CAPÍTULO 2

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              MARIANA ASSUNÇÃO

O final de semana estava ali, bem na minha cara, literalmente. Dormi de cara na revista de viagens que a Mel fez questão de me fazer olhar. Ela queria e ainda quer ir à praia, e confesso que isso é não é uma má ideia.

Preciso de um descanso, já que também estarei folgando.

A última vez que fui à praia Melissa tinha três aninhos, lembro-me como se fosse ontem, seu maiô branco estampado com bolinhas cor de rosa bem justinho no seu corpinho, ela adorava enterrar conchinhas para logo em seguida desenterrar.

Vez ou outra pegava-me recordando dele, do seu pai. Era inevitável não olhar para o mar e relembrar dos azuis daqueles olhos que me domava... olhos que a minha menina herdou com maestria, ele era lindo. Sim, era. Não sei como está agora, há muito tempo que não o vejo, exatamente cinco anos sem saber de sua existência.

Desde que descobri da minha gravidez naquela noite chuvosa nunca mais o vi, a única coisa que lembro-me todos os dias é da imagem de suas costas largas e cabelo longo indo embora no nosso último encontro, me deixando sozinha em frente ao mar. Nem sequer soube da filha que estava pra chegar. O resto faço questão de pensar que nunca aconteceu.

Porém, Melissa é a prova de que tudo foi real.

— Mãe? – ouço sua voz manhosa chamar, tirando-me das lembranças.

— Oi meu amor. – larguei a revista e olhei em seus olhinhos azuis esbugalhados, sinal de que vai pedir alguma coisa.

— Posso te pedir uma coisa? – sabia. Ponto pra mim.

— Se estiver ao meu alcance claro que pode.

— Me fala um pouco mais do papai? – fiquei muda com o seu pedido.

Melissa não sabe que fomos abandonadas pelo pai. Sempre soube que essa conversa um dia chegaria, mas eu sempre faço o possível para adiarmos essa dara e hoje farei a mesma coisa.

—Ah filha, seu pai e eu ficamos juntos até quando foi possível. – tentei explicar.

— Você sempre fala isso mãe. – questiona.

— Bom, seu pai é um homem lindo. – prolonguei a última palavra tentando achar um meio de deixar a conversa menos tensa.

— Sério mãe? – seus olhos brilham como estrelinhas.

— Sério mesmo. Você é tão linda quanto ele. – alisei seus fios bagunçados.

— Como ele se chama? – droga! Nunca tinha mencionado o nome dele para ela.

— Dominic. Eu sempre o chamava pelo apelido, Dom, era mais fácil.

— Dom? Isso é estranho. – ela sorria mostrando os dentinhos.

— Agora vamos deixar de papinho e dormir?

— Ainda é cedo.

— Melissa? – adverti.

— Até amanhã mamãe.

— Dorme bem meu amor.

Fui para o quarto e desliguei a luz. Preciso dormir, desta vez sem nenhuma revista na cara.

[...]

Os primeiros raios de sol da manhã de sábado invadiam o meu quarto. Certamente hoje será um dia lindo.

Estiquei meus braços para expulsar a vontade de permanecer deitada e pule da cama.

Iríamos viajar para a casa de praia da familia, embora eu não me sinta muito a vontade com essa ideia, mas não posso deixar que minha filha se afaste da família que tenho.

UM AMOR PARA ETERNIDADEOnde histórias criam vida. Descubra agora