CAPÍTULO 4

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                   DOMINIC FALCÃO

Já não bastava ter o dia lotado de trabalho dentro daquele escritório infernal, ainda tinha que procurar os pais dessa menina tagarela que adormeceu em meus braços.

Claro que eu não a deixaria sozinha aqui porque não sou tão monstro assim, mas tinha que ser justo hoje, que quase arranquei os cabelos de tanta raiva? Foda!

Antes de adormecer até soltei algumas boas gargalhadas com essa danadinha, o que é muito raro. Nunca vi uma criança falar tanto como essa garotinha. Só calou-se depois de tomar um sorvete duplo de chocolate e dormir em meu colo. Caso contrário eu ainda estava escutando sua voz doce feito mel.

Ela estava perdida na praia desde cedo e eu mais ainda por não saber nada ao seu respeito, além de que gosta muito de chocolate e de conversar.

Seu corpinho magro estava trêmulo, certamente era o frio da noite. Tirei o meu terno e a cobri, protegendo-a de uma futura gripe ou algo do tipo.

No momento em que a coloquei deitada em meus braços senti uma estranha vontade de beijar a sua testa, e afagar os seus cabelos ondulados que por coincidência era semelhante ao meu quando mais jovem.

Ela é uma garotinha muito linda, e deve estar causando inúmeras preocupações pelo tempo de desaparecimento.

[...]

Já fazia horas que eu estava buscando por seus pais. O pensamento de puxar a orelhas ainda permanece na minha cabeça. Onde já se viu, deixar uma criança sozinha num lugar tão imenso como este.

São loucos! E merecem bons esporros.

Por alguns banhistas soube que havia uma mulher a sua procura. Certamente, a mãe. Uma irresponsável, sem juízo!

Caminhei com mais pressa enquanto a menina faladeira estava bem caladinha em seu sono. O seu rostinho era meigo, como um anjo. E seus olhos são como safiras.

Até tentei adivinhar mentalmente o seu nome, mas as únicas opções que encaixariam com suas características eram, Sofia, Clara ou Vitória. Se acertei não sei, mas esses nomes combinam com ela.

Entre a escuridão aquele corpo cheio de curvas chamou-me a atenção. O coração acelerava por alguma razão desconhecida, minhas pernas travaram naquele lugar e o ar sumiu, dando lugar a uma dor no peito.

— Melissa? – ela gritou, correndo até mim.

— Eu a encontrei, quer dizer, ela me encontrou. – afaguei seus cabelos com uma delicadeza que eu nem sabia que tinha.

— Meu Deus, eu tive tanto medo de perder você meu amor. – ela caiu sobre os joelhos na minha frente, chorando em desespero.

Abaixei-me com cuidado para não acordar a menina, que agora eu sei o nome, Melissa. O desespero dela era tão evidente que me senti mal em pensar que ela era uma sem juízo.

— Não se preocupe, sua filha está bem. Eu tentei cuidar dela o máximo que pude. – tentei consolar.

Seu rosto foi surgindo com a luz da lua e a minha memória trabalhou buscando fatos do passado. Esses olhos já me fizeram sorrir.

— Obrigada! – disse, enxugando as lágrimas, tentando não olhar na minha cara.

— Mariana? Mari... É você!? – falei com firmeza.

— Mamãe! – falou a menina que acabou de acordar.

— Oi minha vida, vê cá. – a menina saiu do meu colo levando o meu terno junto.

Por mais que eu queira gritar, fiquei em silêncio respeitando aquele momento de calmaria.

Acho que estou vinvendo um daqueles momentos de novela mexicana, onde tudo é flores e eu sou o espinho que só está ali pra atrapalhar a cena.

UM AMOR PARA ETERNIDADEOnde histórias criam vida. Descubra agora