Capítulo 45

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Musica: Airplanes - B.O.B ft. Hayley Williams


- O que faz aqui, lobo? - A pergunta, de uma voz feminina, o fez olhar para os lados procurando a dona. Era rouca e um pouco falhada, por isso dava impressão de que quem falava era uma senhora já era bem velha.

A casa abandonada era misteriosa e assustadora. Os mofos nas paredes e as teias de aranhas delatavam que o local não era cuidado fazia tempo. Os móveis, em sua maioria de madeira, estavam gastos e alguns consumidos por cupins. Havia velas apagadas por todo lado, parcialmente derretidas. As janelas tapadas com tábuas, avisavam claramente que a casa não deveria ser adentrada.

Localizada em uma zona impopular em Sarzedo, a mesma estava ali, ao esquecimento. A quantidade de mato e sujeira no quintal afastava possíveis compradores. Ela o local perfeito para uma bruxa negra se esconder.

Por isso Rodrigo estava ali.

- Preciso de um feitiço.

Repentinamente todas as velas se acenderam simultaneamente, revelando a velha sentada em uma poltrona. Rodrigo a olhou com repulsa, e um tanto receoso. A senhora segurava um cajado feito de galhos retorcidos, a única beleza no objeto era um cristal roxo em sua ponta.

Usava trapos velhos e de tons escuros, estavam rasgados e sujos de poeira. Seus cabelos curtos, brancos e bagunçados tornavam sua aparência ainda mais velha e malcuidada. A verruga na ponta do nariz a deixava ainda mais asquerosa.

- Que tipo de feitiço? - Indagou.

- Um feitiço de amor, de preferência.

A bruxa levantou-se com dificuldade, por causa de sua corcunda. Fitou o rapaz com um sorriso de lado, percebeu sua repugnância a sua aparência.

- Só um minuto, meu caro. - Falou caminhando até o centro da sala. - Invoctus belectus - Pronunciou. Para a surpresa de Rodrigo, ela ergueu seu cajado e começou a girá-lo como se fosse uma pessoa jovem, e por isso deu passos para trás.

Uma forte ventania iniciou-se no local, fazendo o lobo agachar-se. As paredes começam a descascar, o piso começou a virar poeira, intensificando aquela tormenta. Contudo as velas permaneceram acesas incrivelmente acesas, e o fogo imóvel.

A bruxa corrigiu sua postura ignorando sua corcunda, e alongou o pescoço por fim. Sua pele velha e maltratada começou a rejuvenescer, seus cabelos cresceram, negros e belos.

O fogo das velas pareceu tomar vida, as chamas cresceram e guiaram-se em direção ao cajado, criando um show de efeitos especiais sem especialidade alguma. O bastão incendiou-se e os trapos da bruxa também começaram a sair fogo.

Das faíscas começou a surgir um belo vestido preto, elegante e sensual, ainda dotava de um estiloso caimento para o lado, deixando à mostra uma das belas coxas que a mulher, agora bela e jovem tinha. O decote em seus seios era contornados por grandes penas negras, que traçavam a costura até formarem uma grande gola, que ia à altura da orelha. Antes descalça, agora calçava uma bota preta, cujo o cano chegava ao joelho. Aquela velha de antes, simplesmente mudou completamente.

A mulher então abaixou o que agora era um cetro, com o mesmo cristal na ponta, porém lapidado. A casa antes feia e abandonada, agora estava bela e luxuosa. O chão agora era de cerâmica escura, com rajadas em branco. As paredes de madeira negra e bem envernizada. Os móveis tornaram-se modernos e sem nenhum vestígio de poeira. Para completar, um grande lustre iluminava o local.

Rodrigo se levantou, espantando-se ao ver a bela mulher a sua frente, e linda casa que agora estava.

- Uau!

Anjos do AnoitecerOnde histórias criam vida. Descubra agora