Musica: Coldplay Paradisse
De novo não...
As duas ficaram ali, imóveis, encarando aquela gente que murmurava ajuda. A cena trazia de volta a amargura do passado de Selena, a escravidão. Era o que aparentemente aquelas pessoas encontravam-se submetidas, pois estavam presas em diversas celas, fracas, nuas e sujas. Além de tudo, haviam micro-mangueiras conectadas em seus corpos; nos braços, costas, pernas, especificamente nas veias. Acima havia uma espécie de reservatório, que emitia um barulho baixo e constante. Era possível ver o líquido vermelho no recipiente, pois era transparente. Dele saiam tubos que subiam para o teto, trasportando o sangue para algum lugar.
— Meu Deus Lena, eles...
— Estão sendo feitos de comida por eles!
Um misto de raiva e indignação tomou conta de si assim como a surpresa e perplexidade tomaram conta de Letícia. Estar tão conectada ao passado tornava a retirada do dispositivo algo indiferente, afinal bastara tal imagem para recuperar a mágoa uma vez sentida.
— Fomos enganadas Leticia. — Concluiu começando a caminhar. Observou com pesar aquelas pessoas que se arrastavam até a grade, como animais fracos e famintos.
Leticia seguiu Selena horrorizada, não acreditava no que via. As duas pararam de caminhar quando viram um homem alto, forte e musculoso, que ao contrário dos outros, permanecia em pé, suportando.
Leticia se aproximou da cela, o homem encontrava-se de cabeça baixa, escorado na parede.
— Quem é você? — Perguntou fazendo-o erguer o olhar. A surpresa tomou conta de seu rosto ao vê-las ali. Humanas do outro lado da cela, algo muito incomum. — A quanto tempo está nessa cela?
— O que as putas dos vampiros estão fazendo aqui?
Aquela pegunta as pegou tão de surpresa que não conseguiram reagir de imediato. Todos os presos dali sabiam que não eram os únicos fornecedores de sangue, haviam os doadores, que eram tratados mil vezes melhor.
Tal situação gerava revolta neles, e por mais que não tivessem ali atoa, pensavam que aquilo era uma injustiça. Um tanto irônico e hipócrita.
No entanto nunca imaginaria que elas eram algo muito mais importante do que doadoras, e talvez nem se soubesse, mudaria a postura.
— VOCÊ NOS CHAMOU DE QUÊ!? — Vociferou Selena.
A expressão de ódio do humano mudou-se instantes depois. Seu olhar desviou, e o medo tomou conta de seu rosto. Aguardando sua resposta, as duas não perceberam que ele olhava para alguém atrás delas.
— Por que estão falando com esse marginal? — Tomaram um susto ao ouvirem a pergunta de Dominic. O vampiro aproximou-se da cela, fazendo o homem se afastar apavorado. As humanas o olharam confusas, mas antes que dissessem algo ele continuou: — Cadê sua ousadia, humano imundo? Fale comigo como falou com elas, eu quero ouvir.
Era tão estranho quanto impressionante presenciar as atitudes de um vampiro adolescente. Era a suposta ingenuidade brigando com a frieza vampiresca perante quem julgava inferior. Mesmo sendo tão jovem, era tão ameaçador quanto os outros, e por isso os humanos o temiam demasiadamente.
— Perdoe-me, senhor, não sabia que...
— Que pena, você mexeu comigo num dia em que meu humor não está dos melhores... espero que o gosto de seu sangue esteja bom quando eu voltar aqui. Enquanto isso, sugiro que se despeça de seus colegas.
— NÃO POR FAVOR! EU LHE IMPLORO! — Gritou desesperado correndo até a grade, Dominic sorriu sadicamente e depois se virou para as humanas, ignorando o homem implorando perdão atrás de si.
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Anjos do Anoitecer
VampireEm um mundo cuja a existência de vampiros é tolamente tida como lenda, dois jovens descobrem logo cedo de que não se deve enxergar esses seres como mitos. Um programa criado pelos vampiros, consistia em levar crianças órfãs para serem doadoras de sa...