o meu mal, mas assim? Tentando tirar minha vida de mim? - neguei com a cabeça, completamente tonta - não dá, Trevor, eu sei que não dá para tirá-la de mim, quais argumentos eles vão usar? Minha renda é boa, não falta exatamente nada para a Sunshine dentro de casa. Roupas, comida, brinquedos… carinho e amor, é o que ela mais tem - cabisbaixa, sequei meu olho - isso não pode estar acontecendo comigo…
- Ei… - Ele ergueu meu rosto, secando as lágrimas - nós vamos vencer, não tem o que temer, a gente só… só precisa de ter muita calma e muita fé. Eu consegui outro julgamento, vai ter o primeiro da semana que vem e o definitivo, depois de quinze dias. Tudo vai se acertar.
Tentei me convencer disso, juro por Deus que tentei. Mas mesmo tendo certeza de que sou uma mãe incrível, qualquer ameaça pode ser crucial para mim. Eu fiz tudo sozinha por cinco anos!
Assisti minha barriga crescer enquanto me dedicava como uma louca nos estágios para conseguir comprar as coisas da neném, sem contar os meus outros empregos. Cheguei a fazer doces para vender por encomenda, pois com a morte do meu pai, Geórgia simplesmente cortou meu dinheiro todo, e eu ainda não era maior de idade para recorrer à minha herança. O dinheiro dos estágios eram da Sunshine, comprei o enxoval inteirinho sozinha, Madeline me ajudou como pôde, mas eu estava com a maior responsabilidade. Já o dinheiro dos doces eram da faculdade, meus livros enormes foram todos pagos com o meu suor, eu dei meu sangue até os três anos da Sun, para finalmente conseguir um emprego na clínica e me estabilizar. Comecei a pagar aluguel na casa em que eu moro atualmente, Madeline morava comigo e deu pra ir levando até eu comprar a casa com o dinheiro da herança. Foi um processo demorado, já que a minha mãe fez a maior patifaria com os documentos do meu pai para que eu não conseguisse o dinheiro, ela até tentou falsificar o testamento, mas eu o havia pegado escondido quando me casei.
- Te ver assim acaba comigo… - Nikkei ergueu meu rosto com o indicador - gata, a Sun é sua e vai continuar a ser, certo?
- Certo - afirmei, sentindo seus lábios sobre os meus, mas não movi um músculo, apenas aceitei o selinho.
- Senti sua falta…
Eu queria dizer o mesmo, eu queria sentir o mesmo, mas Trevor não sabe que Justin é o pai da Sun, então isso martelou minha cabeça, porém eu não arriscaria dizer agora, posso por tudo a perder se Trevor se revoltar.
- Sarah, vou te fazer uma pergunta, e eu espero que você não fique brava comigo… - lentamente as palavras saíram de sua boca, eu havia me esquecido que Trevor Nikkei é uma delícia - quer fazer sexo?
Minha cara foi no chão.
O que?!
- O que?! - meu pensamento explodiu nos meus lábios - você enlouqueceu? Eu…
- Sexo acalma, vai ser sem compromisso.
- Eu estou uma pilha de nervos e você me oferece sexo?! - questionei, indignada, vendo algumas pessoas das mesas ao lado nos olharem - qual o seu problema? - diminui o tom de voz.
- Eu estou com saudades, Sarah, esse é o problema. Você é psicóloga, sabe que o sexo é bom para relaxar a mente, a quantidade de endorfina após um orgasmo explode e acalma todos os neurônios, te deixando mais equalizada. Acha que eu não estudei psicologia nesse semestre? Ou que eu nunca li sobre isso sendo apaixonado por uma psicóloga?
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Do que somos feitos
FanfictionDada a minha sentença, mantive-me por cinco anos sem iluminação alguma, a não ser a mísera fresta que ousa cruzar a fechadura da solitária. Alguns diriam que a iluminação ali é um sinal de esperança. Eu não acreditava nisso até o verdadeiro "pedaço...