bloody day

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Justin Bieber

- As mulheres gostam de vir aqui…- falou Sarah assim que se sentou no balcão, enquanto eu preparava um cappuccino para uma moça, que estava ao lado dela.

- Pensei que não viria mais aqui...por causa de mim, claro - comentei baixo e entreguei a bebida da senhora, que me entregou a comanda e se despediu brevemente, parecendo atrasada.

- Eu amo esse lugar, pode deixar que peço para a Hariam me servir - olhei para ela, revirando os olhos e notei o emblema do Tribunal de Justiça no interior de seu casaco.

- Psicóloga jurídica de novo?

Sarah suspirou e assentiu.

- Precisamos conversar, peça uma hora de intervalo para a Hariam, você repõe depois.

- Vai me socar de novo? - peguei o pedido de outra cliente para  servir o café, vendo ela abrir o botão da camiseta e apoiar no balcão. Cá entre nós, eram um par de seios bem grandes.

Sarah não me respondeu, pois estava olhando para a mulher inconformada e eu contive a risada.

- Mais alguma coisa, moça? - perguntei, aproveitando o ciúmes raro da Sarah para provocá-la.

- Justin, não é? - a moça leu na minha camiseta e mordeu o lábio na maior cara de pau.

- Cega você não é, flor - Sarah alfinetou e sorriu para ela, com falsidade. Entreguei o café para a moça, vendo ela sair sem graça.

- Ciumenta - dei risada - isso é amor.

Ela ignorou e ficou em silêncio por alguns minutos, enquanto eu atendia os pedidos dos fregueses.

Apenas notei sua inquietação quando ela puxou meu braço e olhou para mim.

- Precisamos conversar, com urgência, Justin. Agora - Sarah estava com a expressão diferente, preocupada e triste, seu tom de voz era de súplica.

- Tudo bem, eu vou falar com a Hariam - fui até a minha chefe, que assim que viu a Sarah me autorizou.

Caminhei até o quartinho dos fundos e tirei a minha camiseta, colocando uma regata qualquer e encontrei com Sarah, indo até o lado de fora.

- Hariam adora você pelo visto, ela deixou de boa.

- Eu consegui ajudar a filha dela a sair das drogas - Sarah foi objetiva - entra no carro.

Fiz o que ela mandou, confuso.

- O que está acontecendo? - questionei, meio desesperado - A Sunshine está bem?

- É a sua mãe, ela precisa de você, e no caminho eu te explico o porquê.

(...)


Eu não conseguia sair do lugar, meu coração pulsava descontroladamente como se fosse saltar do meu peito. Sarah estava me abraçando, mas eu não sentia seus braços ao meu redor, eu não sentia absolutamente nada.

“ Sua mãe era vítima”, “ ela tentou te proteger e sem sucesso começou a enlouquecer e a se drogar”, “Eu tenho que ser sincera, o vício dela foi causado por impotência de não poder te ajudar”.

Minha cabeça girava com as explicações da Sarah, não percebi quando comecei a chorar, mas eu notei como tudo estava fazendo sentido, minha mãe nunca foi cúmplice, nunca.

- Eu julguei ela muito mal, Sarah, muito mal - as palavras saíam com facilidade, mas era dificultoso conter a dor no peito - eu disse que ela me dava vergonha, disse que ela era igual ao Nicholas…

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