Anjos do Anoitecer

Capítulo 29

Musica: Dj Snake  Middle  ft Bipolar Sunshine

Leticia esperou anoitecer, teria que fazer isso o mais rápido possível, já que mais tropas chegariam no outro dia.

Saiu cuidadosamente de seu dormitório, passando pelos corredores em passos rápidos e cautelosos. Aflita a garota se dirigia a cozinha, pois lá, havia uma porta que dava para os fundos.

Aproveitou a ocasião e pegou uma faca em uma das gavetas do armário, em seguida saiu, sentindo o vento frio em seu rosto. Observou frente a escola os caçadores na vigília, e ali suspirou, a estrada já não era mais uma opção.

A lua cheia estava gloriosa no céu e clareava com louvor a escuridão da noite. Mesmo assim temia, pois teria que se embrenhar na mata, a noite.

Deixou a porta da cozinha escorada e pediu a Deus que ninguém a trancasse, ou teria que voltar pela entrada e dar satisfações aos caçadores.

No entanto não sabia nem se voltaria, pois corria grande risco morrer nessa empreitada.

Encolheu-se esfregando os braços, tentando conter o frio, ligou a lanterna do celular e direcionou a luz para a escuridão daquela vegetação. Sorriu aliviada pois no solo não havia muito mato, nem moitas ou algo do tipo. Não era densa o suficiente para dificultar a entrada, mas continuava perigosa.

Aproximou com cuidado e clareou com a mesma cautela o caminho que seguiria. Felizmente não encontrou nenhum bicho ou animal estranho, mas isso não tirou seu medo.

No entanto pela amiga ela teria o que fazer, e ciente disso tomou coragem e entrou, caminhando cuidadosamente pelo lugar hostil.

Estava de tênis e calça jeans, o que lhe deu certa segurança para seguir sem temer ferir as pernas ou os pés.

Caminhou alguns metros, até que percebeu que já era o suficiente para que caso um vampiro viesse, não seria visto pelos caçadores. Ali escorou-se em uma das árvores e suspirou bem fundo.

Afastou-se do tronco e com a faca que havia pego na cozinha, fez um leve corte no dedo. Uma gota de sangue pingou ao chão e ali aguardou os minutos que pareceram horas.

De repente, um intenso calafrio correu por cada parte de seu corpo, junto ao arrepio. A garota com medo fechou os olhos engoliu em seco, pois sabia que ele estava ali.

Relutou os abrir novamente, mas o fez, e o que imaginava era verdade, Heigi estava lá encarando-a, sério.

Ela deu passos para trás, afastando até um limite, imposto pela árvore atrás de si. Heigi inclinou a cabeça para o lado, observando-a de maneira ameaçadora. Esse mesmo olhar involuntariamente desceu para seu dedo, o sangue que escorria o atiçou ainda mais. Isso ficou bem perceptível, seus olhos começaram a brilhar com mais intensidade.

Outros pontos brilhantes começaram a aparecer envoltos de silhuetas humanas indistinguíveis. No entanto, Letícia sabia que eram outros vampiros. Ele não viria sozinho, obviamente.

As palavras haviam sumido de sua boca, como se algo prendesse sua língua. O medo lhe tirou a fala. Sozinha, a noite, diante de um nobre e cercada de dezenas de outros vampiros, estava morta antes mesmo de dar o último suspiro.

O arrepio agora concentrou-se apenas em seu pescoço, de forma tão incômoda que a fez abaixar a cabeça levando sua mão ao local. Seu susto, junto ao pânico, veio quando ergueu o rosto novamente, pois o vampiro, antes a metros de distância, agora estava cara a cara com ela, com os lábios a centímetros do seus.

Heigi inspirou profundamente, deixando o cheiro dela o fascinar. Levou seu nariz a sua jugular, cheirando-a tão intensamente, que ela sentiu o ar próximo a sua pele ser puxado pelas narinas dele.