Musica: Paramore The Only Exception
Abri os olhos, e vi acima de mim galhos e folhas. Era uma macieira, estava carregada com a fruta. Confusa eu me ergui, mas não levantei, apenas fiquei sentada. Meus olhos então contemplaram a coisa mais linda que eu já vi: era uma grande cerra, verde e bonita. Ao fundo, do lado esquerdo de minha visão, havia uma bela floresta, ao lado direito um lago de água azul como o céu. O sol estava quase beijando-a, e sua claridade refletia na água.
Me levantei, meia perdida com a situação. Eu não sabia como eu estava ali. Parece um sonho, mas é tudo tão real.
— Será que se eu comer isso, vai ter o mesmo gosto? — Ouvi atrás de mim uma voz que eu reconheci bem, era o Drake. Me virei sorrindo, mas quando eu o vi, tomei um susto que me fez dar dois passos pra trás.
— Drake? Como assim? — Perguntei. Ele agora estava como... um humano, voltou a ser magro, não estava mais pálido e seus olhos voltaram a ser castanhos. Ele vestia uma bermuda azul de algodão, e uma camiseta branca, calçava um chinelo havaianas; a clássica azul e branca. Segurava em sua mão uma grande maçã.
— Hum, vou saber agora. — Continuou levando-a boca. Porém quando mordeu e mastigou, fez uma careta de nojo, cuspindo o resto. Aparentemente o gosto estava bem ruim, e eu ri, obviamente. Mantendo a expressão, pôs a maçã no chão descartando-a. — Eca! O gosto continua o mesmo. — Reclamou pondo a língua pra fora.
— Isso é um sonho? — Perguntei me aproximando.
— Bom... sim... um sonho feito através da nossa ligação. — Respondeu. — Eu criei isso aqui, tentei fazer o mais realista possível. Mas não pude mudar meu paladar, continua alterado pro vampirismo. — Explicou. — Eu estou com as minhas presas? — Perguntou comprimindo as sobrancelhas.
— E... não... — Respondi. Ele deu de ombros.
— Hum... também continuo a sentir seu cheiro. — Ele disse. — Delicioso como sempre. — Falou. Eu comecei a rir, a rir tanto que gargalhei. Ele me olhou perdido, mas sorrindo de maneira boba.
— E muito engraçado ver você falando como um vampiro, mas com essa aparência. — Falei me contendo. Pela cara dele, ele ficou meio constrangido. — Por que você fez isso? — Perguntei. Ele levou as mão para trás e abaixou a cabeça momentaneamente, até levantar o rosto e me olhar sem jeito.
—E que... sei lá, acho que você gostaria mais se me vesse como humano. — Respondeu. Quase surtei, ele humano fica tão fofo, sabe aquela vontade de amassar a pessoa até sair um caldo? Então, e essa minha vontade agora, apertar ele muito. Mas mesmo assim, não acho que isso é necessário, não é mesmo necessário.
— Convivendo com você, percebi que como vampiro você é muito mais você do que como um humano. Eu te amo e por isso eu te aceito assim. Não quero que você seja o que não é por mim — Falei. Ele não escondeu a cara de surpresa, e um largo sorriso surgiu em seu rosto.
Bom eu não estava mentindo, realmente, ele de fato cai muito bem como vampiro. Não sinto tão mal em admitir, e acho que minha visão e percepção das coisas vem mudando muito. Eu hoje não o vejo mais como um predador que devo sentir medo, vejo como alguém que fez tudo para que eu estivesse ao seu lado.
No entanto ainda é estranho saber que ele deseja meu sangue toda vez que desperta, ou quando não se alimenta de sangue fresco. Há também o fato de que a qualquer momento pode surtar de raiva e me ferir sem querer, apesar que nesse ponto eu não temo muito, ele sabe controlar as emoções. Porém, acho que talvez esses receios se percam com o tempo.
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Anjos do Anoitecer
VampireEm um mundo cuja a existência de vampiros é tolamente tida como lenda, dois jovens descobrem logo cedo de que não se deve enxergar esses seres como mitos. Um programa criado pelos vampiros, consistia em levar crianças órfãs para serem doadoras de sa...