Capítulo 25

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Oi gentee... demorei um pouquinho né? Masssssss, acho que vão gostar desse capítulo, deixem um comentário e não esqueçam da estrelinha! 😘



Olsen

Vivo. Olsen pensou. Ao contrário de tudo que acreditava, ou conhecia, ele não tinha morrido naquela noite em Rainelle. Tudo que se lembrava era da vila ser consumida pelo fogo. Dos corpos de seus pais sem vida quando correu para casa ao ouvir o som do exército chegar. Mas já era tarde demais, a casa dele e a de Lydia foram as primeiras que queimaram.

O exército atacava covardemente, chegavam sem provocar alarde, sem dar tempo para os aldeões destreinados conseguirem organizar um mínimo de defesa.

Ele ainda podia ouvir os gritos vindos da casa em chamas de Lydia. Olsen tinha pensado que era ela quem gritava, morrendo queimada presa pelos soldados do rei. Ele correu e lutou incansavelmente, mas o jovem aprendiz de ferreiro não era soldado, e não demorou para ser vencido. Olsen se lembrava de se sentir aliviado ao ver Lydia escondida, e salva, antes de ter sua própria barriga perfurada por uma espada. Ele se lembrava de ouvir o grito agoniado de Lydia quando ela o segurava no colo, enquanto ele sentia a vida escapar-lhe por entre os dedos. Se lembrava de suas mãos percorrendo o ferimento, e então, mais nada.

Depois de acordar na manhã seguinte em meio aos escombros, Olsen sentia seu corpo cada vez mais forte, assim como sua velocidade e habilidades. Ele procurou incansavelmente por Lydia, dias e noites, sem comer, sem dormir, mas, até que mesmo com sua nova força, seu corpo não aguentou, e ele desmaiou. Quando acordou, era prisioneiro de grupo de Galneses que acabaram por vendê-lo como escravo para a mina de Aurealia.

Ele não sabia explicar exatamente o porquê de ter sobrevivido ao ferimento tão profundo sem praticamente nenhum arranhão, a não ser uma cicatriz feia em seu abdômen. Mas sabia, de alguma forma, que tinha a ver com Lydia.

Depois do que acontecera, Olsen tinha sentido uma ligação ainda intensa com ela. Ele sabia exatamente quando Lydia estava com medo, dor, ou qualquer tipo de emoção forte, podia até mesmo ouvir alguns fragmentos do que ela pensava. Nos últimos meses além de ter que suportar os próprios sentimentos, às vezes era inundado pela dor de Lydia. Ela estava sofrendo por Rainelle, assim como ele.

— Vamos! Andem! — Olsen ouviu os guardas recomeçarem a gritaria diária.

Eles faziam a mesma coisa todos os dias. Andavam de câmara em câmara no fundo da mina para fazer os escravos cansados trabalharem ainda mais. Aqui era uma das prisões do rei. Feita para seus prisioneiros de guerra, aqueles que ele achava que a morte seria uma punição muito leve. No entanto, a maioria dos que estavam presos ali tinham uma história parecida com a de Olsen. Eram sobreviventes. Havia também aqueles que estavam ali por liderarem pequenos motins contra o rei, estes, tinham tratamento especial.

Um alvoroço fez com que Olsen parasse de bater sua picareta contra a rocha dura para observar a entrada da caverna onde estava. Cenas como aquela eram comuns pelo menos uma vez a cada meia dúzia de dias. Escravos novos trazidos de mais alguma vila sem sorte, para alimentar a mina de ouro real.

Eram pelo menos vinte deles, pelas roupas finas que usavam deviam ser de algum lugar onde o frio não era constante como o extremo norte de Elthe, mas ainda sim pareciam ser do Norte. Olsen os observou por mais alguns instantes, enquanto os soldados entediados faziam o conhecido trote nos escravos recém chegados. Primeiro, eles deviam ficar de joelhos, cortavam-lhe os cabelos, e lhes tomavam qualquer objeto que não fosse suas roupas do corpo. Depois de algumas provocações e punições descabidas finalmente, despejavam baldes de água gelada, e deixavam-os molhados, para enfrentar a noite no alojamento sem qualquer tipo de aquecimento.

– Olha só o que temos aqui. – Olsen ouviu um soldado falar, olhando de forma lasciva para uma jovem que estava alinhada junto dos novos escravos. – Uma beleza, realmente. -Sabe, com toda essa beleza pode muito bem servir para aquecer a cama do comandante. Vai comer melhor do que esses porcos aqui.

Olsen cerrou o punho e rangeu os dentes irritado. Ele não podia ver a jovem com clareza, a mina era escura, iluminada apenas por poucas tochas, e os novos escravos estavam a uma distancia considerável. O soldado encarava a jovem enquanto falava coisas a ela que Olsen não podia ouvir. Antes que ele mesmo percebesse, estava em pé.

– Não estou interessada. – Olsen ouviu ela dizer.

– Sabe, se não quiser, não me importo. O capitão não gosta de tomar mulheres a força. – O soldado continuou. – Mas é uma escrava no fim das contas. Se escolher ficar aqui, eu não me importarei de tomá-la a força, na verdade, isso torna as coisas um pouco mais interessantes.

O soldado puxou os cabelos da jovem levantando a cabeça dela em sua direção. Uma onda de raiva tomou o corpo de Olsen, ele sabia que parte dessa raiva não era dele, e sim de Lydia. A imagem de uma flecha cortando o ar, e o som que ela fez ao cortar a carne de alguém, brotou em sua mente, como um sonho lúcido, fazendo seus pés avançarem em direção a um soldado caido no chão de uma floresta, um homem que merecia morrer, a visão de Olsen se misturava com a sua realidade.

Antes que pudesse perceber, ele já tinha arrancado o soldado para longe da jovem, jogando-o com força contra a parede de pedra. Ele ainda não tinha se acostumado com a força sobrenatural que tinha conseguido. Vários soldados agora investiam impiedosamente contra ele, que desviava desajeitado, arremessando um por um para longe.

Mesmo mais forte, Olsen ainda tinha a desnutrição fazendo seu corpo se cansar mais rapidamente, não demorando a ser imobilizado pela dezena de soldados que chegavam na caverna.

– O que está acontecendo aqui? – Olsen ouviu a voz do comandante perguntar. – Amarrem-no, a punição dele será duzentas chicotadas, se ele aguentar até lá. Todos aqui devem saber que a punição por rebeldia é morrer lentamente.

A Canção do Antigo (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora