MARIANA ASSUNÇÃO
O almoço estava uma delícia. Minha mãe sempre teve uma ótima mão para temperos, seja ele qual for. Tudo ocorreu na mais perfeita paz, quase não acreditei, mas dizem que milagres acontecem. Talvez fosse isso. Um milagre.
Melissa não parava de falar sobre as aulas de dança. Nem parece que essa baixinha tem cinco anos, ela é sim uma tagarelinha. Muito fofa, mas é.
Tirei os pratos da mesa enquanto todos estavam na sala jogando conversa fora. Lavei toda a louça e sequei em seguida.
Fiquei observando meu pai brincar com a neta. Desde sua chegada mais cedo as únicas palavras que trocamos foi "boa tarde". Não conseguia sequer olhar na minha cara. Preferi não provocar também.
— Mãe, vem brincar com a gente. – Mel grita da sala.
— Já estou indo querida. – sorriso na cara e vamos lá.
Sentei-me no tapete junto a eles que brincavam com um maldito quebra cabeças. Esse joguinho é de tirar a paciência, nem sei como a Mel consegue.
Separamos as peças conforme a numeração e começamos a montar. Minha mãe trocava olhares com o marido que retribuía da mesma forma. Já estava ficando incomodada.
— Mãe, vamos brincar na praia?
— Tudo bem. Na mala tem roupa de banho, vamos lá vestir.
Levantei-me do tapete e segui para o meu antigo quarto. Tudo ainda permanecia igual, até os lençois na cor lilás com preto.
Coloquei um maiô azul na minha filha e prendi seu cabelo em um rabo de cavalo.
— Prontinho, agora passa o protetor enquanto eu me troco.
Procurei o meu biquíni na cor preto e o vesti. A parte de cima é toda trabalhada no crochê, a de baixo é toda lisa. Terminei de passar o protetor na Mel e fiz o mesmo.
— Vamos mamãe. – pula empolgada. Eufórica.
— Calma criatura, de quantos meses você nasceu? – pergunto a mim mesma.
— Não sei. Foi de dez?
— Nove.
[...]
Coloquei a bolsa na mesinha e sentei na cadeira. O dia estava lindo e a praia não tinha tanto movimento de pessoas.
Melissa brincava ao meu lado, ela enterrava as conchinhas e ficava procurando logo em seguida.
O mar com toda sua glória e magnitude dava o seu show em ondas calmas e claras. O vento fazia meu corpo ficar mais leve, Fechei os olhos por longos segundos me permitindo vagar pelos vestígios do passado. Passado que um dia foi lindo.
Tão lindo e másculo. Seus cabelos brilhavam com a luz do sol naquele dia. Aparência de anjo e mãos de demônio. Aquelas mãos eram a minha perdição, com um simples toque em minha pele e eu já estava derretida em seus braços.
Olhos profundos, com um azul infinito. As vezes sombrio, mas sempre exalando desejo. Como eu amava sentir aquelas sensações proibidas proporcionada por ele.
Era um misto de amor e loucura.
Respirei fundo sentindo uma certa saudade me atingir. A saudade é tanta que por longos segundos eu senti o cheiro amadeirado da fragrância que ele usava. Nunca esqueci a sua essência.
O cheiro estava tão forte que podia jurar que Dominic estava ao meu lado.
— Mãe. – assustei-me com o chamado de Melissa. Voltei a realidade.
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UM AMOR PARA ETERNIDADE
RomanceUm passado. Um medo. Uma vida. Mariana Assunção viveu essas palavras com tanta intensidade, que só ela sabe a dor que carrega no peito. O medo do próximo erro é inevitável quando se tem um coração ferido pela pessoa amada. Entregue-se. Liberte-se. A...