DOMINIC FALCÃO
Quando soube da escolha do lugar eu fiquei puto mesmo. Caio é um adulto sem juízo, mas agora, olhando de outra forma esse lugar não me parece ser tão ruim.
O andar que estamos é totalmente diferente do outro. Aqui é silencioso, aparentemente elegante e sigiloso.
De mãos dadas e ainda em silêncio, Mariana e eu entramos dentro do quarto e já somos surpreendidos com a beleza do ambiente.
Essa estrutura particular com toda certeza tem o dedo, melhor, tem o Caio todinho envolvido. Acho que é aqui que aquele safado anda fazendo investimentos.
— Agradável aqui, não acha? – Mariana solta a minha mão e vai conhecer o quarto.
Fecho a porta e vou atrás dela.
Aqui não têm paredes de cimento, tudo é dividido por enormes estruturas espelhadas. Da para transar e se ver de vários ângulos. A cama é redonda e bem espaçosa com luzes de led embutidas e óbvio que o teto também tem espelho. Gostei!
Mariana estava bebendo água e eu fiquei observando os gestos dela. Calma, ou pelo menos estava disfarçando bem até então.
— Não precisamos transar, eu só quero aproveitar o restante da noite na sua companhia.
Estou com tesão, não nego. Mas desta vez é diferente, quero aproveitar e curtir a presença dela.
Mariana foi até a cama e se jogou.
— Nossa... Macia, parece um algodão doce de tão fofa que ela é. Vem cá, deita comigo.
Céus! Assim eu não aguento.
Me deito ao lado dela e a puxo para o meu peito. É uma sensação tão gostosa que o tempo parece que congelou.
Ela me abraça e se aconchega ainda mais.
— Você não imagina o quanto eu desejei um momento como esse. – digo.
Ela me solta instantaneamente e senta ao meu lado. A sua respiração está sendo controlada mas acho que na verdade Mariana está buscando coragem para me falar algo.
O que foi dessa vez?
Será que falei alguma besteira?— Eu cansei de fingir que não me importo com a sua presença. Me importo muito até. Eu também confesso que desejei por várias noites te odiar, mas eu só estava me enganando. E, com sua chegada e todas as descobertas recentes o sentimento que tanto tinha medo de aceitar acendeu dentro de mim.
— Mari... – fui interrompido. Queria poder dizer algo, mas estou surpreso também.
— Eu, eu... Não sei como lidar com isso Dominic.
De fato, não tenho palavras para falar depois do que escutei. Puxo seu corpo e o abraço com toda força e delicadeza do mundo.
Eu sei que ela ainda me ama, mas também sei que dentro do seu coração existe uma ferida que não sei se um dia terei capacidade de curar.
— Sou um homem ciente das merdas que fiz, e algumas delas tirou você da minha vida... Mas eu nunca deixei de te amar Mariana. Pode ter certeza disso.
E novamente o silêncio reinou entre nós.
Ficamos boa parte da noite em silêncio, um ao lado do outro. De alguma forma, eu tinha que sair desse modo "avião".
— Como foi depois daquela noite? – pergunto.
— Que noite?
— A noite em que você ia me contar que estava grávida e eu fui embora sem ouvir uma palavra. – belo modo de sair do modo "avião".
— Ah, essa noite.
— Eu quero saber de tudo Mariana.
— Pra quê? Tudo o que tinha de acontecer de mais horrível naquele dia faz parte da um passado que eu faço questão de esquecer Dominic.
— Me desculpe por isso, mas eu preciso saber o tamanho do estrago que eu causei na sua vida.
MARIANA ASSUNÇÃO
Mexer na ferida que mais dói em mim não era o plano da noite, mas acho que já é hora dele saber as coisas que passei por causa dos nossos atos naquele verão.
— Minha mãe já estava suspeitando da gravidez e logo confirmamos o fato. Na mesma hora eu fui contar pra você e chegando lá nem tive oportunidade. Você foi embora.
— Continue.
As imagens pareciam ser flash na minha cabeça. Doia, muito.
— Naquela mesma noite, voltando pra casa, meu pai descobriu tudo. Me humilhou na frente de várias pessoas que estavam na rua e quase me bateu.
Respiro fundo e continuo...
— Imagina só, a princesinha dele havia desonrado a família e teria que sentir na pele as consequências da sua maluquice. Escutei tantas barbaridades de quem mais admirava. Fui expulsa de casa logo em seguida e só não dormi na rua porque tínhamos outra casa. Minha mãe me levou pra lá e dias depois a casa estava no meu nome. Uma boa notícia pelo menos.
— Continue Mariana. – não sei se está doendo nele tanto o quanto dói em mim.
— Dali em diante seria eu por mim e pelo meu bebê. Minha mãe pouco me visitava, meu pai a proibiu e ela também me abandonou com um tempo. A bolsa que ganhei na faculdade? Tive que recusar, mas consegui uma proposta com os diretores e três meses depois eu consegui entrar para faculdade novamente. E também um emprego.
— No Pallace? – quem me dera se fosse o primeiro emprego que eu conseguisse.
— Não, em uma loja de artigos para bebê. É, eu sei, ironia do destino né.
Dei um leve sorriso. De fato, o destino estava me dando uma lição de moral.
— E a gravidez?
— De toda essa história, Melissa foi a única coisa boa que me aconteceu. Tive uma barriga enorme e bem pesada, mas a Mel nasceu pequena e saudável. Chorava tanto e eu não sabia o que fazer nos primeiros dias. Logo no início foi uma verdadeira montanha russa.
— E seus pais, não estavam presentes?
— Minha mãe me ajudou nas primeiras semanas, aprendi o básico. O meu pai nem quis ver a neta. Como ele mesmo dizia, "essa criança é fruto da desonra". Ridículo. Passei noites acordada, com medo de ser uma péssima mãe. Eu tinha ao meu lado um ser tão indefeso sob os cuidados de uma recém mãe adulta e solteira.
— Tenho certeza que você deu e dá o seu melhor por aquela menina linda.
— Com muita luta. A primeira palavra dela foi mamãe, e depois vieram os passinhos tortos, um dente e muita alegria. Eu lutei por ela, eu resisti por ela, e como toda história clichê Melissa também queria saber do pai, essa sim foi uma das partes mais desafiadoras, depois do parto é claro.
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Boa leitura.
Beijos, Jaqueline Carvalho.A cada capítulo eu fico mais apaixonada pela Mariana.
Que história hein?!Gente, somos quase 5k de seguidores aqui no wattpad. Tenho metas para esse ano, então, segue meu perfil pra ficar por dentro de tudo. Por favorzinho. ❤️
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UM AMOR PARA ETERNIDADE
RomanceUm passado. Um medo. Uma vida. Mariana Assunção viveu essas palavras com tanta intensidade, que só ela sabe a dor que carrega no peito. O medo do próximo erro é inevitável quando se tem um coração ferido pela pessoa amada. Entregue-se. Liberte-se. A...