MARIANA ASSUNÇÃO
Tento ignorar a presença dele no salão, mas chega a ser insuportável ver um bando de piruas o paquerando na maior cara de pau. Cada mulher que passa praticamente leva consigo um farto pedaço dele e o safado só faz rir da cena.
Até a Karol. Que bandida essa minha amiga!
— Amiga, você viu quem esta ali? - ela pergunta toda eufórica.
— Aquele cabeludo safado de terno preto que esta matando todas as mulheres de tesão? Sim, estou vendo.
Acho que o meu tom saiu um pouco rude.
— Calma aí fofa. O que foi? Passou de alegre bem fodida pra bruxa que errou no feitiço assim tão rápido porquê? Tem algo te incomodando?
Sim, e ele esta me atiçando.
— Dominic. - digo.
— De novo esse cara amiga, fala sério Mariana, virou encosto já né?! Chuta essa praga, ou não. - as vezes ou quase sempre eu não entendo essa minha amiga.
— Me faz um favor? - pergunto.
— O que você não me pede chorando, que eu não faço sorrindo. - convencida.
— Então... Quando você for levar o pedido daquele safado aproveita e bate coma bandeja na cabeça dele. - vai ser merecido.
— Agora fiquei confusa amiga, porque eu bateria naquele bonitão? Eu quero mas é que ele me foda.
Rio comigo mesma com esse comentário.
— Tá vendo aquela perdição ali? - puxo ela pelo braço e aponto de um modo nada discreto e o safado manda beijos.
Cretino!
— Poderia ver melhor se ele resolvesse, assim do nada sabe, ficar peladão aqui no salão.
— Aquele ali é o meu ex, Dominic Falcão, pai da Melissa. - sorrio para ela de orelha a orelha.
Karol arregala os olhos e abre a boca como se quisesse gritar. Sabia que sua reação seria a melhor coisa de se vê hoje. Depois do choque ela resolve falar.
— MENTIRAAAA... NÃO AMIGA, PARA TUDO.
— Verdade verdadeira amiguinha.
— Sua maluca, você me deixou falar todas aquelas coisas sabendo quem ele é?
— Claro que sim! Tudo pra vê essa carinha de espanto depois.
— Cretina, safada.
— Também amo você.
[...]
Depois de recuperar o fôlego e a concentração voltei as minhas funções normalmente, logo mais irei almoçar com a Mel e o provocador safado, preciso de muita calma pra não fraquejar ou engasgar com a comida.
Dominic continua no mesmo lugar, mas dessa vez ele esta concentrado no seu notebook, deve ser trabalho, ótimo... Assim ele não me atrapalha.
— Oi querida. - diz a nojenta da gerente.
— Oi Débora. - finjo um sorriso.
— Esse aqui é o Felipe, novo garçom do Pallace.
Ponho um sorriso simpático no rosto e estendo a mão para cumprimentá-lo de forma precisa.
— Seja bem vindo Felipe, espero que goste da nossa equipe. - ele aperta a minha mão e sorri de volta.
Lindo!
— Como não gostar de algo tão belo, digo, trabalhar aqui será um imenso prazer. Darei o melhor de mim.
— Assim espero, agora vamos até a minha sala pegar o seu uniforme de treinamento. - ela finge um sorriso e sai rebolando como uma lagartixa.
— Insuportável. - digo revirando os olhos.
[...]
Arquivo as últimas reservas e vou até o vestiário pegar minha bolsa e retocar a minha maquiagem apesar de não ter quase nada na cara.
— Força Mariana, força. - digo a mim mesma.
— Falando sozinha amiga? - ela ainda vai me matar de susto qualquer dia.
— Na verdade estou tentando criar coragem.
— Algum problema com a Melissa?
— Não, mas estou indo revelar a ela que o pai esta vivo e bem perto de nós.
— Relaxa, vai dar tudo certo.
— Obrigada.
— Além disso, quem não queria aquele gato como pai? Com certeza a Melissa vai amar a novidade, ainda não entendo como ela consegue ser tão madura tendo apenas cinco anos.
— Acredite, nem eu entendo.
Saio do restaurante e encontro Dominic encostado no carro. Sua face transmite ansiedade.
— Pronto? - pela sua cara acho que não.
— Não. - sabia.
— Quer adiar? - adoraria se fosse um belo sim.
— Não.
— Então vamos né. - dou de ombros e sigo.
Ele entra no carro e eu faço o mesmo. Seguimos direto para a escola. Falei com o segurança e entrei. As salas ainda estavam em aula, alguns alunos corriam no pátio e outros brincavam no parquinho.
— Mariana! - cumprimenta a diretora da escola.
— Diretora Marcela. - retribuo o gesto.
— Que bom vê-la.
— Eu vim buscar a Mel. - digo.
— Ultimamente eu notei que ela esta um pouco tritonha, ela está evitando interagir com as coleguinhas, está calada, um pouco dispersa nas aulas. Desculpe pela intromissão, mas aconteceu algo?
— Passei por algumas complicações e nem sequer notei. Prometo que vou conversar com ela assim que chegarmos em casa.
— Ótimo. Converse também com a professora de dança dela. Talvez seja algo de lá.
— Obrigada.
— Agora eu preciso ir, com licença.
Esperamos alguns minutos até que todos forma liberados, Melissa foi a última a sair, com a cabeça baixa, arrastando a mochila.
— Ei mocinha? - Dominic chama. Assim que ela o vê abre um sorriso largo.
— Thor!
Ela corre e o abraça.
— Vamos ter uma conversa bem seria mocinha. - digo.
— Vou ficar de castigo de novo. - ela reclama e esconde o rosto entre as mãos.
— Vamos almoçar primeiro.
Pego sua mochila e Dom a leva nos braços até o carro. Agora não tem como fugir da verdade, acho que será melhor assim, as vezes algumas coisas fogem do nosso controle... ou mudamos ou nos adaptamos.
E eu acho que já me adaptei demais.
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Boa leitura.
Beijos, Jaqueline Carvalho.
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UM AMOR PARA ETERNIDADE
RomansaUm passado. Um medo. Uma vida. Mariana Assunção viveu essas palavras com tanta intensidade, que só ela sabe a dor que carrega no peito. O medo do próximo erro é inevitável quando se tem um coração ferido pela pessoa amada. Entregue-se. Liberte-se. A...