Capítulo 49

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Ruriel

Ruriel ainda estava confuso quando seu cavalo saiu cavalgando para longe do acampamento. Ele tinha se sentido poderoso enquanto lutava, e sua força aumentava a medida que o perigo a vida de Lydia crescia, assim como a necessidade que tinha de acabar com o que quer que tivesse a colocando em risco. Então era aquilo que significava ser um cavaleiro? Será quer era tudo? Ou havia algo mais que Leoric ainda não tinha lhe contado?

Lydia cavalgava ao seu lado, mas seus olhos pareciam perdidos e sem foco. Ele se lembrou do que a tinha visto acabar de fazer. Ela estava ficando mais forte a cada desafio que encontravam, parecia que ficava mais distante, e infeliz. 

Depois de mais ou menos meia hora finalmente avistaram as ruínas da vila de pedra. Dugh. Ruriel já tinha escutado a história daquelas ruínas, alguns se referiam como um dos massacres mais cruéis orquestrados pelo rei. O último que Leoric foi visto como general do Tirano. Diziam que um fogo gigante consumiu os habitantes da vila que tiveram a ousadia de abrigar alguns rebeldes. Dugh era a vila irmã de Rugh, enquanto a última era feita de madeira, e ficava no meio de um lago, as casas de Dugh eram de pedra, ela ficava em um lugar quase deserto, um árido gelado, onde não chegava nenhum rio.

— Lá estão eles. — Leoric falou.

Ruriel olhou para frente em direção à Rugh, e viu sobre quem o mestre falava. Os escravos fugitivos estavam esperando onde eles lhes disseram para esperar.

— Alisto! — Ruriel escutou Lydia gritar, antes de desmontar e correr em direção ao único prisioneiro que aguardava no chão, desmontado do cavalo.

Assim que ela chegou perto dele ela o puxou para um abraço apertado. O cavalo de Ruriel se aproximou trotando, enquanto ele observava o prisioneiro tremer e tentar se esquivar do aperto de Lydia.

— Lydia, é você? Eu... eu...

— Não temos tempo, vamos. — Leoric mandou. — Mesmo com aquela confusão não devem demorar para virem atrás de nós. Vão ter tempo para conversar quando chegarmos em Agalesia.

  — Lort. —  Ruriel viu Lydia cumprimentar outro prisioneiro antes de montar novamente em seu cavalo.

— É bom vê-la, Lydia. — Ele respondeu.

Assim que todos voltaram novamente, Leoric tomou a frente do grupo, sendo seguido de perto por Lydia e Ruriel, enquanto atiçava os cavalos para continuarem montanha acima.

— Tentem manter o ritmo controlado, ou os cavalos não aguentarão a viagem toda. 


Depois de um dia inteiro cavalgando, finalmente Leoric parou. Ruriel suspirou aliviado, já estava há um tempo sem água em seu cantil. Já era tarde da noite novamente, e o tempo esfriava pela altitude mesmo estando em plena primavera. Todos desciam de seus cavalos quietos.

  —  Não devemos acender fogueiras, vão denunciar onde estamos, Lydia e Ruriel levem os cavalos até o rio para que possam beber água. E encham os cantis. — Leoric falou, mexendo na bolsa que levava durante a viagem. — Tenho algumas rações aqui. Devem ser o suficiente para todos nós, por hoje.

Ruriel observou os prisioneiros que resgataram sentarem em um canto em silêncio. Lydia os acompanhou com um olhar, ele sabia, de alguma forma, exatamente o que ela estava sentindo ao encará-los, estava aliviada, mas desapontada por algum motivo.

— Vamos, Lydia. — Ruriel chamou com uma voz baixa.

Eram seis cavalos, Lydia tomou os cabrestos das duas éguas pretas e robustas em uma das mãos, enquanto puxava o cabresto do garanhão marrom de Leoric em outra. Ruriel cuidou de puxar os outros três. Eram cavalos dóceis, então os seguiram sem maiores problemas.

A Canção do Antigo (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora